FURNAS

Deputados da região condenam plano do Governo Federal de vender Furnas

Por: Redação | Categoria: Cidades | 14-03-2018 14:03 | 2024
Deputados Emidinho Madeira e Cássio Soares também  se posicionaram contrários à venda da hidrelétrica
Deputados Emidinho Madeira e Cássio Soares também se posicionaram contrários à venda da hidrelétrica Foto: Sarah Torres

Deputados, prefeitos e lideranças sindicais participaram de audiência pública na segunda-feira (12/3), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para protestar contra a intenção do governo federal de vender Furnas Centrais Elétricas, empresa subsidiária da Eletrobrás que tem forte ligação com o Estado. Na oportunidade foi lançada a Frente Parlamentar contra a Privatização de Furnas, idealizada pelo deputado Emidinho Madeira (PSB). A iniciativa também conta com apoio dos deputados Antônio Carlos Arantes (PSDB) e Cássio Soares (PSD).
A desestatização da Eletrobrás está prevista no Projeto de Lei Federal 4.963/18, em tramitação na Câmara Federal. A audiência na assembleia foi presidida pelo deputado Antonio Carlos Arantes. Ele relatou que o auditório ficou lotado de funcionários da empresa e lideranças políticas dos municípios localizados no entorno do Lago de Furnas, que serão diretamente impactados com esta proposta. “
É um projeto absurdo. Energia elétrica não pode ser privatizada, por ser estratégica para o desenvolvimento e a autonomia política e econômica de um País, como acontece em países como Estados Unidos e Canadá. Além disso, o cidadão já paga muito caro pela energia elétrica e, com a privatização, a conta vai ficar ainda mais cara”, definiu Arantes.
O parlamentar destacou ainda que Furnas não é apenas importante para a geração de energia, mas é um polo forte de turismo e agronegócio, gerador de emprego, renda e desenvolvimento. “O Ministério de Minas e Energia tinha que ouvir todos os envolvidos e os cidadãos. Se não ouve, é porque tem altos interesses por trás das cortinas e, na hora que elas forem abertas, será tarde demais”, alerta. Arantes assegurou ainda que a mobilização deve prosseguir. “Vamos continuar nessa luta em defesa do grande patrimônio dos mineiros”, disse. 
Ainda durante a reunião, foi lançada a Frente Parlamentar contra a Privatização de Furnas, idealizada pelo deputado Emidinho Madeira (PSB). Emidinho e seus colegas João Vítor Xavier (PSDB), presidente da comissão, Antonio Carlos Arantes (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Durval Ângelo (PT), Rogério Correia (PT) e Cássio Soares (PSD), de forma unânime e representando um movimento suprapartidário no Parlamento mineiro, condenaram a possibilidade de venda da empresa. 
Em linhas gerais, os deputados usaram como argumento a necessidade de manter sob o controle do Estado a gestão de ativos relacionados à soberania nacional, o custo financeiro, ambiental e social envolvido na construção de Furnas, assim como prováveis consequências da medida, como o aumento da tarifa de energia.
Emidinho relembrou que a obra representa muito e tem um valor econômico importante para a região. “Para a construção de Furnas, muitas terras foram inundadas, famílias foram divididas. Muito investimento foi feito para vendermos a empresa a preço de banana”, destacou. Ele se referia à expectativa do governo de arrecadar cerca de R$ 12 bilhões com a privatização, enquanto estima-se que tenham sido utilizados R$ 400 bilhões para a estruturação da Eletrobrás.
Formada por várias outras empresas, a Eletrobrás controla 233 usinas e possui 61 mil quilômetros de linhas de transmissão, que atuam em toda a cadeia produtiva do setor. Furnas, especificamente, está presente em 15 estados e no Distrito Federal. Integram seu parque gerador 18 usinas hidrelétricas, duas termoelétricas e três parques eólicos. Por seus mais de 23 mil quilômetros de linhas de transmissão, passam 40% da energia nacional.
Deputados lembraram que o ex-governador Itamar Franco resistiu à inclusão de Furnas no Plano Nacional de Desestatização, implantado em 1999.  “Temos que marcar uma posição clara contra a privatização de Furnas, mobilizar a sociedade para derrubar a proposta do governo, como aconteceu em relação à reforma da Previdência”, sugeriu o deputado Cássio Soares.
Na mesma linha, os deputados Dalmo Ribeiro Silva, Rogério Correia e Durval Ângelo lembraram que, com o apoio da ALMG, o ex-governador Itamar Franco opôs forte resistência à inclusão da empresa no Plano Nacional de Desestatização, implantado em 1999 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Líder do Governo, Durval Ângelo defendeu que a capital do Estado seja transferida simbolicamente para o município de São José da Barra (Sul de Minas), que abriga a Usina Hidrelétrica de Furnas, no dia 22 de março, no qual se celebra o Dia Mundial da Água. A ideia foi acatada na forma de requerimento do deputado Cássio Soares a ser encaminhado ao governador Fernando Pimentel, também contrário à venda. A pedido do deputado Emidinho Madeira, foi aprovada uma moção de repúdio à medida.