CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Visita de Juscelino Kubitschek em 1963

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 25-02-2018 20:02 | 4967
Foto: Reprodução

Juscelino Kubitschek, depois de exercer a presidência da República entre 1956 e janeiro de 1961, foi eleito senador por Goiás, com mandato interrompido, três anos depois de tomar posse, devido ao Golpe Militar. Foi como senador que o ilustre político, mineiro de Diamantina, visitou São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro, no dia 20 de outubro de 1963. Estava em pré-campanha eleitoral para retornar à Presidência, acompanhado pelo deputado federal Tancredo Neves e pelo então deputado estadual Delson Scarano.
Na manhã daquele dia, uma multidão de paraisenses, acreditando ainda na possiblidade de uma solução democrática para a grave crise pela qual o Brasil passava naquele momento, foi até ao Aeroporto dos Pilões, para recepcionar a chegada da comitiva de políticos. Uma enorme carreata percorreu as ruas centrais da cidade, repletas de pessoas, contornou a Praça Comendador José Honório, trazendo à frente a comitiva, em carro aberto, os visitantes.
Houve uma reunião no principal cinema da cidade, Cine São Sebastião, onde os três políticos recebem honrarias concedidas pela Câmara Municipal e pelo diretório local do Partido Social Democrático. Legenda criada em 1945, pela qual JK fora eleito deputado constituinte, no contexto da redemocratização, após os 15 longos anos da Era Vargas. A visita foi viabilizada através do empenho do deputado Delson Scarano, com apoio expressivo de 40 prefeitos do Sul de Minas, bem como de líderes das classes produtoras e associações de classe.
Na parte da tarde, houve um grande comício em palanque armado, bem em frente à casa paroquial. Juscelino e seus parceiros discursaram para a massa de populares, prefeitos e líderes políticos, apresentando as linhas gerais do seu programa de governo, caso fosse eleito para retornar ao Palácio da Alvorada. Com clareza, explicou as principais ações que tomaria para alcançar uma meta de produção agrícola, sem precedentes na história do País. Sua proposta era fazer uma verdadeira revolução na agricultura, com aumento da ordem de 30% na área de plantio, com apoio à classe produtora, em paralelo, com uma reforma agrária para atender os pequenos agricultores.
Seu plano de governo era composto por 16 itens, incluindo, além de fazer reformas de base no campo social e da educação, a instalação de uma ampla rede articulada de armazéns e silos para proporcionar maior segurança aos produtores, assistência técnica, elevação da produção e melhoria na qualidade de fertilizantes e uma ampliação significativa na rede de transportes, entre outras iniciativas. Havia um clima de entusiasmo, para reviver os anos de progresso do seu primeiro mandato. Cinco meses depois, houve o Golpe Militar e os sonhos democráticos ficaram em segundo plano, por 25 anos.