SEGURANÇA

Seis meses após explosões em Paraíso, nenhuma medida prática foi adotada

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 14-04-2018 10:04 | 4964
Lideranças se reuniram, mas adoções de medidas para aumentar a segurança foram descartadas devido aos custos.
Lideranças se reuniram, mas adoções de medidas para aumentar a segurança foram descartadas devido aos custos. Foto: Arquivo Jornal do Sudoeste

Era por volta de 4h30 da madrugada da terça-feira, 6 de junho de 2017, quando moradores de São Sebastião do Paraíso foram acordados com barulhos de explosões e tiros, no centro da cidade. Naquele dia, homens fortemente armados explodiram caixas eletrônicos na agência do Banco Mercantil, chegaram a trocar tiros com a polícia e fugiram rumo ao estado de São Paulo, sentido a Ribeirão Preto. A população ficou amedrontada, lideranças da cidade e gerentes de bancos se reuniram com as forças de segurança para discutir medidas para prevenir desse tipo de ação do crime organizado.
Passados 312 dias, contados até a sexta-feira,13 de abril de 2018, nenhuma medida prática foi adotada para melhorar a segurança na cidade, relacionada a esse tipo de situação. Foram realizadas duas reuniões na Prefeitura com a presença do comando da Polícia Militar, delegados da Polícia Civil, gerentes e representantes das agências bancárias da cidade. Também participaram, o prefeito Walker Américo Oliveira, secretário municipal de Segurança Pública, Miguel Felix de Souza e o presidente da Associação Comercial e Industrial de São Sebastião do Paraíso, Ailton Rocha de Sillos.  
Na oportunidade, as autoridades demonstraram preocupação com o ocorrido e durante os dois encontros realizados foram apresentadas propostas para o melhoramento da segurança preventiva e outras medidas a serem adotadas. Na época, o prefeito Walker disse sentir-se preocupado com a situação e relatou que em menos de 15 dias, duas agências, a do Sicoob na Lagoinha e a do Mercantil, no centro, tinham sido alvos de ataques.
O então comandante da Polícia Militar, tenente-coronel Joelmar Lucas Andrade, disse que esse não é um problema exclusivo de São Sebastião do Paraíso e que outras cidades mineiras foram atacadas nos dias seguintes. Mesmo com pequeno efetivo e sem armamento equiparado ao dos bandidos, ele anunciou que a PM revidou como pode e continuará reagindo frente à ação marginal para defender a sociedade. Representantes dos bancos se solidarizaram e comentaram que funcionários estavam deixando a profissão traumatizados pelas ações cada vez mais ousadas dos criminosos, que além das explosões nas agências, também sequestram gerentes e familiares.
Das duas reuniões realizadas, surgiu a proposta apresentada pelo secretário de Segurança Municipal de Segurança, Miguel Felix, de ampliar o sistema de videomo-nitoramento entre outras medidas sugeridas pelos demais participantes. No entanto, o projeto avaliado em cerca de R$ 350 mil foi rejeitado por ser considerado muito caro pelos parceiros. "Nós já temos um sistema implantado, que precisa ser modernizado e ampliado, mas a Prefeitura sozinha não tem condições de fazer estes melhoramentos. Os dirigentes bancários, principalmente dos grandes bancos, já investem alto em seguro e outras medidas e disseram que preferiram deixar a proposta de lado", disse.
Ele confirmou que não foram adotadas medidas práticas. "Cada um segue fazendo a sua parte, mas não conseguimos implementar o projeto", comenta. Também neste período não houve mais visita dos bandidos em Paraíso. No entanto, os criminosos atuaram na região em cidades como São Tomás de Aquino, Monte Santo de Minas, Itamogi, Jacuí e Cássia, entre outras localidades. Neste período de tempo, a agência do Banco Mercantil foi reformada após funcionar em atendimento improvisado em um container e voltou a funcionar normalmente. 



 



INVESTIGAÇÕES
Na época da ocorrência, o delegado Regional de Polícia Civil, Fernando Augusto Bettio, disse que dois veículos utilizados pelos bandidos no assalto foram localizados em um matagal. Também houve a apreensão de um aparelho celular deixado em um dos carros usados pelos criminosos.  Segundo o delegado Tiago Bordini - que chefia as investigações, "o trabalho de perícia foi realizado e as investigações estão em curso no sentido de identificar algum dos autores", disse.
Indagado pelo Jornal do Sudoeste na manhã de sexta-feira, (13/4), sobre o desfecho do inquérito, Bordini informou que as apurações prosseguem. "O caso continua ainda em investigação. Todas as provas colhidas como os carros e aparelho celular contribuem para as investigações. Só que é um trabalho demorado, pois depende de quebra de sigilo, temos a cooperação de outros estados, o processo andou, mas ainda está em andamento", finalizou.
Após terror em Passos, bandidos fogem e políciainvestiga ação da quadrilha
As forças de segurança continuam empenhadas na apuração do mega roubo nas agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, ocorridos na madrugada de quarta-feira,(11/4), em Passos. Além das polícias Militar e Civil, as investigações também estão sendo conduzidas pela Polícia Federal, que passou a fazer parte dos trabalhos. Até o fechamento da matéria na sexta-feira,(13/4), nenhum dos assaltantes tinha sido preso. 
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que está empenhada na busca dos envolvidos. Foram empenhados mais de 120 policiais nas buscas, além de quatro aeronaves das equipes da Coordenação Aerotática (CAT), da PCMG, as equipes do Departamento
Estadual de Crimes contra o Patrimônio (Depatri) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE). 
Ainda, no local, acompanharam os trabalhos o Delegado-geral Carlos Capristrano, Superintende de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ); o Chefe do Depatri, Delegado Rodrigo
Bustamante; o Chefe do Departamento de Polícia Civil em Poços de Caldas, Delegado-geral Bráulio Stivanin Júnior; o Delegado Regional de Passos, Marcus Pimenta; o Delegado Regional de São Sebastião do Paraíso, Fernando Augusto Bettio, e o Delegado Regional de Alfenas, Thiago Gomes Ribeiro. 
Foram apreendidos explosivos e demais materiais que estão sendo periciados. Os trabalhos de inteligência investigativa estão utilizando alta tecnologia para apuração dos fatos e prisão dos envolvidos. Além disto, há envolvimento das demais forças de segurança e troca de informações com a polícia do estado de São Paulo para dar maior celeridade às investigações. 
Durante as buscas foram localizadas e apreendidas cinco caminhonetes de diversos modelos utilizadas pelos bandidos durante a ação e a fuga. Uma delas a Toyota Hilux, de cor preta, ano 2016, possui placa PQM-4678, de São Sebastião do Paraíso, blindada, como as demais. A polícia informou que todos os veículos eram clonados. Quatro pessoas que foram detidas inicialmente para serem interrogadas sobre envolvimento com a quadrilha foram ouvidas e liberadas. As investigações continuam. 



 



AÇÃO CINEMATOGRÁFICA
Conforme Boletim de Ocorrência da Polícia Militar integrantes da quadrilha incendiaram dois ônibus que foram atravessados na MG-050. Antes de o comboio chegar à região dos bancos a polícia já os acompanhava na área central da cidade, mas os criminosos perceberam, pois, interceptaram as transmissões de rádio. Pelo menos um aparelho de escuta foi abandonado e recolhido. Por diversas vezes policiais e bandidos se cruzaram e houve várias trocas de tiros. Os criminosos usavam metralhadoras e armas de grosso calibre, como um fuzil .50, conforme capsulas encontradas nos locais de tiroteio. Apesar de um dos marginais ter sido alvejado, ele foi socorrido pelos comparsas e com os veículos blindados o bando conseguiu fugir junto com os demais. 
Nos destroços dos bancos explodidos foram abandonadas bananas de dinamite e foi preciso que uma equipe de operação especial viesse de Belo Horizonte para desarmar os artefatos. As agências ficaram totalmente destruídas e suas portas foram fechadas com tapumes e não há previsão para que sejam reabertas para atendimento público. No edifício Satélite, onde funcionava o Banco do Brasil, o cofre foi estourado. Ao lado, na Caixa, havia um posto de penhora de bens que abrigava produtos de toda a região. Estima-se que mais de R$ 60 milhões tenham sido levados.