POLE POSITION

Dá pra se divertir fora da Fórmula 1?

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 03-02-2018 21:02 | 3124
Chrisitan Fittipaldi (E) comemora  terceira vitória nas 24h de Daytona
Chrisitan Fittipaldi (E) comemora terceira vitória nas 24h de Daytona Foto: Geraldo Mora / EFE

Quando Christian Fittipaldi chegou à Fórmula 1, trazendo nos ombros o peso de ser o sobrinho do bicampeão mundial, Emerson Fittipaldi, havia muita expectativa e pressão ao seu redor. O então mais jovem do clã Fittipaldi era a grande aposta para o futuro do Brasil na categoria. E não é exagero dizer que sua passagem pela Fórmula 1 foi de certa forma heroica pelos equipamentos que teve à disposição.
Se hoje é difícil para a Sauber, Haas e Toro Rosso terminar uma corrida entre os dez primeiros colocados, imagine pontuar com a Minardi e com a Arrows? Christian tirou leite de pedra, operou alguns milagres como o 6º lugar no Japão, 4º na África do Sul e 5º em Mônaco com a Minardi entre 92 e 93, e os dois 4º lugares com a Arrows no GP do Pacífico e da Alemanha de 94. Tudo isso numa época em que largavam 26 carros e apenas os seis primeiros pontuavam – hoje os dez primeiros marcam pontos.
Mas a Fórmula 1 não foi justa com Christian, e depois de 40 GPs ele chutou o balde e foi correr na F-Indy, Nascar, Stock Car, e desde 2004 se dedica às provas de endurance nos Estados Unidos. Aos 47 anos, ele é um homem realizado profissionalmente. No final de semana passado, Christian venceu pela terceira vez as 24 Horas de Daytona, prova clássica do automobilismo mundial.
A bordo do Cadillac DPi da equipe Action Express, em companhia dos portugueses João Barbosa e Felipe Albuquerque, o trio luso-brasileiro completou 808 voltas pelo traçado misto do lendário Circuito de Daytona, superando o drama de um superaquecimento de motor.
Por muito pouco as 24 Horas de Daytona não terminou com três brasileiros no pódio. Felipe Nasr em sua primeira participação na corrida terminou em 2º com o outro Cadillac da Action Express, compartilhado com Mike Conway, Eric Curran e Stuart Middleton. E até o início do terço final da prova o Ligier LMP2 da equipe United Autosports, que tinha Bruno Senna, Paul di Resta, Will Owen e Hugo de Sadeller ocupava a 3ª posição, mas enfrentaram problema de embreagem e terminaram em 4º.
A conclusão que se tira de Daytona responde ao título desta coluna: Sim, dá pra se divertir fora da Fórmula 1. Christian, Bruno e Nasr tiveram suas chances na principal categoria do automobilismo. Viveram bons e maus momentos, e recomeçaram em outras categorias. Ano passado Bruno Senna foi campeão do WEC (Campeonato Mundial de Endurance), categoria que está despertando o interesse de Fernando Alonso.
O espanhol também correu em Daytona e não escondeu que se divertiu mais do que na Fórmula 1. Nesta semana Alonso confirmou que vai participar das 24 Horas de Le Mans. E não é só: Com o consentimento da McLaren, ele fechou acordo com a Toyota para correr as provas do Mundial de Endurace que não coincidirem com as datas da Fórmula 1. Alonso deverá disputar cerca de 25 corridas em 2018, as 21 da Fórmula 1 e até agora pelo menos quatro no WEC. Mas a Toyota já faz pressão para que Federação Internacional de Automobilismo mude a data das 6 Horas de Fuji, para que não coincida com o GP dos Estados Unidos de Fórmula 1 para que Alonso possa também correr no Japão.  
O espanhol disse que o acerto com a Toyota só foi possível graças à forte relação que tem com a McLaren. Mas eu não duvido que se a equipe inglesa não lhe entregar um carro competitivo este ano, Alonso ‘pega o boné’ e vai se divertir longe da Fórmula 1.