SAÚDE ANIMAL

Educando com sabedoria

Por: Rogério Calçado Martins | Categoria: Saúde | 29-11-2017 15:11 | 5890
Foto: Reprodução

"Educar" um cachorro não é fácil e, inclusive, não é uma coisa simples que possa ser feito de qualquer maneira, como se pedíssemos à uma pessoa para realizar tarefas com sucesso.
O cão é um animal com instinto social bastante complexo que, como poucos, pode formar com os humanos uma ligação bem próxima. Essa ligação é uma mistura de comportamentos inatos e de "educação moral", podendo ser estabelecida somente com pessoas que têm boas relações com ele, o cachorro. Pode-se entender que essa "educação moral" do cão nada mais é do que amenizar seus instintos "mais brutos" e demonstrar à ele que, através de determinadas atitudes positivas, a rotina dele será "menos traumática" do que lutar pela sobrevivência com outros cães em locais inóspitos (como a rua ou solto na natureza, por exemplo) e que tendo determinado comportamento (e ele precisa "entender" isso) ele terá abrigo, alimentação e carinho, muito carinho, de uma maneira bem tranqüila (para isso, basta comportar-se bem - e ele entenderá! Acredite!).
O primeiro passo no ensinamento do cão é a base afetiva equilibrada. Muitos tutores ignoram esse fator psicológico, que é fundamental. Uma educação muito permissiva enfraquece a ligação e favorece os vários problemas de comportamento que surgem no futuro, com o cão "achando que é o chefe da matilha" (da casa). Por outro lado, uma educação muito rígida, inflexível, cria uma ligação tensa entre dono e animal.
A punição infringe esse princípio básico: a necessidade do contato. Cada vez que o proprietário castiga seu animal, ensina-o à temê-lo, e em alguns casos, à detestá-lo. Quando um cão apanha a reação é muito forte, inclusive com o animal desenvolvendo uma postura bastante agressiva. Isso nada mais é do que uma reação instintiva pura à algum ato (ação e reação) e não uma "reação emocional de raiva ou mágoa", como entendem algumas pessoas. Essas são características do Ser Humano e não podem ser transferidas aos animais, que não tem "malícia" alguma em seu "pensamento", apenas instinto. Entender isso - que o cachorro não é um Ser Humano e não pensa como nós - é o fundamento básico para um convívio excelente entre ambos.
As posturas de socialização ideais são realizadas com carinho, que permitem ao dono assumir uma posição dominante, como "chefe da matilha", sendo firme e forte, porém sem agressão física ou humilhação psicológica.
Os cães não aprendem apenas por processo intelectual, mas por impressão física, e de preferência não dolorida. Um filhote deposita toda a sua confiança no seu dono, o qual considera "chefe do clã - ou matilha", e se submete à sua autoridade sem nada perder de sua própria personalidade. Outro ponto muito importante diz respeito ao estado geral do animal. Esse deve estar em totais condições de aprender. Por exemplo, se ele estiver "ocupado" em algum tipo de "jogo" com outros cães ou pessoas ou se for horário de alimentação ou de descanso, este não será o melhor momento de ensiná-lo para qualquer comando. É necessário um mínimo de receptividade por parte do animal, portanto ele não pode estar cansado ou estressado, com fome ou sede e muito menos doente. O animal deve estar apto a cumprir com o que o proprietário o ensina, logo, receptividade e capacidade de aprendizagem são as primeiras "leis da educação animal".




*ROGÉRIO CALÇADO MARTINS
– médico-veterinário – CRMV/MG 5492

*Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
*Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
*Consultor Técnico do Site  www.saude animal.com.br
*Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)