POLE POSITION

Antiestético e necessário

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 18-02-2018 22:02 | 4038
Apesar da polêmica quanto à utilidade e estética, o halo chegou pra ficar na F1 e  nas principais categorias de monopostos
Apesar da polêmica quanto à utilidade e estética, o halo chegou pra ficar na F1 e nas principais categorias de monopostos Foto: Getty Images

Não é a solução definitiva. A Federação Internacional de Automobilismo estuda e promete uma peça mais estética. Mas é o que se tem para o momento. Entra em cena o halo, que obrigatoriamente estará nos carros da Fórmula 1 e das principais categorias de base do automobilismo com o objetivo de aumentar a segurança na altura da cabeça dos pilotos. 
Estudos começaram em 2009 com a morte do jovem Henry Surtees, de 18 anos, numa corria de F-2 quando uma roda acertou a cabeça do filho do campeão mundial de 1964, da Fórmula 1, John Surtees. Dias depois, na Hungria, uma mola do carro de Rubens Barrichello se soltou e atingiu a cabeça de Felipe Massa.
Depois de muitos estudos, pesquisas e testes, a melhor forma encontrada foi o halo, que esteticamente não agrada, mas se faz necessário, embora não seria eficaz para proteger a cabeça de Massa, a não ser que com muita sorte a mola batesse o halo. Nem teria protegido Jules Bianchi do acidente que acabou sendo fatal para o promissor piloto francês, nove meses depois de acertar um trator na área de escape do Circuito de Suzuka, no Japão, em 2014. As lesões irreversíveis no cérebro de Bianchi foram consequência da desaceleração brutal. Seu capacete não sofreu um arranhão sequer. Mas o halo teria salvado a vida de Henry Surtees, e de Justin Wilson em 2015 na etapa de Pocono, da F-Indy, atingido na cabeça por destroços de outros carros que se envolveram em acidente.   
O halo ganhou o apelido de ‘sandálias Havaianas’. Pra quem ainda não viu a peça, seu formato lembra as tiras do famoso chinelo. É feito de titânio, pesa 7 kg, mas com os acessórios de instalação se aproxima dos 14 kg, o que se tornou pesadelo para os projetistas porque sua instalação, e formato, implica numa série de fatores que interferem diretamente na aerodinâmica dos carros. Para adequá-lo, o peso mínimo dos carros subiu este ano de 728 para 734 kg, o que por si só mexe na estrutura e comportamento dos carros, e vai penalizar os pilotos mais altos, como Nico Hulkenberg, da Renault, ou Esteban Ocon, da Force India, com mais de 1,80 de altura.
“Tivemos que fortalecer o design do chassi para que ele pudesse aguentar o peso de um ônibus de dois andares, igual aos de Londres, em cima do halo”, disse James Allison, diretor técnico da Mercedes.
A F-Indy também está intensificando estudos com uma peça chamada “aeroscreen”, uma espécie de para-brisa, feito de material opticor, mais leve e resistente que o policarbonato, esteticamente melhor que o halo, e que lembra a cobertura dos aviões de caça. A Fórmula 1 testou equipamento parecido, mas foi reprovado por Sebastian Vettel que relatou desconforto e vertigem em alta velocidade devido à curvatura da peça.
Na Indy os primeiros testes foram feitos semana passada pelo tetracampeão, Scott Dixon, que considerou positivo, mas reconhece que será preciso mais ajustes antes de sua estreia definitiva – provavelmente em 2019 – principalmente no que tange o aumento de temperatura dentro do cockpit pela falta de ventilação, e também quanto à visibilidade do piloto em caso de resíduos de óleo e borracha vindos dos carros da frente possam grudar no aeroscreen durante as corridas, além de água em caso de chuva.
Uma coisa é certa: bonito ou feio, o halo chegou pra ficar. E teremos que acostumar ao novo visual dos carros da Fórmula 1 e de outras categorias até que uma solução esteticamente melhor, e que ofereça a mesma segurança, seja encontrada. Afinal, o mais importante é a vida dos pilotos.




CARROS NOVOS
Williams e Haas já divulgaram imagens de seus novos carros. Semana que vem será a vez de Red Bull, Renault, Sauber, Mercedes, Ferrari e McLaren. Fórmula 1 começa dia 25 de março, na Austrália.




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