Mesmo com a decisão de o presidente Michel Temer de retirar servidores públicos municipais e estaduais da reforma previdenciária, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Sebastião do Paraíso (Sempre) decidiu por permanecer no movimento contra a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 287 do governo federal, que prevê tal reforma.
O Sempre realizou assembleia extraordinária na noite de terça-feira, (21/3), quando ficaram determinadas diversas ações em protesto contra a que está sendo chamada de “PEC do Mal” por diversas categorias de trabalhadores em todo o Brasil.
A presidente do sindicato, Maria Rejane Tenório Araújo Santos, disse que “a intenção do presidente Temer foi esvaziar o movimento, fazer com que perdesse a força de pressão. Porém, nós não estamos atuando só em prol de nossa categoria, a dos servidores municipais. Temos que batalhar por nossos filhos, netos, nossa família e por todos aqueles que estão sendo atingidos com essa reforma”, explicou.
A votação da PEC 287 está marcada para o próximo dia 28, no Congresso. Por isso, em todo o país, centrais sindicais e órgãos representativos dos trabalhadores estão se mobilizando para fazer manifestações contrárias.
A assembleia do Sempre determinou grande divulgação de conteúdo sobre a PEC, por meio do Jornal do Sudoeste e rádios da cidade, com o objetivo de informar e alertar a população. Os servidores consideram que esta reforma vai acabar com direitos adquiridos no sistema de aposentadorias vigente atualmente no país, prejudicando a todos que trabalham na formalidade.
Também distribuirá material explicativo nas escolas, aos alunos, para que levem às suas famílias. Devem ainda convocar outras categorias a se juntarem ao movimento e propuseram fazer um trabalho de convencimento para que haja uma grande paralisação, com fechamento de lojas e indústrias.
Há a possibilidade de saírem representantes dos trabalhadores de Paraíso para se juntarem à grande manifestação que será realizada em Brasília no dia da votação.
PROFESSORES
Reinaldo Cesário, coordenador do SindUti (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais/ São Sebastião do Paraíso), diz que o órgão também vai manter o mesmo posicionamento, ou seja, vai continuar a paralisação dos professores estaduais bem como todas as ações programadas contra a PEC 287.
“Ao excluir as categorias de servidores públicos municipais e estaduais, o presidente Temer transferiu ao Estado a responsabilidade da reforma. A intenção foi dividir o movimento em categorias, criando lacunas. E isso não quer dizer que a PEC 287 não vá prejudicar as classes excluídas. Um exemplo é a questão das aposentadorias especiais que são previstas na Constituição Federal, portanto é um dos casos em que a reforma continua a atingir a todos os trabalhadores, indistintamente. E vamos continuar a trabalhar juntos porque não podemos pensar em apenas uma categoria, afinal temos que pressionar os deputados a votarem contra a PEC e a favor do povo”, explicou Reinaldo.
O coordenador do SindiUti disse que a paralisação dos professores da rede estadual também continua. “Estamos paralisados porque o Estado quebrou um acordo, que não tem nada a ver com a PEC”.
O professor de Filosofia, Cezar Cardoso de Souza Neto, esteve na sessão da Câmara, na semana passada, a fim de pedir aos vereadores para lutarem junto aos deputados da região, a fim de votarem contra a PEC 287. O professor disse que a mudança de atitude de Temer é um “subterfúgio para enfraquecer a mobilização. Mas, isso não muda nada, estamos lutando pelo direito de todos. Em latim dizemos: ‘pacta sunt servanda’, ou seja, ‘pactos devem ser observados’. Os jovens não poderão nos substituir porque ainda não estaremos no tempo de sair. A geração futura não tem ideia do que vai acontecer, e estarão dando má formação há uma massa imensa. Eu penso que as pessoas que apoiam a PEC não tiveram a menor atenção com quem é mais pobre e ganha menos, que vão depender da aposentadoria na velhice. A maioria do povo brasileiro vive em condições de baixa qualidade e não vão passar dos 70 anos. Quem acredita que o índice de vida do brasileiro é maior que isso contabiliza apenas as boas condições de vida de alguns estados brasileiros como os da região sul. Isso que dizer que as pessoas morrerão antes de se aposentar”, finalizou Cezar.