O advogado e chefe de gabinete na Câmara Municipal, José Henrique Caldas de Pádua, de 28 anos. De sorriso tímido, fala tranquila e aura acolhedora, esse rapaz tem muito a ensinar a todos a sua volta. Ele é filho da servidora pública aposentada Fabiana Cacilda Caldas Pádua e do caminhoneiro José Carlos de Pádua, pessoas humildes e que lhe ensinaram os valores do trabalho e da família; ele também tem uma irmã, Mariana, de 21 anos. Zé Henrique, como é conhecido, casou-se cedo com a Renata Aparecida Santos de Pádua e desta relação nasceu a pequena Beatriz, de 7 anos. Trabalhador, determinado e família, são qualidades que descrevem bem Zé Henrique e é sobre um pouco da sua vida que ele nos conta.
Jornal do Sudoeste: Você é bem calmo, sua infância e adolescência também foi assim?
José Henrique Caldas de Pádua: Foi bem tranquila; a minha mãe vem de uma família bem humilde e é uma pessoa batalhadora que eu tenho como exemplo, inclusive meu primeiro emprego foi na Prefeitura, quando eu tinha 16 anos, no setor de Compras, onde trabalhei como estagiário. Eu tenho um carinho enorme por nossa Prefeitura porque foi lá onde eu aprendi a gostar da vida pública, onde fiz estágio durante quatro anos e aprendi muito, foi a base de tudo e o que me motivou a estudar; nessa idade eu poderia estar fazendo várias outras coisas, mas nessa idade tive esse “estralo” e disse a mim mesmo que queria ter uma vida diferente.
J.S: Você é formado em Direito?
J.H.C.P: Sim. Mas assim que formei fui trabalhar na TV Sudoeste, onde fiquei por cinco anos na parte administrativa e financeira. Agora estou na Câmara. Ainda não estou exercendo minha profissão como eu gostaria, em tempo integral, mas recebi essa proposta para ser chefe de Gabinete, acreditei no projeto do vereador Marcelo de mudança e dei, de certa forma, uma pausa na minha carreira e estou conciliando as duas coisas.
J.S: Não deve ter sido fácil até conseguir se formar e tão pouco deve ser uma carreira fácil de atuar...
J.H.C.P: Não foi, tendo em vista, por exemplo, o grande número de advogados que se formam. É uma área que se você não tiver uma diferencial, ficamos para trás e você será apenas mais um.
J.S: Como foi essa fase de escolha da faculdade e o curso em si?
J.H.C.P: A faculdade foi uma experiência maravilhosa, à época fiquei em dúvida entre dois cursos, porque eu também gostava muito de informática e quando era mais novo eu mesmo formatava meus computadores e gosto sempre de estar descobrindo coisas novas; penso sempre o seguinte: se existe alguém que faça, eu também posso aprender e é por isso que eu pesquiso muito, aprendi a formatar computador e a minha ideia era fazer algo voltado nessa área, mas como surgiu essa oportunidade de estudar Direito, foi o que fiz e me apaixonei pela profissão, enfrentei o desafio e graças a Deus eu consegui, porque a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), não é fácil e tem pessoas que tentam muitas vezes e não conseguem passar.
J.S: OAB deve ser o maior desafio...
J.H.C.P: Sim, mas apesar da dificuldade, é gratificante. São cinco anos de faculdade e depois você fica um tempo estudando especificamente para a prova da OAB. É muito dedicação e abrimos mão de muita coisa e acabamos sendo tachados de “antissociais” porque não tem como abdicar o estudo, porém damos mais valor a isso, porque tudo o que é batalhado, sofrido, valoramos mais e me sinto realizado por isso.
J.S: Em que momento você percebeu que Direito era sua vocação?
J.H.C.P: Quando eu ainda trabalhava na Prefeitura, no setor de compras e licitações; nessa fase comecei a ajudar a montar processos licitatório que, de certa forma, abrange uma área do Direito que é o Direito Administrativo. A convivência com isso me fez apaixonar pela profissão e querer me especializar. É meu sonho, quero fazer pós-graduação e me dedicar, mas por hora, estou me dedicando mais à Câmara e ao Marcelo, porque sei dos planos e quero acompanhar. Aqui estou próximo do Legislativo, é onde nascem as leis.
J.S: E o que você fez assim que se formou na Libertas?
J.H.C.P: Assim que me formei, em 2012, entrei para a TV Sudoeste e fui trabalhar em outra área totalmente diferente, que era área administrativa, foi quando eu dei uma pausa na minha vida na área do Direito. Mas vendo que eu estava acomodando, percebi que eu precisava mudar; cheguei a prestar duas vezes a prova da OAB, mas não passei, na terceira eu consegui, isso em 2016. Um conselho que eu dou aos meus amigos do Direito, que acabaram de terminar a faculdade, é que apressem a prova da OAB, porque se deixar passar, torna-se mais complicado. O direito é dinâmico, as leis mudam a todo momento e precisamos estar em constante atualização. Isso eu dou como exemplo até a minha, Beatriz.
J.S: Você foi pai muito jovem, como foi isso?
J.H.C.P: Sim. A Beatriz é meu incentivo, sempre que eu começo a desanimar eu volto firme porque ela me incentiva a isso. Eu me casei muito jovem, tinha 20 anos e foi uma relação que começou aos 16. Inicialmente, a paternidade foi um susto. Éramos muito novos, eu estava no segundo ano de faculdade, pegou-me de surpresa. À época, eu pensei em trancar a faculdade, mas foi quando minha mãe interveio e disse para eu continuar, ela disse que era uma vida que estava a caminho e isto tinha que me servir de incentivo, não de desânimo e eu continuei até o fim. Foi uma batalha, minha esposa estava grávida, até então era minha namorada, eu fazendo faculdade e às vezes ela precisando de alguma coisa, foi muito difícil e minha família foi fundamental, família é base de tudo. Se não tivermos essa união, não se consegue nada.
J.S: Sua mãe venceu uma batalha muito grande contra o câncer de mama e você acompanhou isso de perto...
J.H.C.P: Sim, presenciei de perto. Nós não cansamos de falar: Deus escreve certo por linhas tortas. A minha mãe é uma mulher que sempre procurou ajudar as pessoas, de um coração enorme e que não sabe dizer não. Essa notícia foi uma surpresa muito grande para nós, mas de certa forma serviu para unir muito a nossa família, até então havia um distanciamento. Isso mostrou mais uma vez o que é ser uma pessoa guerreira e batalhadora, e ela é um ser humano que tem um alto astral enorme e é por isso que eu tenho muito, muito orgulho dela. Minha mãe é meu exemplo e procuro sempre seguir o que ela me ensinou: respeitar ao próximo, a ajudar sempre que eu posso e se não posso também não prejudico, esse é o principio do ser humano. Eu prefiro sair “perdendo” a tirar vantagem das pessoas, pois eu sei que minha consciência estará tranquila. Este é o exemplo que busco passar para minha família.
J.S: Falando em Direito. Hoje, o que você vê como um dos maiores desafios para o País?
J.H.C.P: Estamos vendo que o mundo atravessa um transtorno enorme, na área política, pública, enfim, em todos os aspectos. Eu acredito que reformas precisam ser feitas e que o Brasil precisa passar por várias, não somente na área trabalhista ou previdenciária, mas principalmente política, porque a população não aguenta mais: é sempre tirando de quem tem menos e quem tem mais nunca é afetado; quem sempre paga a conta e quem é menos favorecido. Eu acredito que o Brasil precisa urgentemente passar por uma reforma política e uma conscientização do cidadão, que deve saber votar e usar essa prerrogativa para escolher o político correto.
J.S: Mas falta opção...
J.H.C.P: Sim. Isto nos entristece porque vemos que não há opções, com isso acabamos procurando escolher o “menos pior”. Mas o caminho é analisar a vida pregressa desse candidato, ver as propostas e escolher, realmente, o melhor entre eles.
J.S: No âmbito municipal, como você tem encarado a nossa situação?
J.H.C.P: Eu acredito que precisa, e já está em processo, de mudança. O prefeito Walker é uma pessoa que me conhece desde pequeno, é amigo da minha mãe, e acredito que seja uma pessoa boa, mas pegou a Prefeitura em situação crítica e acho que ele vai ter muito trabalho para mudar essa realidade e para isto vai precisar de uma equipe muito competente. Caso não escolha muito bem, pode ser mais difícil. Ele é um empresário bem sucedido e sobre questão de administração não tenho dúvidas que é uma pessoa competente, mas ele tem que estar atento a tudo a sua volta, senão pode pôr tudo a perder.
J.S: E quanto a Câmara Municipal?
J.H.C.P: Esse foi um dos motivos que me fizeram aceitar esse desafio de vir trabalhar aqui. Até então eu estava tranquilo na TV, tenho um carinho enorme por todos que lá estão e o prédio novo da empresa foi eu que corri atrás e fazia cotações, negociava e comprava; devo muito a eles, em nome da Maria Pia, que é minha amiga; eu não tinha pressa de sair, mas acreditei que eu poderia fazer diferença na área pública. Acredito no trabalho do Marcelo e quero ajudá-lo a mudar esse cenário político, juntamente com os novos vereadores, a maior parte deles está interessada; eles estudam o orçamento, vem nos fins de semana, todo projeto que entra estudam de cabo a rabo e votam conscientes, é uma Câmara que realmente faz o seu papel.
J.S: Dia 28 acontece audiência pública do Orçamento Participativo. É importante o envolvimento da população?
J.H.C.P: Sem dúvida, mas falta mais interesse da população em querer ajudar, a mudar a situação que vivenciamos. Eu acredito que grande parte da população está desacreditada com a política, não somente no município, mas é um fenômeno que afeta todo o país. Mas deveriam participar mais e isso é muito importante. Ela tem que entender que sua opinião é essencial, tem que buscar se inteirar sobre a situação do município, sobre a dívida da Prefeitura, o que precisa ser feito e o que deve ser mudado; acredito que essa união é essencial para resolver os problemas do dia a dia.
J.S: Do contrário o passado pode ser repetir, não é mesmo?
J.H.C.P: Justamente. E, analisando friamente, estamos caminhando para esse cenário novamente, pois já há funcionários com pagamento em atraso e a questão financeira é muito complicada. Por isso eu digo que a Prefeitura tem que ter medidas mais eficazes neste sentido de mudança, senão não resolve o problema e todo ano será a mesma coisa; o começo do ano é sempre mais tranquilo, porque temos uma arrecadação maior como IPTU, IPVA, e sei disso porque minha mãe foi por 18 anos tesoureira, sabemos quando chega o dinheiro e que nos primeiros seis meses se trabalha mais aliviado, dali para frente é que complica.
J.S: Para finalizar, qual o balanço que você faz desses 28 anos?
J.H.C.P: Estou começando a minha vida profissional e me realizando profissionalmente e, graças a Deus, estou conseguindo alcançar alguns objetivos que tracei; sou uma pessoa que busca traçar metas para minha vida e correr atrás para que elas se concretizem. Comecei a trabalhar muito jovem e acredito que o trabalho enriquece o ser humano e nos faz enxergar e encarar a vida de outra forma, isso foi essencial na minha vida. Hoje já tenho casa própria, aos 28 anos, e muitas pessoas, até mais velhas, não conseguem, mas isso tudo foi fruto de muita luta e bastante trabalho. A família é a base de tudo e se não houver uma relação saudável, não se consegue ir muito longe, sempre vai faltar alguma coisa e você não será uma pessoa completamente feliz e isso parte do carinho que você tem com todo mundo. Essa base é essencial, não é um detalhe, mas tudo em nossas vidas.