Sergio Magalhães, de Interlagos
O fato de o título da temporada da Fórmula 1 já estar decidido tanto no Mundial de Pilotos a favor de Lewis Hamilton, como no de Construtores a favor da Mercedes, não tira o brilho do GP do Brasil que será disputado neste final de semana no Autódromo de Interlagos, abrindo, amanhã, as primeiras atividades de pistas com as duas sessões de treinos livres.
O autódromo pela sua topografia e pelas características do traçado de 4.309 metros que agrada a maioria dos pilotos, é convidativo para uma boa corrida. Soma-se a isso as condições climáticas, sempre imprevisíveis nesta região da cidade de São Paulo, próxima à represa de Guarapiranga, ajudam a tornar a disputa ainda mais imprevisível.
Ano passado a corrida foi das mais emblemáticas dos últimos tempos na Fórmula 1. A exemplo deste ano, também era a penúltima etapa do calendário, com a diferença de que o título estava em plena disputa entre Lewis Hamilton, que venceu a prova, e Nico Rosberg, que se tornaria campeão na última prova da temporada, em Abu Dhabi.
A chuva se encarregou tanto de tumultuar a prova como de torná-la excitante. Depois de um começo insosso com duas paralisações com bandeira vermelha, e intervenções do safety car, quando engrenou de vez o que se viu foi um show de perícia, destreza e coragem dos pilotos, que contribuíram para que a prova ainda esteja na memória dos fãs da categoria e deverá ser ainda lembrada por muitos anos.
Max Verstappen viveu um dia de Ayrton Senna. O que o jovem holandês da Red Bull, então aos 19 anos – completou 20 em setembro passado – fez no molhado, com várias ultrapassagens – algumas por fora, sobre Rosberg e Vettel –, para terminar em 3º foi de encher os olhos. E teve ainda um brasileiro que deu espetáculo no molhado, Felipe Nasr, que infelizmente deixou a Fórmula 1 por uma série de fatores que contribuíram para sua derrocada no mercado de pilotos. Mas fato foi que a atuação de Nasr, 9º colocado, salvou a Sauber da última colocação no Mundial de Construtores, rendendo à equipe algo em torno de 40 milhões de euros da divisão de lucros da FOM (Formula One Management), empresa que até o ano passado era administrada por Bernie Ecclestone.
Porém emoção maior ficou por conta da então despedida anunciada de Felipe Massa, que comoveu tanto o público das arquibancadas, como da TV, equipes, e até a imprensa como algo jamais visto na história da Fórmula 1.
Massa acabou voltando atrás da decisão da aposentadoria a convite da Williams que liberou Valtteri Bottas este ano para o lugar de Nico Rosgerg, na Mercedes, e agora, diante do quadro atual da equipe que saiu em busca de um substituto, Felipe decidiu por conta própria se aposentar de vez.
Não há nada programado em especial para a nova e definitiva aposentadoria de Massa. No último sábado ele mesmo revelou em suas redes sociais que este será o seu último GP do Brasil, mas dificilmente Interlagos verá outra despedida tão emocionante como a do ano passado em que Felipe bateu na entrada da reta dos boxes, e enquanto caminhava debaixo de chuva, enrolado à bandeira do Brasil, ia sendo ovacionado pelo público e até mesmo por equipes adversárias reconhecendo sua importância para a Fórmula 1.
Por tudo isso e pelos antecedentes de corrida movimentada, o título decidido por antecipação na corrida passada, no México, que deu o tetracampeonato a Lewis Hamilton, não tira em nada o brilho e a expectativa do 45º GP do Brasil. Pelo contrário, será uma corrida histórica já que pela primeira vez a Fórmula 1 terá dois tetracampeões mundiais correndo juntos, Hamilton e Vettel, e um privilégio para o Jornal do Sudoeste que acompanha tudo da sala de imprensa do Autódromo de Interlagos.
A partir de hoje, e durante todo o final de semana o leitor terá aqui, a cobertura completa do GP do Brasil, e a coluna Pole Position na edição impressa de sábado.