Não fosse a Fórmula 1, poucas pessoas saberiam dizer onde fica o Bahrein, pequeno país encravado numa ilha do Golfo Pérsico. Este será o 14º GP do Bahrein, prova que desde 2014 passou a ter largada no crepúsculo do dia e entra pela noite sob as luzes artificiais, proporcionando belíssimo cenário numa junção do que a natureza e os petrodólares são capazes de causar no Circuito de Sakhir.
O GP do Bahrein pode responder algumas questões que o GP da Austrália deixou no ar. Uma delas é descobrir o quanto a Mercedes está na frente da Ferrari. Nos treinos, em Melbourne, a Red Bull passou a impressão de estar mais próxima da Mercedes do que a Ferrari, mas na corrida faltou fôlego para a equipe austríaca, e a Mercedes não pareceu tão superior quanto nos treinos, principalmente no Q3 quando Hamilton cravou a pole com mais de seis décimos de vantagem sobre o segundo colocado, Kimi Raikkonen.
Porém, as 58 voltas da corrida provaram que a velocidade assustadora da Mercedes no treino de sábado foi muito em função do que o próprio Hamilton classificou como “modo festa”, a configuração de motor que a Mercedes usa na última parte do treino classificatório. E quem levou a melhor na hora do vamos ver foi a Ferrari que ousou na estratégia, e Sebastian Vettel ainda contou com a sorte de um Safety Car para vencer e gerar essa dúvida quanto a relação de forças entre as equipes neste começo de campeonato.
Valtteri Bottas também merece atenção. O finlandês está sob enorme pressão depois de bater sozinho no início do Q3, na Austrália. A batata já começou assar nas mãos de Bottas que tem contrato apenas para este ano, e o de vários pilotos que estão de olho em sua vaga na Mercedes, também termina ao final desta temporada, entre eles Daniel Ricciardo que começa a dar sinais de que não estará na Red Bull em 2019.
Vai ter muita gente também de olho na Haas. O surpreendente desempenho da equipe norte-americana, em Melbourne, apesar da catástrofe de dois pit stops que arruinou o excelente trabalho que Kevin Magnussem e Romain Grosjean faziam – em condições normais eles seriam 4º e 5º colocados respectivamente se não tivessem deixado os boxes cada um com uma roda de seus carros mal fixada –, causou inquietação no pessoal do pelotão intermediário.
Chefes mais exaltados, como os da McLaren e Force India, solicitaram investigação da Federação Internacional de Automobilismo quanto à legalidade da parceria técnica que existe entre a Haas e a Ferrari, uma vez que o VF18 do time americano é praticamente uma réplica do modelo SF70H da Ferrari do ano passado.
“Eu não sei como alguém que esta no esporte há dois anos e sem recursos possa produzir um carro assim. É mágica? Se for, eu quero a varinha”, bradou Otmar Szafnauer, diretor de operações da Force India.
Mas ao chegar no Bahrein, Charlie Whiting, delegado técnico da FIA, tratou de acalmar os mais exaltados e garantiu que não há nada de errado na parceria técnica entre as duas equipes. Seria bom ver a Haas se tornar a sensação da temporada.
SERGIO SETTE CÂMARA
No Bahrein, Sergio Sette Câmara inicia sua segunda temporada na F2, último degrau da escala natural antes da Fórmula 1. O desafio do mineiro será enorme na bem estruturada equipe Carlin, que dividirá com o talentoso inglês Lando Norris, protegido da McLaren e que já é apontado como o novo Hamilton das pistas.
AGENDA CHEIA
Final de semana de F1, F2, MotoGP na Argentina, F-Indy (hoje) em Phoenix com estreia de Pietro Fittipaldi, neto de Emerson, e rodada dupla da Stock Car, amanhã, em Curitiba. E eu só queria saber de onde partiu a ideia de fazer a Stock no mesmo horário do GP do Bahrein?