POLEPOSITION

Em busca de novos desafios

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 29-01-2018 10:01 | 3101
Alonso estreia neste final de semana em provas de longa  duração, nas 24 Horas de Daytona
Alonso estreia neste final de semana em provas de longa duração, nas 24 Horas de Daytona Foto: Getty Images

Fernando Alonso não vê a hora de ter novamente um carro competitivo na Fórmula 1. Os inúmeros problemas com a falta de potência e resistência do motor Honda desde o retorno do piloto e da montadora japonesa à McLaren, em 2015, deixou o espanhol desapontado.
Ano passado ele abriu mão do GP de Mônaco para correr na mesma data as 500 Milhas de Indianápolis. Mergulhou de cabeça no universo desconhecido dos ovais norte-americanos e esteve próximo de vencer a prova, traído a 21 voltas do fim... por quem? O motor Honda(!), que por ironia foi o propulsor que empurrou o japonês Takuma Sato rumo à vitória. 
A experiência abriu novos horizontes para Alonso que traçou como meta conquistar a Tríplice Coroa do automobilismo, que é vencer o GP de Mônaco de Fórmula 1, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans, um feito até hoje alcançado apenas pelo inglês Graham Hill nos anos 60 e 70.
Uma ponta desta coroa Alonso já tem com as duas vitórias em Mônaco (2006 e 2007), e este ano ele planeja correr as 24 Horas de Le Mans, em junho. A prova não vai coincidir com o calendário da Fórmula 1. O primeiro passo na preparação está sendo dado neste final de semana, nos Estados Unidos, nas 24 Horas de Daytona, outra prova clássica do automobilismo mundial, embora menos glamourosa que Le Mans.
É a primeira vez que Alonso participa de uma prova de longa duração, e terá dois jovens companheiros de equipe, também estreantes no endurance, Phill Hanson e Lando Norris, ambos de 18 anos, metade da idade do espanhol, e pilotos da academia da McLaren. Lando é uma aposta futura para a Fórmula 1 e será companheiro de equipe do mineiro Sergio Sette Câmara este ano na F2, último degrau da escala natural antes de chegar à Fórmula 1. 
O trio corre pela United Autosports, equipe cujo dono é o novo CEO da McLaren, Zak Brown, o mesmo que deu todo apoio para que Alonso corresse em Indianápolis no ano passado como parte de uma estratégia para segurá-lo na McLaren diante de sua imensa frustração com os problemas da Honda. 
E foi de tanto Alonso pressionar, que a McLaren rompeu a parceria com os japoneses e fechou acordo com a montadora francesa para ter este ano as “unidades de potência” (nome que se dá aos atuais motores V6 turbo híbridos da Fórmula 1) da Renault.
A maior parte dos 16 anos de Alonso na Fórmula 1 podem ser analisados como um grande talento desperdiçado em termos de resultados. Como pode um dos pilotos mais completos do grid atual passar mais de dez anos sem vencer um campeonato, desde o bi pela Renault, em 2006, e não ganhar uma corrida desde o GP da Espanha de 2013 pela Ferrari? 
Quem responde é Nelson Piquet, em entrevista ao site da revista inglesa Autosport. Sem papas na língua, o tricampeão mundial não nega que Alonso “é um piloto fantástico(!)”, mas que gera muitos problemas por onde passa: “Ele teve a chance de ganhar três, quatro, até cinco títulos, mas é muito ruim politicamente e não sabe trabalhar em equipe. Sempre há alguma confusão onde quer que ele esteja”. 
É a mais pura verdade. Alonso é a prova cabal de que só talento não basta na Fórmula 1. Isso explica o fato de as portas terem se fechado para ele na Mercedes, Ferrari e Red Bull. E o veneno que ele espalhou por onde passou reflete hoje em sua prateleira com apenas dois troféus de campeão do mundo. Não que seja pouco, mas pela capacidade que tem, poderia haver muitos outros.