CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Boletim da Associação Comercial de Passos – 1937

Por: Bruno Félix | Categoria: Cidades | 11-04-2018 12:04 | 2566
Praça Geraldo da Silva Maia e antiga Estação Rodoviária de Passos. Fonte: Projeto Cidades do IBGE
Praça Geraldo da Silva Maia e antiga Estação Rodoviária de Passos. Fonte: Projeto Cidades do IBGE Foto: Reprodução

 



 



A escrita da história passa pelo desafio da pesquisa e recuperação de fontes, de variados tipos e natureza, para que os eventos possam ser, pouco a pouco, recolhidos, organizados e os fatos tratados em seus devidos contextos e referências. No caso da história regional as dificuldades são bem maiores. Muitas vezes, corre-se o risco do predomínio da memória pessoal, como se esse tipo de informação pudesse, de forma isolada, expressar a verdade histórica. Por outro lado, nem sempre os documentos são preservados e os arquivos disponibilizados. Desse modo, trata-se de uma questão que depende de políticas públicas de valorização da atividade ar-quivística, bem como da colaboração e iniciativa de instituições e pessoas interessadas.
Com base nesse pressuposto, esta crônica focaliza o Boletim da Associação Comercial de Passos, cidade polo do Sudoeste Mineiro, publicado no mês de abril de 1937, que se encontra disponível para consulta na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro. A importância desse periódico, como fonte da história regional, está associada ao fato do mesmo registrar aspectos de um período de grande importância na expansão da atividade agrícola e pecuária na região, com os primeiros movimentos de inserção da atividade industrial e ampliação do comércio.
A referida associação estava no seu terceiro ano de atividade e sua criação coincide com a existência efêmera da Federação Sindical Trabalhista Sul de Minas, criada em julho de 1933, em São Sebastião do Paraíso, sob a direção do empresário e jornalista Roberto Scarano. Após quase meio século de predomínio da cafeicultura e da pecuária, como principais fontes da riqueza do Sudoeste Mineiro, estava em curso a criação das primeiras indústrias de transformação, tais como usinas de açúcar e álcool, torrefadoras de café, laticínios, curtumes, extração de minério, fábrica de cimento, fábricas de móveis e artefatos de madeira, entre outras. 
Naquele momento, foi anunciado a instalação de mais uma casa bancária em Passos, com a proposta de financiar projetos de apoio à atividade agrícola e pecuária, bem como para a expansão do comércio e indústria, através de um escritório de representação do Banco Mineiro do Café. Estavam também funcionando naquele momento o Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais, o Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais e uma agência do Banco Comercial de Alfenas.
Entre as principais indústrias da cidade, o referido boletim anunciou as seguintes: Companhia Açucareira e Fluvial Passos, Empresa de Laticínio Aviação, de Gonçalves, Salles e Cia., Companhia Laticínio Sul Ltda., Máquinas de Beneficiar Arroz, Fábricas de Cal, Fábricas de Arreio, calçados e artefatos de couro, pequenos engenhos de açúcar, charquearias, alambiques, serrarias e fábrica de móveis. São sinais distantes das bases econômicas lançadas há 80 anos, para a grandeza da cidade dos nossos dias.