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No Bafo da Iaúca os Trapalhões encontraram as Minas de Ouro entre Pérolas Negras no El Dorado dos Indaiás

Por: Redação | Categoria: Cidades | 24-02-2018 21:02 | 5309
Foto: Reprodução

Estive em Paraíso, (“no” Paraíso é sempre o sentimento), para descansar no feriado do Carnaval, rever a família e os bons e queridos amigos que, como o vinho, quanto mais velhos, mais finos. Não foi possível encontrar-me com todos como desejava, mas dentre os poucos que tive o prazer de rever, um tema recorrente denotou o desatino de minha primeira fala. Desde quando se vem a este Paraíso pra descansar no Carnaval? Quando foi que isso começou? Ou, quando foi que tudo terminou decretado numa quarta-feira de cinzas que se estende até hoje?
Faço do título dessa mensagem uma proposta de samba para o carnaval Paraisense de 2019 em modesta tentativa de homenagear a todos. Tenho certeza de que minha primorosa memória não tenha sido capaz de resgatar todos os blocos ou escolas de samba que tantas alegrias proporcionaram a todas as gerações que viveram juntas e misturadas a experiência do que o carnaval de Paraíso já foi capaz. Se, claudica a minha memória, sintam-se todos homenageados nessa saudosa delonga, pois, longe de falhar está a carinhosa lembrança de nominados e anônimos.
Em minha recente semana no Paraíso, cada encontro terminava, quando não se iniciava, com uma indignada indagação de como alguém pode querer sair do Rio pra passar o carnaval em Paraíso. E eu, mentalmente completava – ainda mais, pra descansar!
Nada errado! É natural que tudo mude. É bom que tudo mude! Mas e se a gente quiser mudar um pouco do que mudou? - Isso me pareceu estampar o desejo de todos. Se o carnaval do Paraíso tanto enriqueceu o nosso universo da fantasia de fazer samba, por que não uma convocação dos saudosos para fazer assim um novo samba e, se desejar, resgatar velhas fantasias?
Da convocação, podemos considera-la iniciada aqui. A multiplicação, todos sabem, não tem limites no universo online. Com poucos integrantes de cada “agremiação”, temos uma bateria, um pouco mais e temos um desfile capaz de contagiar muitos. Começando agora, estou certo de que teremos dúzias de amigos alinhados na alegria de fazer do samba uma festa como aquelas que ainda povoam o nosso imaginário de que a Sapucaí ia da Matriz à Praça da Fonte.
A ideia é de um samba plural, a mistura de estandartes integrando a todos que já defenderam suas alegres bandeiras na avenida. Façamos do que era competição um incentivo entre nós mesmos, entre a idade dos que já querem mais do que podem e a quantidade de suor transbordada numa noite de folia. Não é por acaso que o Bafo da Onça vivia o ano inteiro, sem samba e sem pandeiro, esperando pelo carnaval. Para os saudosos, com o tempo, mais que verdade, guardar-se o ano inteiro é estratégica necessidade!
O espírito do Bafo da Onça é o verbo, o princípio, o propósito do nosso carnaval, a promoção de uma alegria geral. Despretensiosa, a diversão é a nota 10 afinal. O Bafo concentra e sai, concentra, mas não sai. Quem quer, tantas vezes vem ou vai. Mas antecipo aqui um alerta: Cadê o estandarte do Bafo? Será que oferecer recompensa pode trazê-lo de volta? Digo, pois, a festa de ve-lo no balanço das cabrochas girando será a recompensa triunfal. Devolve o estandarte aê pô!
Se eu estivesse sem o juizo que me resta, tentaria resgatar nomes, mas cometeria indesculpável injustiça se me olvidasse da reverência a um que fosse dos que já fizeram o paradoxal sucesso da festa pagã no Paraíso. Mas poderíamos fazer desse espaço, contando com a generosidade do editor deste sudoestino periódico, uma oportunidade de compartilhar lembranças, homenagear os bambas e realizadores dos sambas do Paraíso e contar histórias que são de outros carnavais.
Incompleto estaria esse assunto se o findasse no desafio de que tenhamos nesse jornal o espaço de histórias, sem que a uma pitoresca delas eu não desse início sobre o nosso Iaúca. Que nome era esse? Quanta criatividade! Foi sim, sério momento de criação, uma marca, um nome que escreveria parte da história do nosso carnaval. Escritório de marketing? O bar do sô Tião. Fonte de inspiração? A prateleira que abrigava populares exemplares do fino destilado de gosto universal originário do canavial. E assim, entre rótulos de cachaça, se iluminou a eleição de famoso nome que seria cantado na avenida para a alegria de toda uma vida, mas de latim jamais desvendado, porque ninguém mexia naquela cumbuca pra ver no fundo o significado de Iaúca. Sobre a carranca que se trazia no estandarte, bem... Essa é uma história pra outra rodada!
Vem contar a sua! 
E aí, ano que vem... tem?
Cartas para a redação.
Paulinho Boca