CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Jornal estudantil de 1939

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Acidente | 14-12-2017 08:12 | 12300
Foto: Reprodução

 




Esta crônica propõe um retorno ao universo da cultura escolar da década de 1930, rememorando páginas encantadoras de um jornal estudantil, A Vida Escolar, elaborado por alunos do Grupo Escolar Coronel José Cândido, de São Sebastião do Paraíso (MG). O nível escolar considerado corresponde aos atuais anos iniciais do ensino fundamental, frequentado por crianças em idade inferior a doze anos, muitas delas já com domínio diferenciado da leitura e da escrita, dando os primeiros passos na seara literária, experiência pedagógica de grande importância cultural. Esse grupo escolar foi criado por um decreto assinado em 23 de abril de 1928, pelo então presidente de Minas, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que estava na cidade, em visita política. 
O ilustre político ficou hospedado na residência do comendador João Villela de Figueiredo Rosa, localizada na atual Praça Comendador José Honório, esquina da Rua Pimenta de Pimenta de Pádua com Rua Padre Benatti. Cinco anos após a assinatura do decreto, em 1933, foi inaugurado o prédio onde funciona a atual Estadual Coronel José Cândido, obra que contou com o apoio imprescindível do político e poeta parai-sense Noraldino Lima, que, na época, exerceu o cargo de Secretário de Educação do Estado. Ao completar 85 anos de relevantes serviços prestados à educação pública, a história dessa instituição vai muito além destas linhas que apenas esboçam momentos pontuais de circulação do mencionado jornal estudantil.
O número 24 de A Vida Escolar, que estava então no terceiro ano de circulação, foi publicado em outubro de 1939, sob a coordenação da equipe composta pelos estudantes: Erasmo Clasem (diretor), Lourdes Lucas (Redação), M. Antô-nia Gomes (tesoureira), Eliana Mumic (primeira secretária), Olga Delfante (segunda secretária) e Paulo Rossi (cobrador). Além dessa equipe de coordenação, vários outros alunos colaboravam na redação das matérias. Entre diferentes artigos sobre a bandeira nacional, os principais eventos da escola, as festas religiosas, desenhos diversos, havia um importante espaço de valorização dos primeiros passos no mundo da literatura. Nesse sentido, transcrevemos abaixo uma crônica redigida pela menina Eliana Mumic, que como poetisa compõe hoje a nossa querida Academia Parai-sense de Cultura.
“O Dia da Criança - No dia 12 de outubro foi comemorado o dia da criança, mas também o dia em que Cristóvão Colombo descobriu a América. Por isso devemos comemorar esta data histórica da nossa terra. As professoras do nosso Grupo Escolar organizaram uma festinha como uma simples recordação. Nossa diretora ergueu um lindo altar aqui no qual estava colocado a imagem de Jesus Crucificado, onde depois foi celebrada uma missa. Houve comunhão e depois o lanche no pátio. Este dia foi para nós uma delícia. Aquele era o nosso dia e os nossos corações estavam a transbordar de alegria. Quando fomos para o pátio, estávamos satisfeitos. Tínhamos recebido Nosso Senhor, em nossos corações. Eu, com prazer, tomei o meu lance, estava contente, mas, ao mesmo tempo, triste, ao pensar que no ano seguinte não mais festejarei neste grupo, junto com meus colegas, esta tão doce festinha que nos deixou com os corações cheios de uma imensa alegria. Eliana Mumic, 4º ano”.
Para finalizar, 10 anos após a data mencionada, o mesmo jornal estava ainda em circulação. Em edição de agosto de 1949, pertenciam à equipe de publicação os seguintes jovens: Regis Martens Rodrigues, José Correia Novais, Geni Novais, José Rocha Neves, Rubens Mazzi e Mafalda Quintana. A todos mencionados nesta crônica, nossas reverências em nome da história da nossa querida Paraíso.