CARAMUJOS

Vigilância orienta sobre caramujos africanos encontrados pela cidade

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Saúde | 09-01-2018 23:01 | 4559
Morador de Paraíso postou em rede social que  próximo a sua residência está infestada de caramujos
Morador de Paraíso postou em rede social que próximo a sua residência está infestada de caramujos Foto: Reprodução

Nesta época do ano em função do período chuvoso, tem se tornado cada vez mais comum  moradores dos mais diferentes bairros da cidade se depararem nos seus quintais ou na porta de suas casas com a presença de caramujos africanos. A grande incidência no aparecimento deste molusco tem feito com que a Vigilância Sanitária de São Sebastião do Paraíso intensifique suas ações no combate destes animais que transmitem algumas doenças ao ser humano. No inicio da semana foram realizados trabalhos de conscientização junto a comunidade nas áreas infestadas.
O caramujo-gigante-africano, também conhecido como caracol gigante ou caracol africano é um molusco oriundo da África. O animal pode pesar até 200 gramas e medir cerca de 10 centímetros de cumprimento. Ele possui concha escura, com manchas claras, alongada e cônica. Segundo especialistas ele foi introduzido no Brasil de forma ilegal, na década de 80 principalmente na região Sul e se proliferou pelo restante do País.
O objetivo inicial era de substituir o escargot, uma vez que sua massa é maior, mas a proposta não foi bem aceita entre os consumidores, sendo também proibida pelo Ibama. Estas situações fizeram com que muitos donos de criadouros liberassem estes animais na natureza, sem tomar as devidas providências, medida que facilitou a proliferação. Com facilidade para procriar e encontrando um clima favorável, o caramujo se adaptou aos mais diversos ambientes. Uma fêmea é capaz de dar origem a cerca de outras 300 crias.
Os caramujos africanos são capazes de destruírem plantas nativas, cultivadas e causam grande destruição em hortas. Eles se alimentam vorazmente de qualquer tipo de vegetação, ao ponto de competirem com espécies nativas, inclusive alimentando-se de outros semelhantes. “Infelizmente estes bichos tem aparecido aqui perto de casa e a gente que tem criança pequena fica preocupada”, comenta a dona de casa Maria de Lourdes Venâncio, moradora no bairro Santa Maria.   Independência e Sassafras.
Na tarde de segunda-feira,8, a equipe da Vigilância Sanitária realizou um trabalho de limpeza em terrenos na região do CAIC, onde havia infestação de caramujos. Na terça-feira, 9, a mesma ação ocorreu na região do bairro entre os bairros Sassafras e Independência. Segundo a coordenadora da Vigilância Sanitária, Daniela Cortez, está sendo iniciado um trabalho de conscientização da população sobre como proceder com os caramujos. No entanto há reclamações de moradores nas redes sociais apontando que desde a região central, na parte baixa, no Jardim Europa e outras regiões da cidade estes animais estão sendo facilmente encontrados.  
Estes animais são hospedeiros de duas espécies de vermes capazes de provocar doenças. Eles são capazes de transmitir esquistossomose, meningite e outras enfermidades. As contaminações ocorrem pela ingestão sem prévio cozimento, manuseio ou de alimentos contaminados por seu muco como hortaliças e verduras. É recomendado o uso de luvas ou sacolas de plástico ao manipular o caramujo, além de cozer bem, antes se comer a sua carne, e desinfeccionar itens alimentares, lavando-os e deixando-os de molho de quinze minutos a meia hora, em aproximadamente uma colher de água sanitária para um litro de água.
Quanto ao controle do molusco, é indicada a catação manual dos indivíduos e de seus ovos, colocando-os em dois sacos plásticos, com a posterior quebra de suas conchas antes de eliminá-los. Isso porque tais estruturas podem acumular água, sendo um criadouro em potencial para os ovos do Aedes aegypti. Depois, recomenda-se a aplicação de cal virgem sobre os caramujos quebrados, e o posterior enterramento, em local longe de lençóis freáticos, cisternas ou poços artesianos.
Existem ainda outras linhas de pesquisa que focam em mostrar o outro lado da questão, afirmando que medidas visando à eliminação do caramujo são muito extremas. A ponderação é no sentido de que estes animais têm potencial para o desenvolvimento de produtos cosméticos e fármacos, como aqueles que combatem a leishmaniose. Além disso, alguns pesquisadores afirmam que o controle de suas populações poderia ser mais eficaz se fossem adotadas medidas sérias visando à utilização desses animais para a alimentação, já que são saborosos, se bem preparados, e são bastante proteicos. 

Caramujos africanos podem ser facilmente localizados em terrenos abandonados em diferentes regiões da cidade