Algumas profissões historicamente “masculinas” foram ganhando espaço entre as mulheres e hoje já não são mais um tabu a ser superado. Em São Sebastião do Paraíso, por exemplo, tão raro quanto encontrar mulheres trabalhando com entregas ou até mesmo em profissões de risco, como policiais e bombeiras, também era raro entrar em um ônibus e se deparar com uma condutora na direção do transporte.
A motorista Fernanda Souza, de 26 anos, é um desses exemplos, que lida com a rotina estressante do trânsito sem perder a alegria e simpatia que lhe é uma característica. Motorista há quatro anos, ela conta que escolheu esta profissão por acha muito interessante e, apesar de não ser comum ter colegas na mesma área, ela segue o ritmo pelo prazer que tem em dirigir.
“Não é muito comum ver outras mulheres trabalhando como motoristas de ônibus e já cheguei a encarar discriminação. Assim que comecei, recordo-me que tinha um mecânico que era um pouco machista, e me pressionava bastante, algumas vezes sem motivo, por implicância mesmo”, conta Fernanda.
Todavia, isso não fez com ela desistisse ou mesmo desanimasse da profissão, hoje sendo bastante respeitada no seu meio. Porém, o preconceito enraizado na sociedade e o senso comum de que mulher e volante não combina, é algo que ela já ouviu até mesmo quando parava nos locais para pegar passageiros. “Muitas vezes, quando eu chegava aos locais, alguns falava ‘ixi, é menina, pode ir que eu vou no outro ônibus’, e não entravam mesmo”, conta bem-humorada o causo.
Essa jovem motorista avalia que o que se diz respeito a trabalho, as mulheres já tiveram muitas conquistas, mas a desigualdade salarial ainda é algo muito latente na sociedade. “Não é o meu caso, mas existem mulheres que trabalham o mesmo tanto ou às vezes até mais e não ganham o equivalente aos homens. Ainda temos muito a conquistar, principalmente respeito, segurança, e liberdade”, destaca.
Para ela, o Dia Internacional da Mulher significa que as mulheres têm lutado todos os dias para serem reconhecidas com o devido valor e respeito. “Essa data serve para sempre nos lembrarmos o quanto somos preciosas e vencedoras por todas nossas conquistas”, completa.
CUIDADO CONSTANTE, DIZ DENATRAN
Não vale mais dizer que “mulher no volante, perigo constante”, alias cuidado é a palavra mais adequada. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Departamento Nacional de Trânsito, de 2015, é comprovado em números que as mulheres se envolvem menos em acidentes e que são mais cuidadosas que os homens no trânsito. Segundo especialista, essa é uma tendência mundial.
Conforme o Denatran, dos mais de 60 milhões de motoristas no Brasil registrados em 2014, dos quais 20 milhões eram mulheres, desses números 71% dos acidentes foram provocados por homens naquele ano e apenas 11% pelas mulheres. Outro dado interessante é que mais de 70% das multas também foram para motoristas do sexo masculino.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de homens que morreram no trânsito, em 2010, é quase quatro vezes maior do que o de mulheres. Considerando os que perderam a vida no trânsito naquele ano, 31.675 eram homens (78%) e 8.935 eram mulheres (22%). De lá para cá, os dados não mudaram muito e é importante que a população tenha em mente que, independente do sexo, cuidado e respeito é sempre a palavra quando falamos em trânsito.