A Fundação Gedor Silveira promoveu na segunda-feira, 14, a Primeira Semana da Saúde Mental e Inclusão Social. O evento, que contou com a participação de profissionais de vários seguimentos para abordar o tema “liberdade e dignidade no tratamento de pessoas com sofrimento mental”, teve por objetivo lembrar a Luta Antimanicomial que é comemorada no dia 18 de maio, data escolhida em face de um encontro de grupos favoráveis a políticas antimanicomiais do qual surgiu a proposta de reformar o sistema psiquiátrico brasileiro, em 18 de maio de 1987.
Com o lema “acolher sim, trancar não”, a Fundação vem buscando promover um novo olhar às demandas das pessoas com sofrimento mental, levando a elas e seus familiares condições dignas e de direitos para uma melhor qualidade de vida. Diante disso, conforme explica a psicóloga organizacional e coordenadora do evento, Camila Oliveira Cruz, esta luta visa buscar uma nova proposta de tratamento para pessoas com transtornos psiquiátricos, uma vez que a luta antimanicomial já foi estabelecida. “É um novo momento, que é de colocar em prática o que foi pensado ao longo desses anos, em benefício tanto dos familiares, quanto usuário dos serviços de saúde mental”.
Atualmente no município, conforme destaca a psicóloga, existem dispositivos como os Centros de Atenção Psicossocial entre outros para fazer o acolhimento em casos menos graves de pessoa que sofrem de algum transtorno psicológico. Porém, a partir do momento que é verificado por laudo médico que o paciente não tem condições de ser acompanhado por familiares ou frequentar os dispositivos que acolhem esses pacientes durante o dia, ele passa a ser encaminhado para a Fundação, que oferece essa internação.
“O Gedor Silveira acolhe pacientes de Paraíso, cidades vizinhas e até cidades mais distantes em casos mais graves. Hoje atendemos mais de 160 pacientes, mas há uma variação nesse número porque a medida que eles vão sendo internados, conforme recebem alta, se tiverem condições, voltam para casa e continuam sendo assistidos por outros dispositivos, entre eles os CAPS”.
Durante o dia aconteceram diversas palestras envolvendo o tema. A primeira, ministrada pelo advogado Augusto de Pádua, que abordou os direitos da pessoa com transtornos metais; após uma palestra pelo coordenado do Caps AD, Marcelo Martim Lopes, que falou sobre os limites e possibilidades da pessoa com dependência química. Já a coordenadora do evento falou sobre os cuidados com o cuidador.
“É sabido que muitas das vezes o familiar também adoece juntamente com o paciente e a equipe de saúde precisa também ter um suporte, já que trabalham diariamente com pessoas com dificuldades emocionais e isso acaba refletindo no trabalho e na vida pessoal dele”, destaca.
No período da tarde, aconteceram rodas de conversa com familiares de usuários para que eles pudessem levar suas experiências de como é conviver com paciente com algum tipo de transtorno mental em casa e como que eles estão verificando na rede, se os dispositivos estão funcionando e como podem ser melhorados. Também aconteceu palestra com o diretor clínico da Fundação, o médico Maurício Giubilei, que falou sobre a psiquiatria na atualidade, com o intuito de desmistificando alguns conceitos.
“Também na sexta-feira, 18, à noite, receberemos uma visita de uma nutricionista de BH que falará sobre síndromes metabólicas e questões relativas à alimentação da pessoa com transtornos alimentares. Também receberemos a visita do educador físico, Allen Cruz, que abordará a atividade física como aliada ao tratamento psiquiátrico e dependência química. Além disto, ao longo da semana, realizaremos uma série de atividades para promover a socialização destes pacientes e, na sexta, terá uma partida de futebol para realizar essa interação deles com outras pessoas”, completa Camila.