O gerente distrital da Copasa em São Sebastião do Paraíso, engenheiro Flávio Bócoli, esclareceu algumas cobranças que foram feitas na Câmara Municipal e por meio das redes sociais por parte dos munícipes envolvendo a coleta e tratamento do esgoto em Paraíso. Entre os esclarecimentos está o motivo do atraso na conclusão da elevatória do córrego Rangel e as travessias na BR-265 para o transporte de parte do esgoto à Estação de Tratamento do rio Liso. Os atrasos na conclusão das obras e cobrança parcial da coleta de esgoto motivou ação civil pública por parte do vereador Marcelo de Morais e audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Flávio explica que em 2011 foi assinado contrato com a prefeitura e iniciados os serviços que, a época, cabiam ao município, entre eles a manutenção, coleta de esgoto que são lançados das casas na rede e transporte desse esgoto. “Isso tudo tem um custo, é o que chamamos de operação do sistema para mantê-lo funcionando na cidade, que são as ligações, entupimentos, refluxos de esgotos para dentro das residências e isso tudo tem um preço. A Copasa é uma prestadora de serviço, isso não tem como ser gratuito porque pessoas foram contratadas, adquirimos veículos, equipamentos e tudo gera custo para empresa”, destaca.
Paralelo a isto, à época foi feito o projeto para a construção das Estações de Tratamento (ETEs) em Paraíso, obra que segundo conta o gerente distrital foi financiado com recursos da Caixa Econômica Federal e que já estão em pleno funcionamento; ao todo a obra ficou em torno de R$ 45 milhões. “Hoje tratamos em torno de 52% do esgoto coletado na cidade. Enquanto isso, foi elaborado outro projeto que é a transposição do esgoto que cai no Córrego Rangel e pega uma boa parte da cidade para lançar na ETE Liso. Nesse período foi licitada a obra, há cerca de dois anos, que teve uma empresa ganhadora e que começou a executar o projeto no ano passado”, comenta.
Parte do atraso na finalização dessa obra foi a questão envolvendo a desapropriação das áreas para a instalação dos interceptores de rede de tratamento de esgoto. Conforme explica Flávio, esses interceptores devem acompanhar o leito do rio e na maioria das vezes os proprietários não concordam com a avaliação financeira da área para que haja a desapropriação sendo necessário entrar na justiça para que isso ocorra. Outro problema enfrentando pela Copasa na finalização e coleta de 100% do esgoto no município está relacionado à construção de uma travessia na BR-265 para transposição do esgoto coletado em uma outra parte da cidade à ETE do Liso.
“O Denit nos bloqueou e não conseguimos realizar essa obra. É um processo jurídico que acontece entre a Copasa de BH e Denit. Isso não é apenas em São Sebastião do Paraíso, mas inúmeras áreas onde a Copasa pretende construir essas travessias estão com obras paradas. É um processo jurídico que está correndo e enquanto isso não for concluído o Departamento não nos autoriza a realizar a obra, que já está aprovada”, explica. Ainda sobre a elevatória, Flávio acrescenta que faltou finalizar algumas questões, mas que a empresa se afastou devido à necessidade de um aditivo no contrato e que devem retomar os serviços em breve.
“Precisa fazer a instalação elétrica, já foi feito o projeto e a empresa está dando entrada com ele junto a Cemig para que leve essa eletrificação à elevatória; a parte de tubulação está finalizada. Estamos aguardando a empresa retomar os serviços que irá complementar mais 40% de todo o esgoto da bacia que cai no Rangel e jogar na ETE do Liso”, explica. Flávio lembra que este é um problema que vem sendo bastante questionado pelos vereadores e deputados da região, mas que a Copasa não está parada e tem trabalhado para dar continuidade às obras. “Claro que esses imprevistos existem e temos que resolver de alguma forma”, destaca.
MANUTENÇÃO DA REDE
O gerente distrital também comentou as obras de manutenção na rede de esgoto. Nessas manutenções é preciso abrir as vias para que se consiga realizar o reparo na rede, seja ela de captação de esgoto ou distribuição de água. O assunto também foi motivo de debate na Câmara, que cobrou o reparo nas vias que vinham deixando buracos após serviço.
Segundo Bócoli, hoje a Copasa terceiriza o serviço para manutenção dessas redes de ligações. “Realmente, estamos tendo problemas em relação à reposição desse asfalto porque a empresa que faz a manutenção compra o material das empresas fornecedoras da região e, às vezes, quando é feito a manutenção e eles vão até a essas empresas não tem aquele material pronto naquela semana e é preciso aguardar”, explica.
Conforme o gerente, a empresa toma alguns procedimentos para minimizar os problemas com esses buracos enquanto não é feito e recomposição asfáltica como, por exemplo, colocar pó de brita. Ainda, segundo ele, existem fiscais na Copasa que acompanham os trabalhos dessa empresa terceirizada e o serviço que a empresa não realiza, que é a reposição asfáltica, não é pago até que o trabalho seja finalizado por completo. “Nós cobramos constantemente e o interesse da empresa é acabar o serviço e receber por ele”, acrescenta.
ESGOTO NO CÓRREGO
Sobre polêmica envolvendo a liberação de esgoto de coloração escura em manancial do município, o gerente comenta que houve vereador que publicou nas redes sociais que seria esgoto que a empresa “segura” e depois libera. “Isso é impossível. Todo o esgoto que corria dentro de córregos dentro do município foi retirado da cidade. O esgoto que não foi tratado e está esperando a conclusão da elevatória, está sendo lançado fora do perímetro urbano, em um determinado ponto da elevatória”, elucida Flávio.
Segundo o gerente distrital, a Copasa acredita que o “esgoto” de coloração escura seria esgoto industrial que estaria sendo despejado em determinado ponto de coleta da empresa. Ele comenta ainda que a Copasa está tentando identificar o possível local, já que isso tem acontecido com regularidade e em determinados horários do dia. “O esgoto doméstico tem a coloração acidentada e o que aparece naquele ponto é um esgoto de coloração escura, quase preta, e isso não é esgoto doméstico, é industrial. Desconfiamos que há alguém lançando em um PV da Copasa esse esgoto. Isso causa um mal-estar porque a população acha que é a Copasa que está fazendo isto, e não é”, acrescenta.
PROGRAMAS DA COPASA
O gerente distrital comenta ainda que hoje a empresa tem uma preocupação muito grande com a proteção dos mananciais do município e que diversos programas são trabalhados para que haja a preservação e proteção desses recursos hídricos. Segundo, hoje é percebido uma diminuição dos recursos em diversos mananciais do estado, mas, segundo destaca ele, não é um problema que ainda afetou Paraíso.
“Temos um manancial, que é o Ribeirão Santana, que há muitos anos, com a participação do Codema, Emater e outros órgãos da cidade, foi feito um trabalho ao entorno dessa bacia, com replantio de mata ciliar e melhorias nas estradas rurais com a construção de caixas-secas e que garantiu a água do manancial em períodos de seca. Não sofremos na cidade, como em diversas regiões próximas, com a falta d’água para abastecer a população. Mas isto por enquanto, porque se não continuarmos cuidando, em futuro próximo poderemos sofrer”.
Conforme Flávio, a Copasa também tem trabalhado em Paraíso com um programa chamado “pró-mananciais” nas bacias do Liso e Pilões, que também são bacias que a empresa capta água. Com esse programa é feito o replantio de mudas de árvores nas áreas de proteção com o cercamento dessas mesas áreas. Além disto, também tem sido trabalho o programa “Cultivando Água Boa”, inaugurado em Paraíso no último ano e que visa realizar um trabalho juntos as comunidades ribeirinhas com o objetivo de conservar esses mananciais e também saber utilizar aquela água em benefício próprio.
“São programas que acontecem e que às vezes a população não sabe que existe. A bacia dos Pilões e Liso nós estamos tendo um cuidado muito sério com elas porque estão muito tomadas de pequenas propriedades, sítios e condomínios fechados e outros que estão querendo vir, mas estamos segurando porque são mananciais que ajudam muito no abastecimento e que a qualidade da água é muito boa, mas porque estamos preservando”, destaca.
Ainda, conforme o Bócoli, a população pode ficar tranquila em relação aos serviços prestados pela empresa no município sobre tratamento de esgoto. “A água é um bem individual, mas a partir do momento que você retorna isso para o meio ambiente, esse esgoto é um bem coletivo e às vezes a população e nossos representantes não enxergam isso. As tarifas são determinadas pela agência reguladora, nem mais barato nem mais caro que em outros locais. O que pedimos para a população é que se está achando muito cara, essa tarifa é proporcional ao consumo de água, se você souber usar a água, reduzindo o consumo, não desperdiçando, essa tarifa também irá cair muito”, completa.