Há um “quê”, de graça, a mais na Fórmula 1 quando Daniel Ricciardo vence. Ele a torna mais humana, mais festiva. Domingo não foi diferente, em Xangai. Numa corrida em que a Red Bull foi ousada em realizar com êxito dois pit stops duplos com seus pilotos, Ricciardo levou a equipe austríaca à primeira vitória do ano e que só não foi coroada com dobradinha porque o Max Verstappen cometeu vários erros, um deles ao tocar em Vettel e prejudicar a corrida do líder do campeonato.
A vitória de Ricciardo passa primeiro pelo drama vivido na manhã de sábado no terceiro treino livre, quando teve o motor Renault quebrado e os mecânicos da Red Bull tiveram que se desdobrar para substituir as unidades de potência (nome que se dá aos atuais motores da Fórmula 1) em apenas duas horas. Tempo curto demais, tamanha complexidade da operação. Faltavam 3 minutos apenas para o fim do Q1, a primeira parte da classificação, quando o australiano foi para a pista com a missão de avançar para o Q2.
E do Q2 Ricciardo foi para o Q3 e largou em 6º numa corrida em que as atenções eram voltadas para o duelo entre Mercedes e Ferrari – Bottas X Vettel – já que estranhamente, mais uma vez Lewis Hamilton enfrentava dificuldades em lutar pela vitória com o outro carro da Mercedes.
Sobre começo de temporada de Hamilton e da Mercedes, cabe um parágrafo à parte: Desde a introdução da era hibrida na Fórmula 1, em 2014, é a primeira vez que a equipe alemã passa as três primeiras corridas do ano sem vencer. Embora a Mercedes não admita, o W09 parece sofrer do mesmo mal do modelo do ano passado com os pneus que ora superaquecem muito, como no Bahrein, ora não aquecem, como na China. Talvez isso explique a falta de desempenho de Hamilton por interferir diretamente em seu estilo de pilotagem, algo que já havia sido notado na temporada passada. Com a exceção da pole position na Austrália, Hamilton foi superado por Bottas nos treinos e corridas do Bahrein e da China. E apesar do imensurável talento – tetracampeão por méritos, dono de vários recordes na Fórmula 1, dentre eles o maior número de pole position (73) –, já vimos que Hamilton é suscetível à queda de desempenho quando algo não vai bem, o que sinaliza a hipótese de haver outro fator por trás interferindo em seu desempenho. Vamos aguardar.
Voltando à corrida de Xangai, uma vitória da Red Bull parecia tão improvável quanto à da Ferrari na Austrália, até que uma batida entre os dois pilotos da Toro Rosso colocou a equipe austríaca no páreo com a segunda troca dupla de pneus nos carros de Ricciardo e Verstappen quando o Safety Car. foi acionado.
Enquanto a Federação Internacional de Automobilismo investiga os vários incidentes que têm acontecido nos pit stops este ano – na Austrália a Haas liberou os dois carros dos boxes com uma roda de cada mal fixada; no Bahrein Kimi Raikkonen atropelou um mecânico porque foi autorizado a partir antes que uma das rodas fosse substituída –, a tática de pit stop duplo da Red Bull pode virar moda nas estratégias daqui pra frente.
E o que Verstappen não foi capaz de fazer, Daniel fez com arrojo: quatro ultrapassagens sobre Raikkonen, Hamilton, Vettel e a mais espetacular, que valeu ficar acordado durante a madrugada, sobre Valtteri Bottas na volta 45 e caminhar para sua sexta vitória da carreira. No pódio, não faltou o champanhe na bota, como Ricciardo gosta de comemorar suas conquistas.
Pra quem busca um piloto para torcer depois que a Fórmula 1 ficou sem brasileiros, Daniel Ricciardo é uma boa opção. Fica aí a dica.
STOCK CAR
Foi num 22 de abril de 1979 que a Stock Car. disputou sua primeira corrida, em Trauma/RS. Coincidência ou não do calendário, amanhã (22/04), pertinho dali, em Nova Santa Rita/RS, tem a 3ª etapa da temporada, no Velo park.
MOTO-GP
“Corrida difícil, destruída por um piloto perigoso”(!!!), postou Valentino Rossi em suas redes sociais depois dos episódios da Argentina, em que foi derrubado por Marc Márquez. Amanhã tem Moto-GP em Austin (EUA) sob clima tenso.