A formação em uma universidade de excelência é o sonho de todo jovem que pretende seguir uma carreira profissional e, cada vez mais, tem buscado formação em universidades fora do país, como é o caso do estudante de medicina Evandro Antônio Dias, de 23 anos, graduando na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. O jovem conta, que, estudar fora do Brasil foi uma vontade que surgiu quando estava terminado seus estudos do ensino médio. Em 2012, chegou a ser aceito na University Of Bridge Port, em Connecticut, nos Estado Unidos, mas que, mas por motivos pessoais, não pôde seguir os planos adiante.
“Até o ano de 2015 e 2016 segui estudando em cursos preparatórios para vestibulares, tentando ser aprovado nos difíceis exames de ingresso das universidades públicas brasileiras. A decisão de estudar medicina na Argentina surgiu no meu último ano de cursinho. Já conhecia a qualidade acadêmica e excelência das instituições Argentinas, as quais possuem dois prêmios Nobel da área da Saúde, e isso também foi uma condicionante para minha escolha, assim optando pela Universidade Nacional de Rosário”, conta.
Conforme narra, durante sua mudança para a Argentina, o processo de adaptação foi curto e ele conta que a muito grande aceitação de estrangeiros no país, principalmente na cidade de Rosário. “Nós nos equivocamos em pensar que existe uma rivalidade entre as nações, isso é mito, fui muito bem recebido pelo povo argentino e por suas famílias, que fazem nossa estada ser cada vez mais ‘leve’”, ressalta.
O estudante comenta a diferença nos sistemas de educação e saúde entre os dois países. “Na Argentina a educação é tratada de maneira imaculada, é um direito de estado universal que é garantido por qualquer governo que assuma a presidência deste país e defendido com muita ânsia pelo povo argentino. No Brasil a educação é tratada como um direito, mas não de maneira universal, deixando fora do sistema aqueles que não tiveram uma base de excelência para ingressar nas universidades públicas”, avalia.
Segundo conta Evandro, quando chegou à Argentina, ele pensou em seguir lá por alguns anos para poder devolver a sociedade argentina a educação que lhe foi blindada durante os anos que estudou no Brasil. “Com o passar dos anos passei a me identificar e me envolver cada vez mais com a Universidade e com o país, o qual não penso deixar tão cedo e pretendo trabalhar”, conta
Sobre os desafios enfrentados por ele no país vizinho é que um dos piores fatores que podem ser tratados como de fato um desafio, é a ausência do governo brasileiro para aqueles que escolheram viver fora do seu país de origem. “Infelizmente, nós brasileiros que estamos no exterior somos abandonados por nosso Governo. Em Rosário, segundo dados da municipalidade, existe uma população de mais de cinco mil brasileiros, os quais necessitam de realizar trâmites e outras demandas diante ao governo brasileiro e não são atendidos com facilidade. Existe um consulado honorário na cidade, mas que pouco pode fazer pelos brasileiros aqui residentes. Tal problemática gera de maneira direta problemas burocráticos na formação do estudante brasileiro”, relata o jovem.
Esse problema, no entanto, não impediu que o jovem continuasse com seus sonhos e passasse a desenvolver diversos projetos acadêmicos junto a Universidade e a Embaixada do Brasil em Buenos Aires. “No primeiro ano como acadêmico de Medicina na UNR, apresentei meu primeiro projeto, que abarca a comunidade e possui caráter institucional. Tal projeto busca brindar promoção e prevenção para a mulher e para o homem, assim como também tratar sobre temas como diversidade sexual, direitos reprodutivos e o papel do profissional da saúde na vida da comunidade”, explica.
Conforme destaca Evandro, esse foi o primeiro projeto apresentando um por um estudante brasileiro na Argentina. “Fiquei muito feliz em poder representar cada brasileiro que estuda aqui. Com o passar do tempo desenvolvi projetos e relações com grandes instituições brasileiras no último ano, mais precisamente com a Universidade de Campinas (Unicamp), tornando-me referência dela dentro da Universidade Nacional de Rosário. No próximo mês viajarei também para o Brasil representando a UNR no Marco Estudantil e de Relações Institucionais para a cidade de Fortaleza, onde visitarei a UECE, onde firmaremos o Marco Convênio de Cooperação entre ambas instituições na troca de informações e estudos no âmbito médico”, adianta o jovem.
Evandro também é docente do Modulo de Ingresso da Faculdade, docente e monitor das monitorias das áreas que compreendem o primeiro ano da Faculdade de Medicina, sendo o primeiro estrangeiro a entrar no meio docente da Faculdade, o qual ele define como “seleto e restritivo”, o qual pode, hoje, representar seus compatriotas e realizar suas tarefas como estudante e docente. “Hoje também lidero um dos grêmios acadêmicos da Faculdade de Ciências Médicas, onde fazemos políticas estudantis que brindam a todos os estudantes da Faculdade melhor qualidade acadêmica e participação no processo de decisões da Instituição, o qual nós estudantes participamos diretamente”, conta.
O jovem, que diz nunca ter passado por nenhuma situação de preconceito desde que chegou, conta que também teve a oportunidade de ser convidado pela embaixada brasileira a participar de uma reunião, onde foram explanados problemas vividos pelos brasileiros na cidade de Rosário e, também, em todo o território argentino.
“Nesta reunião com a cônsul Cláudia Buzzi e com o cônsul adjunto Guilherme Friaça, pude levar até as autoridades da embaixada brasileira todas as vicissitudes que assolam aos brasileiros e as necessidades do estudante perante ao Ministério da Educação e ao Ministério da Relações Exteriores do Governo Brasileiro”, destaca.
Segundo finaliza, neste ano os problemas levantados serão tratados na próxima cúpula do Mercosul, em Buenos Aires. “Estarei também presente”, completa.