MALHA CICLOVIÁRIA

Proposta de anteprojeto da malha cicloviária da cidade de São Sebastião do Paraíso é apresentada ao prefeito

Por: Redação | Categoria: Cidades | 26-04-2018 17:04 | 5107
Foto: Reprodução

A Mobilidade Urbana na cidade de São Sebastião do Paraíso foi objeto de um estudo científico desenvolvido por Érika Moreira Coelho, arquiteta e urbanista natural de Belo Horizonte.
Estudos Preliminares para Elaboração da Malha Ciclo-viária da Cidade de São Sebastião Do Paraíso – MG foi o título do seu Trabalho de Conclusão de Curso, que defende a viabilidade da implantação de ciclovias e ciclofaixas dentro da malha urbana, e propõe o Anteprojeto da Malha Cicloviária, possibilitando o acesso a todos os bairros da nossa cidade por bicicleta.
A bicicleta é utilizada como meio de transporte em vários países, e o Brasil vem seguindo esta tendência. O Plano de Mobilidade de São Sebastião do Paraíso, publicado em junho de 2015, prevê a criação da malha cicloviária, atendendo à determinação do Governo Federal.
A fim de contribuir para o desenvolvimento urbanístico da cidade, Érika entregou sua produção acadêmica completa ao prefeito municipal, Walker Américo de Oliveira, na última quarta-feira, dia 11 de abril. Na ocasião estiveram presentes: o Secretário de Segurança Pública, Trânsito, Transporte e Defesa Civil, Miguel Felix de Souza, e a Chefe do Departamento de Trânsito, Walquíria Caetano de Pádua Vieira. 




 




A BICICLETA E A MOBILIDADE URBANA
Não se trata de eliminar os automóveis da malha urbana, mas criar uma infraestrutura que permita o aumento do número de bicicletas no trânsito urbano de forma segura e organizada.
Há várias formas de se deslocar pela cidade: as não motorizadas: a pé, de bicicleta, de patins, etc.; e as motorizadas: em motocicletas, automóveis, ônibus, etc. Cada uma delas tem suas vantagens e quando utilizadas de forma racional e harmônica geram economia para a população e o município.
Os deslocamentos a pé são indicados para distâncias de até 3 quilômetros; as bicicletas devem ser usadas como meio de transporte em distâncias de até 8 quilômetros; e os veículos motorizados devem ser utilizados para vencer distâncias acima de 8 quilômetros, ou em casos específicos, como transporte de pacientes, pessoas com dificuldade de locomoção, cargas, etc.
Embora a aquisição de motocicletas e carros ainda represente status social no Brasil, o transporte coletivo, feito em São Sebastião do Paraíso pelos ônibus circulares, e o ciclismo são os mais econômicos e sustentáveis. Em países mais desenvolvidos esses são os meios de transporte mais utilizados pela maioria da população, independentemente de sua posição social.
Seguindo a tendência internacional, um número cada vez mais significativo de bicicletas, utilizadas não só para o transporte, mas também para a prática de exercícios físicos, vem tomando as ruas e avenidas do nosso município. Portanto, a implantação da Malha Ciclo-viária urbana se torna cada vez mais necessária.




 




ANTEPROJETO DA MALHA CICLOVIÁRIA
O Anteprojeto da Malha Cicloviária de São Sebastião do Paraíso propõe a implantação de um sistema de ciclovias e ciclofaixas definindo o seu local de implantação e as medidas mínimas a serem respeitadas.
A rota cicloviária proposta abrangendo toda a área urbana permitindo que qualquer cidadão utilize a bicicleta nos seus deslocamentos pela cidade, seja para prática de esportes, o laser ou como meio de transporte.
A escolha do traçado da ciclorota teve início na coleta de dados técnicos junto a Secretaria de Trânsito da Prefeitura Municipal, através da Chefe do Departamento de Trânsito, Eng.ª Walquíria Caetano de Pádua Vieira, onde foram obtidas informações pormenorizadas sobre as particularidades do trânsito urbano.
Baseando-se nos Mapas da Hierarquia Viária e do Zoneamento Urbano disponibilizados pela prefeitura foi elaborado o Mapa de Marcos Geradores de Tráfego, evidenciando os mais prováveis destinos urbanos dos paraisenses: de Igrejas a Hospitais, passando por Clubes, Escolas, etc. Destinos que a Malha Cicloviária deveria contemplar.




 




Veja foto mapa




 




Foi prevista a implantação de três tipos de ciclovias que permitem o deslocamento pelo centro e atingem os extremos da cidade; e ciclofaixas, que facilitam o acesso ao interior dos bairros. Todas elas foram distribuídas de forma a direcionar o fluxo das bicicletas e organizar melhor o tráfego dos ciclistas, facilitando o convívio dos veículos nas vias e diminuindo o risco de acidentes.
As ciclovias são: Segregadas no Lado Direito das Vias, que são de mão única e seguem o fluxo do tráfego da faixa de rolamento adjacente; Segregadas em Canteiro Central e Segregadas Junto à Faixa de Servidão – ao longo da BR 491, sendo as duas últimas de mão dupla. As Ciclofaixas propostas são todas de Mão Única na Lateral Direita das Vias. 
As ciclofaixas propostas são todas de mão única e localizam-se à direta da via. Apesar de estarem no mesmo nível das pistas de rolamento, receberão pintura ao longo de todo o seu percurso a fim de sinalizar sua presença de forma bem visível e marcante. Sugere-se também a adequação do pavimento em algumas vias que não são asfaltadas, pelo menos na lateral destinada à ciclofaixa, para promover o conforto dos ciclistas. 
A escolha da lateral direita para a circulação das bicicletas segue o modelo holandês de malha cicloviária, que tem a bicicleta tradicionalmente como meio de transporte na sua mobilidade urbana. De acordo com as leis de trânsito, os veículos mais lentos devem ficar à direita, e as ultrapassagens são feitas pela esquerda, então a posição dos ciclistas à direita dos veículos motorizados faz mais sentido para os usuários das vias.
Nas demais vias, onde o tráfego será compartilhado, sugere-se apenas a sinalização, sendo esta por placas e pintura no pavimento, indicando a presença de ciclistas nas vias. Desta forma se despertará a atenção do motorista para a presença dos ciclistas, diminuindo potencialmente o risco de acidentes e aumentando a segurança nestas vias.
Como as avenidas e ruas escolhidas para sua implantação têm largura variável, foram previstos alguns modelos de Ciclovias e Ciclofaixas de Mão Única Segregadas do Lado Direito da Via com suas medidas mínimas, para que possam ser implantados em qualquer via. A escolha do modelo adequado à via será feito de acordo com a sua largura, uma vez que a ampliação das vias seria inviável.
As ciclovias e ciclofaixas de mão única situam-se entre a faixa de estacionamento ou de rolamento e a calçada, favorecendo a segurança tanto de ciclistas quanto de pedestres, que circularão a maior distância do fluxo motorizado.
Uma vez que estas ciclovias são elevadas em relação ao pavimento das faixas de rolamento, e niveladas com as calçadas, observa-se uma ampliação da área de circulação não motorizada. Embora haja sinalização separando as áreas destinadas ao trânsito de pessoas e bicicletas, a fim de evitar acidentes, o alargamento da área segregada da via cria conforto visual e atrai um número maior de pedestres e ciclistas para as vias.
O paisagismo é um elemento extremamente importante no Anteprojeto, pois garantirá a sombra e será um elemento decorativo, tornando o trajeto mais agradável e atrativo para ambos os usuários. Está previsto o plantio de árvores ao longo de todo o trajeto, em faixa especialmente a ele destinada, localizada entre as calçadas e as ciclovias e ciclofaixas. 
Na mesma faixa destinada ao paisagismo, deverão ser instalados os postes de iluminação e as lixeiras, proporcionando a limpeza e a segurança à noite. O caminho estará desobstruído e bem iluminado para ciclistas e pedestres.
As ciclovias de mão dupla, a serem implantadas em canteiro central ou na faixa de servidão, também serão elevadas em pelo menos 10 cm relação às faixas de estacionamento e rolamento, e o paisagismo já existente garantirá o conforto dos ciclistas.
Embora o custo das ciclovias seja mais alto do que o das ciclofaixas, sua construção gera mais benefícios, não somente para os ciclistas, como também para os pedestres, sendo então urbanisticamente mais eficientes. E num segundo momento, considerando-se um planejamento em longo prazo, as ciclofaixas projetadas poderão ser substituídas por Ciclo-vias de Mão Única Segregadas do Lado Direito da Via.
O anteprojeto apresenta também modelos de rotatórias e cruzamentos, os chamados locais de conflitos nas vias, definindo os espaços destinados aos veículos motorizados, aos ciclistas e aos pedestres. A implantação de faixas elevadas está prevista em todos os cruzamentos e rotatórias.
De um modo geral a rota ciclística proposta tem topografia suave e adequada ao trânsito das bicicletas, sendo poucos trechos apresentam inclinação maior do que a desejada. 
Propõe-se que as ciclo-faixas existentes serão mantidas e adequadas aos novos modelos, e que as vias de trânsito exclusivo de pedestres, bem como as passarelas, sejam adaptadas para o trânsito compartilhado com bicicletas.
Previu-se a construção de um bicicletário e a instalação de paraciclos em locais estratégicos distribuídos por toda cidade. Para que sejam utilizadas como meio de transporte, é fundamental que haja vagas de estacionamento para as bicicletas próximo aos destinos onde o usuário permanecerá.
Optou-se por situar os paraciclos próximo a locais onde haja segurança, pública ou privada, cuja presença intimidará possíveis furtos. Não há necessidade de que sejam cobertos ou fechados, mas devem ser bem resistentes e construídos de forma a permitir que as bicicletas fiquem ali presas por correntes, cadeados, etc.
Apenas um bicicletário foi previsto no projeto e se localiza nas imediações da Rodoviária. Desta forma os cidadãos que viajam diariamente para cidades vizinhas de ônibus, poderão estacionar suas bicicletas em local protegido. E, como todas as linhas de ônibus circulares param no ponto da Rodoviária, a intermodalidade poderá ser estimulada.
A ideia do Anteprojeto é que toda e qualquer pessoa, seja um cidadão ou visitante da cidade de São Sebastião do Paraíso, que resolva usar uma bicicleta, possa fazê-lo com segurança, conforto e prazer, independentemente da finalidade, possibilitando assim a entrada efetiva das bicicletas no cenário do cotidiano urbano.




 




Veja foto mapa




 




 




VANTAGENS DO USO DA BICICLETA
A implantação da malha cicloviária, como toda e qualquer mudança urbanística, pode gerar desconforto e resistência por parte da população, mas é importante conhecer as suas vantagens.
Em São Sebastião do Paraíso, a bicicleta já faz parte do cenário da mobilidade urbana, compartilhando as vias com os meios de transportes motorizados de forma intuitiva.
Criando-se uma malha cicloviária urbana, o fluxo das bicicletas será organizado de forma técnica, o que resultará em maior segurança e fluidez nas vias de um modo geral. 
O ciclismo pode combater e evitar doenças crônicas provocadas pelo sedentarismo: como obesidade, diabetes, hipertensão, etc.. E enfermidades decorrentes da poluição atmosférica: que vão desde a rinite ao câncer de pulmão; e da poluição sonora, como as doenças auditivas e o estresse, entre outras.
No âmbito da sustentabilidade destaca-se preservação dos recursos naturais, uma vez que a bicicleta é o menor dos meios de transporte e dispensa o uso de combustíveis, pois não precisa de motor para se locomover.
O investimento em um modal sustentável disponibilizará recursos anteriormente usados para solucionar problemas de saúde, ampliação e manutenção de vias, que poderão atender a outras demandas da população.
Sendo acessível a todas as camadas sociais, econômicas e culturais da população, em qualquer faixa etária, estimular o seu uso proporcionará a melhoria da qualidade de vida da população como um todo e a inclusão social.
Além disso, São Sebastião do Paraíso apresenta duas características que permitem o uso ilimitado da bicicleta dentro do meio urbano: o relevo predominantemente ondulado e a prevalência de deslocamentos de pequenas e médias distâncias.
A inserção formal das bicicletas dentro da mobilidade urbana consolidará a permanência daqueles que já fazem uso da bicicleta como matriz de transporte em seus deslocamentos urbanos e ampliará este universo, atraindo para as malha viária novos ciclistas.
A partir do momento que os cidadãos paraisenses utilizarem a malha cicloviária urbana para o seu transporte, lazer e esporte, os benefícios acima descritos serão sentidos, e o retorno superará o investimento, gerando economia e saúde para o município e sua população.
Os Estudos Preliminares para Elaboração da Malha Cicloviária da Cidade de São Sebastião Do Paraíso – MG, evidenciam que, quando o urbanismo sai da escala das máquinas motorizadas e ganha a escala humana, cria-se um círculo virtuoso de saúde, segurança, sustentabilidade e qualidade de vida.