Retornamos às páginas do diário “O Jornal”, do Rio de Janeiro, de 28 de agosto de 1936, para rememorar o triste episódio do desabamento da torre da Matriz de São Sebastião do Paraíso, polo cafeeiro do Sudoeste Mineiro. A antiga parte central da mesma Igreja, inaugurada em 1914 pelo pároco João Pedro Lafforgue, estava sendo utilizada, com entrada lateral, enquanto a nova torre estava em construção. A causa mais provável do desabamento foi um terrível vendaval, noticiado no referido jornal como furação, acompanhado de fortíssima chuva que assustou os moradores da cidade.
Felizmente não houve vítimas. Antes de iniciar o temporal, os operários desceram do altíssimo andaime, prevendo tratar-se de uma forte chuva. Mas os prejuízos materiais foram consideráveis. Foram estimados em 50 contos de reis, conforme publicou o referido jornal, arrecadados durante os anos anteriores, com generosas doações da comunidade católica local. Associado ao problema do vendaval, deve-se considerar a possibilidade de outro fator ter contribuído. Os três grandes sinos de bronze, importados da Itália, com o peso total de cinco toneladas, já estavam fixados no alto da torre. Entretanto, as paredes laterais ainda não estavam totalmente concluídas e as colunas principais não resistiram.
Como resultado do desabamento, um dos três sinos sofreu uma pequena trincadura, que, posteriormente, foi consertada com solda especial indicada mesmo fabricante. Semanas antes de ocorrer esse episódio, o Monsenhor José Felipe da Silveira escreveu um artigo publicado na imprensa local, expressando a alegria da comunidade católica pelo fato dos três sinos já estarem erguidos, no alto do “novo e monumental campanário”, doados pela senhora Dolores Pimenta Marussig. O pároco, que faleceria três anos depois, agradeceu ao nobre gesto da doadora, filha do coronel Antônio Pimenta de Pádua, que estava contribuindo para que a cidade tivesse uma das mais belas Igrejas do Sul de Minas.
Logo depois do desabamento, as lideranças da cidade se reuniram com o propósito de iniciar nova campanha para reconstrução de uma nova torre, que foi inaugurada em 1941, dois anos após o falecimento do Monsenhor Felipe e quando já havia assumido a paróquia o cônego Jerônimo Madureira Mancini. Na continuidade, teve início então novos projetos para a demolição da parte central e construção de uma nova Igreja por completo.