Não podemos afirmar com precisão a origem do nobre jogo. Há várias lendas para contar seus primórdios, sendo a mais conhecida a que consta no livro de Malba Thaan “O Homem que Calculava”.
Por anos e anos acreditou-se que o xadrez teria vindo da Índia, por volta do século VI d.C., oriundo de um jogo chamado Chaturanga (exército de quatro elementos). Chaturanga é uma palavra em sânscrito, que se refere aos quatro braços (ou divisões) do exército indiano – elefantes, cavalaria, carruagens e infantaria. Entretanto, estudos recentes apontam a possibilidade de ele ter vindo da China. Com a palavra, os historiadores...
Muitos fatos pitorescos têm sido contados a respeito da origem e história do xadrez. Podemos remontar à história do jogo até 3.000 anos antes de nossa era e aí perdemos o fio, como ocorre com muitos outros acontecimentos na história.
O xadrez, como sabemos, não foi sempre jogado como o é hoje. Ele era disputado sob regras distintas, em diferentes países e entre raças heterogêneas, orientais e ocidentais. Tal como é jogado atualmente, não há dúvida, é medieval em sua característica. Assemelha-se à uma guerra convencional e um jogo da corte, conforme pode ser visto pelos nomes e ação das peças.
Foi o jogo dos reis e hoje é o Rei dos Jogos. Os peões pode-se dizer são os oficiais subalternos, cobrindo e batalhando à frente da cavalaria, dos bispos e personagens da realeza. Os cavalos, bispos, rei e rainha (dama) são auto-explicativos, enquanto as torres (ou “castles”) representam a fortaleza dos nobres.
Durante muito tempo se pensou fosse o xadrez um passatempo somente para as classes privilegiadas, mas agora o jogo é defendido por educadores e filósofos como excelente treino para qualquer mente.
É na verdade difícil jogar bem xadrez, mas é também verdadeiramente fácil aprender os elementos constitutivos do jogo. E quando estes tiverem sido aprendidos, sua prática propiciará mais deleite e satisfação em relação a qualquer jogo conhecido.
INTERDISCIPLINARIDADE COM A MATEMÁTICA
O xadrez e a matemática são ciências exatas, ambas ricas em interdisciplinaridade, no qual, diversos conceitos enxadrísticos podem ser aplicados à matemática. Alguns deles são: estimativa, coordenadas cartesianas, valores absolutos, noções espaciais e de lateralidade, geometria, área e perímetro, probabilidade, estatística, problemas de lógica, progressão geométrica (PG), e vários outros.
Ao jogar xadrez, seus praticantes observam a importância da matemática nas ações no tabuleiro (especialmente raciocínio lógico, cálculo e abstração) ao fazer exercícios de tática, conceitos de simplificação e análise combinatória (desafio das 8 damas, por exemplo).
POSTURA CONSTRUTIVISTA
A ideia de que a pessoa não nasce inteligente, mas também não é passiva sob a influência do meio, isto é, onde respondemos aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar nosso próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada, também está muito presente no xadrez.
O enxadrista se desenvolve sobretudo por meio de um processo de tentativa-erro, comparando seu conhecimento de posições já conhecidas e fazendo a adaptação das mesmas segundo à nova situação que se apresenta diante de si no tabuleiro.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS
O xadrez tem sido empregado na psicologia desde o início do século XX com o objetivo de ajudar a entender o funcionamento do cérebro no que diz respeito à memória, processo cognitivo, avaliação da inteligência e imaginação.
A principal vantagem do xadrez frente a outros jogos é a possibilidade de poder comparar objetivamente os jogadores através do rating (Elo – força técnica quantificada em números), separando em amostras populacionais por idade, sexo e distribuição geográfica aliada a uma base de dados significativa que contém mais de duzentos mil jogadores cadastrados e aproximadamente 9 milhões de jogos.
SOBRE O AUTOR: O MESTRE NACIONAL GÉRSON PERES BATISTA É PEDAGOGO E PROFESSOR DE XADREZ.