Num primeiro momento eu atribuí a culpa pelo acidente entre os dois pilotos da Red Bull, na 40ª volta do GP do Azerbaijão, a Max Verstappen. “O teu passado te condena”, embarquei no ditado popular.
O jovem holandês é dono de mudar a trajetória de um lado para o outro na zona de frenagem, o que é proibido por regra, e já causou alguns contratempos com Kimi Raikkonen na Bélgica e com Hamilton em Kuzuka, em 2016. E no perigoso circuito urbano de Baku ele dançou de um lado para o outro para se defender da tentativa de ultrapassagem de Daniel Ricciardo que acabou lhe acertando na traseira e causando o abandono dos dois.
Mas desta vez a culpa não pode recair somente sobre os ombros de Verstappen. Revendo várias vezes o vídeo da batida, deu pra perceber que foi mais um acidente de corrida do que uma manobra desleal de Verstapen. Ricciardo também teve sua parcela de culpa ao frear tarde demais e não conseguir evitar a batida. O australiano melhor do que ninguém sabia com quem estava lidando. Essa foi a visão que tiveram os comissários da Federação Internacional de Automobilismo que decidiram não punir nenhum dos dois, dando-lhes apenas uma advertência. Melhor assim.
Mais duros foram os dirigentes da Red Bull, Christian Horner e Halmut Marko, que exigiram de Verstappen e Ricciardo se desculparem diante dos 800 funcionários da equipe “que dão o duro na fábrica para entregar-lhes um carro competitivo e eles (os pilotos) fazerem o que fizeram”, bradou Christian Horner.
O acidente entre os dois era iminente. Eles vinham se pegando na corrida desde as primeiras voltas. Chegaram a bater rodas. Na 35ª volta Ricciardo ultrapassou Verstappen e assumiu a 4ª posição. Estranhamente na volta 38 o australiano foi chamado aos boxes para o pit stop. Normalmente a equipe tende a preservar a posição de quem está na frente, chamando primeiro o piloto que vem atrás. Não foi o caso no Azerbaijão. Na 39ª volta foi a vez de Verstappen trocar os pneus e voltar imediatamente à frente do companheiro de equipe. E na 40ª volta aconteceu a colisão que mudou os rumos e a história do GP do Azerbaijão, uma corrida que caminhava para uma vitória tranquila de Sebastian Vettel, que depois virou para o lado de Valtteri Bottas e acabou caindo no colo de Lewis Hamilton que venceu pela primeira vez no ano.
Vettel havia liderado da largada até a 31ª volta quando parou para trocar os pneus supermacios (faixa vermelha) pelos macios (faixa amarela). Valtteri Bottas assumiu a liderança com os pneus supermacios desde a largada, e quando fizesse o seu pit stop, Vettel reassumiria a ponta e caminharia tranquilo para a vitória. Esse era o panorama do GP.
Mas o Safety Car mudou tudo. A Mercedes parou Bottas e substituiu os pneus supermacios pelos ultramacios (faixa roxa), mais aderentes. Como a temperatura estava baixa em Baku, e em ritmo mais lento por causa do Safety Car, os pilotos calçados de pneus macios teriam dificuldades em manter a temperatura ideal de funcionamento.
A Ferrari foi esperta ao chamar novamente Vettel para fazer a mesma opção de pneus que a Mercedes fez para Bottas. Hamilton também fez o mesmo.
Mas aí o destino já estava selado. Na relargada Vettel forçou e errou na ultrapassagem sobre Bottas e caiu para 5º. Duas voltas depois Bottas passou sobre um pedaço de carro na pista e furou o pneu traseiro. E Hamilton que foi apenas coadjuvante no Azerbaijão, virou o novo líder do campeonato com 70 pontos contra 66 de Vettel, 48 de Raikkonen e 40 de Bottas que se não fosse o pneu furado na penúltima volta seria ele o líder do campeonato.