Esta crônica retorna ao final do ano de 1941, quando estava em curso a Segunda Guerra Mundial, para rememorar um momento marcante da vida social dos moradores de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro: a festa de formatura dos alunos do Ginásio Paraisense, estabelecimento de ensino secundário da mesma cidade. Na manhã do dia 6 de dezembro do referido ano, os concluintes do curso ginasial - nível de escolaridade correspondente aos anos finais do atual ensino fundamental - participaram de uma missa celebrada na capela do Ginásio, sob a direção do advogado Pedro de Souza e Silva. Dois anos depois, iniciaria o período de direção dos Irmãos Lassalistas.
A cerimônia de entrega dos certificados teve início às 9 horas da manhã, quando o salão nobre do colégio estava ornado com flores silvestres, colhidas nos campos que haviam nas imediações. O espaço estava repleto de estudantes, familiares, professores, autoridades civis e eclesiásticas. A solenidade foi presidida pelo diretor, que, dois anos antes havia assumido o contrato de arrendamento do Ginásio, em substituição ao professor Lamartine Campos do Amaral, que deixou São Sebastião do Paraíso para morar no Rio de Janeiro, onde assumiu cargo público e foi nomeado prefeito de cidades da Baixada Fluminense, pelo interventor federal naquele estado, Amaral Peixoto.
Os estudantes concluintes do curso ginasial naquele ano foram os seguintes jovens: Abílio Perrone Naves, Dilson Ribeiro, Enice Martini, Geraldo Lataro, Jerônimo Taveira Cintra, João Pereira Quineti, João Batista Vasconcelos, José Bonifácio de Paula e Silva, José Ribeiro de Faria, Lázaro José de Carvalho, Noé Amaral, Paulo de Tarso Soares, Reinaldo Mambrini, Rómulo Ferreira Andrade, Roque Lataro, Vicente Soares de Paula, Valdemérito de Castro, Walter Vicentini, Zélia Amaral Ornelas e José Perrone. Nessa época, o estabelecimento ainda era frequentado por moças e rapazes e após a vinda dos Irmãos Lassalistas, em 1943, passou a aceitar a matrícula apenas de rapazes, sendo as moças orientadas a se matricularem no Colégio Paula Frassinetti.
Cada concluinte adentrou ao salão acompanhado de sua madrinha ou padrinho. Após a entrega dos diplomas, discursou o paraninfo da turma, professor Raimundo Calafiori, o qual discorreu sobre o sentido do patriotismo e importância da energia dos jovens para impulsionar a vida social das instituições. Ao terminar o discurso, recebeu uma calorosa salva de palmas. Em seguida, discursou o orador da turma, José Perrone, que, em linguagem empolgante, fez arrancar dos presentes prolongadas palmas.
Na mesma oportunidade também usou da palavra, para agradecer aos mestres, o bacharelando Jerônimo Taveira Cintra, o qual em palavras de gratidão e sensibilidade comoveu aos presentes. Finalmente, discursou o diretor Pedro de Souza, expressando-se com muita clareza e elegância, formulando conselhos aos jovens que estavam se despendindo do Ginásio para galgar novos desafios em suas vidas. Todos os detalhes desse evento foram preservados graças a uma ata redigida pelo professor Ari de Lima.
A solenidade foi abrilhantada com a presenta da Banda de Música do 10º Batalhão da Polícia Mineira, aquartelado na cidade de Muzambinho.
Às 21 horas, os salões do Clube Paraisense foram iluminados para dar início a um inesquecível baile, quando salão da entidade ficou apinhado de convidados, moradores de São Sebastião do Paraíso e de outras cidades vizinhas. Finalmente, para preservar esse momento marcante da história social os formandos encomendaram a montagem de um belíssimo quadro de formatura, sendo a parte fotográfica elaborada pelo senhor José Gonçalves de Aguiar e o trabalho em madeira, realizado pelo senhor Américo Carleto. (O Liberal. São Sebastião do Paraíso, 14 de dezembro de 1941)