DIA DA VITÓRIA

Fim da II Guerra Mundial

Por: Redação | Categoria: Brasil | 10-05-2018 09:05 | 8433
Autoridades inauguram monumento em homenagem aos  pracinhas paraisenses na Praça dos Expedicionários
Autoridades inauguram monumento em homenagem aos pracinhas paraisenses na Praça dos Expedicionários Foto: Arquivo Luiz Ferreira

No dia 8 de maio de 1945, o mundo celebrou a rendição incondicional das forças nazifascistas, que abriu caminho para a capitulação japonesa alguns meses mais tarde. Era o triunfo da liberdade sobre a opressão, da democracia sobre a tirania. Desde então, comemora-se, nessa data, o fim da II Guerra Mundial.
Após romper sua neutralidade inicial por conta do torpedeamento de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães, o Brasil declarou guerra ao Eixo em agosto de 1942, enviando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) ao Teatro de Operações da Europa, que contava com mais de 25.000 combatentes de todos os estados e territórios da Federação. A participação do Brasil nesse momento histórico foi decisiva para a vitória aliada. À Marinha do Brasil coube a tarefa de defender o nosso vasto litoral, proteger a navegação de interesse do País e participar de inúmeras operações de escolta a comboios. Nossa Força Aérea destacou-se no patrulhamento aéreo de nosso litoral e no heróico desempenho da Esquadrilha de Ligação e Observação e do 1º Grupo de Aviação de Caça nos céus da Itália.
Em 2 de julho de 1944, o 1º Escalão da FEB partiu rumo ao Teatro de Operações da Itália, desembarcando em Nápoles no dia 16. Após um curto período de instrução na Itália, as necessidades da Guerra impuseram ao Brasil uma entrada prematura na frente de batalha, em Camaiore, onde teve seu batismo de fogo.
A FEB atuou sobre os postos avançados da Linha Gótica, substituindo as tropas norte-americanas. Após a vitória em Camaiore, houve a conquista de inúmeras vilas e cidades, levando a um avanço de 40 quilômetros no Teatro de Operações.
Nossos soldados expedicionários encontraram e venceram o seu maior desafio opera-cional - Monte Castelo. Somente pela posse daquelas alturas, as forças do IV Corpo de Exército poderiam prosseguir em direção à Bolonha, grande objetivo do XV Grupo de Exércitos Aliados.
Em 21 de fevereiro de 1945, a 10ª Divisão de Montanha norte-americana atacou, simultaneamente, Della Torracia e Monte Castelo. Quebrando a continuidade da Linha Gótica e glorificando a participação da FEB, Monte Castelo caiu nas mãos dos Soldados Brasileiros, após 12 horas de intensos combates.
Em seguida, com a chamada Ofensiva da Primavera, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária conquistou as alturas de Montese, chave para chegar ao Vale do Panaro.
Tais episódios foram cenário de duríssimos e disputados combates, impondo à nossa Força Expedicionária quase 400 feridos e 34 mortos e destacando alguns dos muitos exemplos de heroísmo, como os do Tenente Iporan Nunes de Oliveira, do Aspirante Francisco Mega e do Sargento Max Wolff Filho. Grandes heróis permaneceram anônimos, combatendo direta ou indiretamente os opressores nazi-fascistas.
Por fim, a FEB atuou em Collechio e Fornovo e executou manobra envolvente contra os alemães em Respício, onde o inimigo recebeu ultimato para rendição incondicional aos brasileiros. A perseguição e a limpeza do Vale do Rio Pó deram sequência a uma épica captura de mais de 16.000 prisioneiros de guerra alemães.
Devemos, também, reverenciar a coragem e o pionei-rismo das mulheres que compuseram o Quadro de Enfermeiras do Serviço de Saúde da FEB e os civis desarmados, como os "soldados da borracha", que trabalharam e pereceram sob condições inóspitas na Amazônia para que não faltasse a matéria-prima ao esforço de guerra.
A Segunda Guerra Mundial nos custou quase 2.000 baixas, entre mortos e feridos, além de 34 navios afundados e 22 aviões abatidos.
Hoje, no aniversário dessa marcante data, podemos nos orgulhar da brilhante atuação de nossas Forças Armadas por ocasião do maior conflito bélico de todos os tempos.
O preço para dobrar os inimigos da democracia e da liberdade foi de proporções gigantescas: cerca de 60 milhões de vidas civis e militares sacrificadas, milhões de famílias dilaceradas e muitos países devastados.
Nesse dia, 8 de maio, Dia da Vitória, é fundamental que não nos esqueçamos da herança e do legado a nós deixados por aqueles que empenharam suas vidas para assegurar o bem da humanidade e para sustentar os valores mais caros e altivos de nossa Pátria. A eles, o nosso eterno reconhecimento, a gratidão e, acima de tudo, o compromisso de honrar seus exemplos inspiradores na luta diária pela soberania e pelo progresso de nosso País.
General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas Comandante do Exército
NOTÍCIÁRIO DO EXERÍCIO - A Palavra da Força de 8 de março de 2018.



 



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Os pracinhas paraisenses e Segunda Guerra Mundial
17 bravos jovens deixavam São Sebastião do Paraíso para defender a Pátria na Itália



Por Ralph Diniz
REPRODUÇÃO DO JORNAL ANIVERSÁRIO DE 193 ANOS DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO, outubro 2014



 



A Segunda Guerra Mundial teve início no dia 1º de setembro de 1939, porém, para o Brasil, o confronto contra as nações do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) começou quase três anos depois, em 31 de agosto de 1942, quando o País respondeu ao suposto torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães, que resultou na morte de mais de 780 pessoas.
Todavia, entre optar pela guerra e enviar as tropas para o combate, houve um longo caminho. Foi somente em junho de 1944, após quase dois anos de discussão e planejamento da missão brasileira, que 25 mil soldados embarcaram para a Itália para representarem a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Os representantes desse grupo foram afetivamente batizados de "pracinhas" e, entre eles, estavam 17 jovens de São Sebastião do Paraíso. 
O historiador Luiz Ferreira Calafiori conta que Alexandre Spósito, Joaquim Antônio Dimas, Carlos Delfante, Geraldo Giubilei, Hercílio Revelino, José Colombarolli, José Curti, José Fioravanti, José Ferreira dos Reis, Pedro Braghini, Sebastião Pimenta Gonçalves, Sebastião Souza Vieira, Afonso Carlos Prado, Dario Salles Naves, José Silvério da Silva, Vivaldo Gonçalves do Nascimento e Geraldo Caetano Pimenta deixaram de lado a vida simples e humilde que levavam em solo paraisense para atender o chamado da Pátria.
Sem proximidade com os acontecimentos do mundo exterior, os inexperientes pracinhas de Paraíso tiveram que aprender a guerrear na marra. Logo que chegaram à Itália, os soldados se juntaram ao 5° Exército dos Estados Unidos e seguiram para a conclusão do treinamento de guerra, que havia sido iniciado em São João del Rei, em Minas Gerais.
Já no front de batalha, foram mais de sete meses de uma guerra ingrata e impiedosa, desde o primeiro combate, em setembro de 1944, até a última ação, em abril do ano seguinte. Se não bastasse o feroz combate contra italianos e alemães, os jovens paraisenses enfrentaram um inimigo dos mais cruéis: o frio. Em novembro de 1944, uma nevasca que atingiu a região norte onde estavam deu início àquele que seria o inverno mais rigoroso dos últimos 50 anos. Segundo relatos dos próprios combatentes, eles sofreram com a temperatura média de -20º C, em fardas que em nada os protegia. 
O frio e o medo da morte, contudo, não foram páreos para os pracinhas paraisenses que, ao fim da guerra, contabilizaram diversas vitórias, inclusive em Monte Castelo, contra o exército alemão, que tentava avançar pelo Norte da Itália. O combate durou mais de três meses e matou diversos soldados brasileiros. Nenhum paraisense morreu, mas José Fioravante ficou ferido após ser atingido na perna por estilhaços de uma bomba.
Em 7 de maio de 1945, a Alemanha assinava a sua rendição, após anúncio do suicídio de Adolf Hitler. Era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, o confronto mais violento da história da humanidade. Com o dever cumprido, os 17 pracinhas puderam, enfim, voltar para a casa. Ao desembarcarem na estação Mogiana, os soldados foram recebidos como heróis.
"Lembro-me como se fosse ontem: eles vieram de trem misto, que carregava pessoas e cargas. Ao desembarcarem, os pracinhas foram carregados nos ombros do povo até o coreto da praça Comendador José Honório (matriz). A banda de música tocou durante toda a celebração. As pessoas cantavam, gritavam, queriam tocar nos combatentes brasileiros, tamanha era a admiração e o êxtase do momento. A cidade parou completamente. Eu estava no meio do povo. Foi uma explosão de alegria. Fizeram arcos de bambu pela rua Dr. Placidino Brigagão, que representavam o triunfo. A euforia foi extraordinária. Foi uma coisa linda, maravilhosa, emocionante. Nem poderia ser de outra forma", lembra Luiz Ferreira, emocionado. 
Após a recepção, 14 dos pracinhas de Paraíso retomaram a vida que haviam deixado em segundo plano para defender o Brasil e o mundo das ambições de Hitler e seus aliados. Porém, três deles tomaram gosto pelo serviço militar e seguiram na carreira. "José Colombaroli chegou a ser cabo, Sebastião Pimenta Gonçalves se tornou major, José Silvério da Silva foi tenente. Os demais seguiram a vida", conta o historiador.
Mais de duas décadas depois de presenciar um dos momentos mais importantes e marcantes da cidade, Luiz Ferreira, então prefeito de Paraíso, idealizou e construiu a Praça dos Expedicionários, inaugurada em 1972. Na ocasião, foi erguido no local um monumento em homenagem aos pracinhas, com o nome de cada um deles. O historiador lembra que José Colombarolli doou o capacete que usou durante a batalha na Itália para a confecção da escultura. 
Anos mais tarde, porém, o prefeito Waldir Marcolini retirou o monumento histórico da praça. "O capacete que representou a vitória dos nossos soldados pode não estar mais lá, mas o legado de fidelidade e amor à pátria do povo paraisense através de seus soldados nunca deixarão de existir", finaliza Luiz Ferreira.