A música caipira raiz tem sensibilidade, sentimento e cumplicidade que encanta e um romantismo que envolve o coração. A Academia Paraisense de Cultura – APC – prestou homenagem a nossos artistasna noite de 21 de fevereiro, em sua bela sede.
Estavam presentes o presidente, acadêmico Reynaldo Formaggio Filho, vice-presidente, acadêmica Francisca Borges da Cunha Zanin, 2.ª secretária, acadêmica Linah Biasi, tesoureira, acadêmica Leila Yunes. Cerimonialista, Linah Biasi.
Os acadêmicos cantaram o Hino da Academia, acompanhados ao piano pela acadêmica, maestrina Mirian Lauria Mantovani. O presidente acadêmico Reynaldo Formaggio Filho fez seu pronunciamento. “Minha missão é valorizar a viola. Isso eu consegui. Nem fabricavam mais. Hoje tem viola até com o meu nome. Quero valorizar também a música caipira, de raiz. Música caipira é riquíssima. O poeta caipira é um herói”, disse o presidente, citando palavras da inesquecível Inezita Barroso, a dama da música caipira brasileira, ao saudar aos presentes.
O presidente da APC lembrou que por iniciativa do deputado catarinense Onofre Santo Agostini, em 17 de fevereiro comemora-se o “Dia Nacional da Música Raiz Caipira”, e a Academia Paraisense de Cultura, em sua primeira sessão do ano de 2018 presta uma homenagem à Cultura Caipira Raiz. Nossas tradições e artistas merecem todo o nosso reconhecimento e gratidão, salientou.
Como mensagem exordial foi declamada a poesia “O Caipira”, escrita pelo presidente acadêmico.
Foram homenageados artistas que representaram todos os artistas caipiras de nossa terra que fazem Paraíso brilhar no cenário musical nacional.
Uma importante pesquisa sobre os homenageados, feita pelo acadêmico presidente com a cooperação valiosa do acadêmico André Cruvinel, compositor e cantor, foi lida após apresentação de cada homenageado.
Foram homenageados: Antônio Gonçalves de Pádua, conhecido nacionalmente por Correto. Ele nasceu em 16 de agosto de 1925 em Pratápolis. De uma família de oito filhos, são seus pais Alfredo Otoni Gonçalves de Pádua e Ana Silvério de Pádua. Casou-se com Mercedes Constantino de Pádua. Teve dois filhos: Nélio de Pádua e Ana Maria de Pádua. É uma pessoa versátil profissionalmente, no entanto dedicou-se mais às profissões de cabeleireiro, comunicador, canto e compositor.
Apresentou-se na Rádio Difusora Paraisense por mais de 40 anos, e posteriormente na Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte. Em 2003 iniciou um programa na Rádio Ouro Verde, de São Sebastião do Paraíso. Sempre foi um artista incentivador e divulgador da música sertaneja, não só como compositor, mas também participando e promovendo festivais e rodas de viola. Pessoa de grande nobreza, alegre, amigo.
Começou a compor aos 30 anos. Tem cerca de 400 composições que vão além do sertanejo. Compôs sambas, boleros, pagodes e músicas religiosas. É o compositor do Hino da Associação Atlética Paraisense. Formou dupla com Correia, Maurinho Ozelin e Corrente (José Salvador Eustáquio).
Tem suas composições gravadas por grandes nomes como o Trio Parada Dura, Pedro Bento e Zé da Estrada, Tião Carreiro e Pardinho, Zilo e Zalo, Trio das Alterosas, Duo Oliveira, Trio Nordestino, Lindomar Castilho, Mara Lima. Foi contratado por diversas gravadoras, tais como, Chantecler, Continental, Chororó, Califórnia. Sua composição, Mar Azul foi editada no Paraguai.
Outro homenageado foi Luiz Gonçalves de Souza, o Luiz Pierre, nascido em 26 de novembro de 1945 em Santo Antônio da Alegria. Foi lavrador durante grande parte de sua vida. Sempre gostou de esportes, e de música raiz, Tonico e Tinoco, Tião Carreiro, Teodoro e Sampaio, Sérgio Reis. O berrante o acompanha há muito tempo e hoje o instrumento se tornou seu hobby.
Manoel Mercídio de Souza
A luteria é arte de construir, manter e afinar instrumentos musicais. Para além dos conhecimentos técnicos, é necessário grande sensibilidade, desde a escolha da madeira, construção das formas, feitio dos instrumentos, afinação e grande paixão pela música. Este é um dom do senhor Manoel Mercídio de Souza. Autodidata, aprendeu o ofício após se aposentar, e há cerca de 15 anos fabrica violas, violões e cavaquinhos. Com amor exerce esta atividade. A Academia Paraisense de Cultura orgulha-se de conceder-lhe esta homenagem, disse o acadêmico presidente.
Marlon dos Reis Vieira de Pádua e Moisés de Brito Ferreira
São jovens e promissores violeiros de São Sebastião do Paraíso. Juntos foram a dupla Marlon & Moisés que tem recebido merecido reconhecimento por toda a região. Começaram; seu envolvimento com música nas manifestações da Folia de Reis, onde se encantaram pelo som da viola caipira. A dupla é formada por professor e aluno, já que Moisés percebeu o destaque de seu aluno Marlon e propôs a parceria em 2015.
Duarte e Vasconcelos
Além de primos, formam um dos duos mais representativos do universo sertanejo de Paraíso e região. José Vasconcelos Duarte residia em Campinas, mas sempre que retornava a Paraíso se encontrava com o primo Ronaldo Duarte Theodoro de Souza, e nesses encontros foram formando um repertório baseado em Tibagi e Miltinho, Belmonte e Amarai, Milionário e José Rico, entre outros. Em 1984 Vasconcelos retornou em definitivo a Paraíso, e surgiu a ideia de forma a dupla. No começo faziam shows acompanhados apenas por um violão. Mais tarde Messias Grillo começou a acompanha-los ao contrabaixo. E a banda ficou completa com Altamiro no teclado e sanfona e Quincas na bateria. Se apresentando em Paraíso e região, estava solidificada a dupla Duarte & Vasconcelos. Em 2007 gravaram um CD com a participação de diversos amigos: Matheus Minas, Xororó, Messias e Marcela Duarte, filha de Ronaldo. Duarte & Vasconcelos percorreram uma longa trajetória com muita alegria.
Marcela Rodrigues de Souza Duarte
É uma artista talentosa e versátil. Intérprete, compositora e musicista, já se apresentou solo, em dupla, banda e coral. Atualmente residindo na capital paulista, exerce a profissão de enfermeira, e também atua profissionalmente como cantora. Transitando por estilos variados, Marcela Duarte se uniu ao pai Duarte e ao primo Vasconcelos para homenagear a música caipira raiz, e também ser homenageada pela Academia Paraisense de Cultura.
Emocionados e felizes, artistas receberam certificados da APC pela brilhante participação na noite de homenagens. Cumprimentos, alegria, emoções e muitas fotografias, encerrou a festa.