CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Juiz de Direito Dr. Luiz Sanches de Lemos

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 27-12-2017 16:12 | 10062
Foto: Reprodução

Formado na Faculdade de Direito de São Paulo, instituição que hoje está vinculada à Universidade de São Paulo, o Dr. Luiz Sanches de Lemos foi juiz de direito da comarca de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro, por três décadas, entre 1898 a 1928. Esta crônica destaca alguns elementos de sua trajetória de vida, que foi muito além do exercício de suas honradas funções de magistrado.
No final de 1883, o jovem estudante cursava o 4º ano do curso de Direito, quando foi noticiada a sua brilhante aprovação nos exames, sendo então promovido ao último ano do curso. Na época, estavam ocorrendo acirrados debates promovidos por estudantes republicanos, liberais e conservadores, quase todos, filhos de coroneis, fazendeiros, grandes comerciantes e cidadãos detentores de títulos de nobreza. De modo geral, o diploma de doutor abria espaço também para a carreira política. 
No ano seguinte, seu nome consta na lista dos bachareis formados na turma de número 53 da mencionada Faculdade, cuja colação de grau ocorreu no dia 18 de novembro de 1884. Seis anos depois, o jovem advogado estava nomeado membro da comissão municipal de Alfenas, MG, encarregada de organizar a participação da cidade na Exposição Permanente do Estado de Minas, conforme está registrado no Relatório do Presidente do Estado de Minas Gerais.
No ano seguinte, assumiu o cargo de juiz de direito da comarca de Cabo Verde, enquanto o Dr. Cláudio Herculano Duarte exercia o mesmo cargo na recém instalada comarca de São Sebastião do Paraíso. Desde essa época, estava vinculado à "Loja Maçônica Deus e Caridade", conforme o Boletim do Grande Oriente do Brasil, do ano de 1897. No ano seguinte, obteve remoção do cargo de Juiz para a comarca de São Sebastião do Paraíso, tendo seu nome inserido na lista dos oficiais da Guarda Nacional. 
Já como membro da Loja Maçônica Fraternidade Universal de São Sebastião do Paraíso, discursou por ocasião do falecimento do seu colega de maçonaria capitão João Ferreira dos Santos Carvalhaes, sepultado no dia 21 de julho de 1901. Nessa época, no cargo de "Juiz de Direito Avulso" também exercia atividades advocatícias, conforme nota publicada na Voz do Paraíso, primeiro jornal de São Sebastião do Paraíso.
Em 1907, participou da composição do primeiro corpo docente do Ginásio Paraisense, sendo também um dos parceiros do padre Benatti, na organização do Curso Normal, atuando como professor. Logo em seguida, assumiu o cargo de vice-diretor do mesmo curso, quando a propriedade do estabelecimento passou para a municipalidade, época em que a direção foi exercida pelo farmacêutico José Ribas de Toledo Duarte.
Nos meados da década de 1920, Luiz Sanches de Lemos estava entre os juízes com maior tempo de serviço na magistratura estadual. Em 1924, foi designado para substituir o juiz de direito da comarca de Queluz, mas não aceitou. Permaneceu no cargo por mais quatro anos. Em 1928, permutou o cargo púbico com o juiz de Santa Rita do Sapucaí, Amphiloquio Campos do Amaral. A permuta foi assim noticiada: 
"Permuta o cargo com excelentíssimo Dr. Luiz Sanches de Lemos, tendo tomado conta do cargo de juiz de direito da comarca, o Dr. Amphiloquio Campos do Amaral, que até há pouco, exerceu, com dignidade e critério, igual cargo em Santa Rita do Sapucai. Nome acatadíssimo, como juiz é o Dr. Amphiloquio conhecido em todo o Estado, pela decisão acertada de todas as suas sentenças. Inteligente, enérgico, digno e honrado, por isso mesmo, São Sebastião do Paraíso, que viu, também no nosso Dr. Luiz Sanches de Lemos, não menos brilhantes qualidades, se rejubila, por saber que a justiça desta terra, teve e tem um juiz à altura do nosso meio. Ao Dr. Luiz Sanches de Lemos, a gratidão do povo de São Sebastião do Paraíso e ao Amphiloquio nossas voas vindas". (Gazeta de Notícias. Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1928) 
Um mês após, foi noticiado o falecimento do Dr. Luiz Sanches de Lemos, ocorrido no dia 5 de março de 1928, em São Sebastião do Paraíso. O comércio fechou as portas e a bandeira nacional ficou hasteada em homenagem fúnebre nos prédios públicos. Seu nome ficou inscrito na história da cidade.