CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Notícias paraisenses do início de 1934

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 14-03-2018 22:03 | 3345
Foto: Reprodução

O jornal A Noite, do Rio de Janeiro, de 16 de janeiro de 1934, publicou algumas notícias de São Sebastião do Paraíso, polo cafeeiro do Sudoeste Mineiro. Com certa regularidade, um cronista local elaborava uma síntese dos principais eventos ocorridos na cidade e enviava para o referido jornal. O destaque principal foi a formatura de novos doutores, filhos de famílias locais, que acabavam de concluir os cursos de Medicina, Direito e Engenharia. Na época considerada, além dos renomados cursos existentes em São Paulo e no Rio de Janeiro, estavam os da capital de Minas Gerais. Os jovens Geraldino Virgínio dos Santos, José Soares Martins e José Soares Filho acabavam de concluir a Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Jugo Ferreira havia concluído o curso na Faculdade de Direito, realizado em Belo Horizonte e José Pimenta Filho havia concluído o curso de Engenharia na Escola Politécnica de São Paulo. 
Além registrar a formatura dos novos doutores, foi noticiado o clima de otimismo que havia no município devido às excelentes perspectivas da próxima colheita do café. Nesse sentido, foi divulgado que as chuvas estavam caindo copiosamente em todo o município, para a felicidade dos agricultores, indicando que haveria uma excelente produção de cereais e florada dos cafezais, com possível recorde de colheita. 
No plano social foi noticiado o falecimento Dona Helena Conte Rossi, esposa do senhor Miceno Rossi, causando grande consternação na cidade. Em seu sepultamento compareceram muitos cidadãos, entre amigos, familiares, autoridades, representantes da comunidade italiana da cidade. A família do juiz municipal Luiz Gonzaga Samico e de sua esposa Gira Samico estava em festa, pelo nascimento de uma robusta menina que na pia batismal recebeu o nome de Ana Maria. {
No plano político, o correspondente reservou algumas linhas para informar que o coronel José Honório Vieira havia se submetido a uma intervenção cirúrgica, em sua propriedade agrícola, sendo seu médico o seu genro, Dr. Paulo Reis. Mesmo acamado, expressou seu contentamento pelas obras de construção do novo jardim municipal, que estavam bem adiantas, as quais estavam sendo consideradas um trabalho exemplar do novo prefeito empenhado em dotar a cidade de diferentes melhorias. 
Estavam em visita à cidade dois padres, Otto Maria e Antônio de Andrade, convidados pelo pároco José Felipe da Silveira, para auxiliarem em uma semana religiosa. Momento de grande emoção foi a chegada da imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, à estação ferroviária da Mogiana. Compareceram ao seu desembarque todas as congregações católicas, grande número de moradores, uma multidão de trabalhadores, estimada em cerca de três mil pessoas. 
Acabava de ser inaugurado um equipamento de radiologia na Santa Casa, o qual recebeu a denominação de “Dr. Agenor Alves de Azevedo”, pelos relevantes serviços prestados ao hospital do qual foi provedor. Na mesma oportunidade, foi inaugurado o Laboratório de Análise Clínicas, cujos equipamentos foram importados, a partir de uma generosa oferta da senhora Dolores Pimenta Marussig. 
No mesmo momento, os paraisenses estavam na expectativa da inauguração de uma instituição inédita na cidade, chamada “Escola Doméstica”. Organizada sob a liderança do Monsenhor Felipe da Silveira, essa escola iniciou um novo tempo de oportunidades para a instrução de moças, que passaram aprender diferentes serviços naquela época realizados quase somente por mulheres. Ainda no campo da assistência social, foi realizada no Grupo Escolar Campos do Amaral uma “festa do conforto”, organizada por senhoras católicas, para fornecer alimentos e roupas para pessoas carentes. Na mesma promoção foram distribuídos presentes para crianças pobres.