O aumento da idade representa o único fator de risco principal para o desenvolvimento de neoplasias. Na medicina humana e veterinária, a idade avançada se associa com um aumento na incidência de processos malignos e benignos, progredindo para taxas maiores de mortes associadas à neoplasias.
A prevalência de neoplasias na Medicina Veterinária está aumentando como resultado de uma maior longevidade dos animais de estimação. Isso se deve ao fato de que hoje em dia dispomos de melhor nutrição, imunizações (vacinações) mais eficazes e uma melhora nas medidas de medicina preventiva, o que leva os animais a terem um tempo de vida mais longo.
O envelhecimento se caracteriza por um prejuízo progressivo das funções vitais, como por exemplo, diminuição nas funções de filtragem dos rins, nas funções cárdio-respiratórias e também na capacidade de tolerância aos exercícios. O resultado disso é que o animal idoso se recupera mais lentamente e com menos eficácia nas situações de estresse físico. Portanto, a situação de um paciente idoso com um processo neoplásico é especialmente mais difícil.
Os sinais mais comuns em animais são: inchaços anormais que persistam ou continuam a crescer; feridas que não cicatrizam; perda de apetite e de peso sem causa específica; sangramento ou descarga a partir de qualquer abertura corporal; odor exagerado; dificuldade em comer ou engolir; hesitação em exercitar-se ou perda do vigor; manqueira ou rigidez de membros persistente; respiração, micção ou defecação difíceis. É bom lembrar que para ser sinal de câncer, esses quadros sofreram tentativas de tratamentos adequados para esses sintomas, sem que houvesse sucesso.
Para chegarmos ao diagnóstico correto são necessários exames complementares ao exame clínico/físico. Há necessidade de histopatologia ou citologia dos tecidos suspeitos, além de Raio X, Ultra-som, hematologia e urinálise.
A avaliação do paciente canceroso geriátrico também inclui uma investigação completa de enfermidades que estejam relacionadas com a idade, o sexo e a raça do animal acometido. Uma vez detectado alguma doença, tais como insuficiência renal, hepática (fígado) ou cárdio-respiratória, é necessário um tratamento e avaliação do prognóstico desse paciente, pois é importante para o sucesso do tratamento que o paciente esteja equilibrado física e clinicamente.
terapia depende do diagnóstico e da classificação do mesmo. Os fatores a serem considerados no estabelecimento de um protocolo de tratamento incluem a presença de outras doenças, atitudes e expectativas do proprietário e o custo do tratamento. Sempre é bom lembrar que animais idosos estão mais fracos e consequentemente há um aumento para toxicidade durante uma terapia com drogas antineoplásicas. Os tipos de tratamentos mais usados hoje em Medicina Veterinária são: cirurgia (podendo haver a necessidade de várias), radioterapia e a quimioterapia.
Os meios estatísticos mais concretos de avaliação do sucesso do tratamento são o tempo de sobrevida e a duração da remissão. Talvez a avaliação do proprietário de uma melhora na qualidade de vida deva ser a principal informação que teremos. Em uma pesquisa feita no Hospital Veterinário da Universidade de Ohio, EUA, com proprietários de animais que foram tratados contra algum tipo de câncer, 85% sentiram que seus animais tiveram uma qualidade de vida igual ou melhor que antes do início da terapia.
Como conclusão, posso dizer-lhes que uma decisão de terapia para animais com neoplasia dependerá do estado de saúde e da qualidade de vida à que o paciente esteja naquele momento, somado à vontade, expectativa, disponibilidade de tempo e dedicação do proprietário.
* ROGÉRIO CALÇADO MARTINS – médico-veterinário – CRMV/MG 5492
* Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
* Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
* Consultor Técnico do Site www.saude animal.com.br
* Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)