O Jornal Folha de São Paulo, datado de 06/05/2018 publicou em sua página B-1 uma matéria que trata do assassinato de jovens no Brasil nos últimos 11 anos. Foram mortos 324.967 jovens na faixa etária de 15 e 29 anos conforme consta do Atlas da Violência, uma publicação do Ipea e Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em onze anos de guerra do Vietnã, morreram aproximadamente 58.000 soldados norte-americanos. Este número supera a população atual de 72 países, conforme a Wikipédia e se aproxima da população da Islândia, pais que disputará a próxima copa do mundo.
Segundo a OMS a taxa global de homicídio de pessoas nesta faixa etária no mundo é de 10,4 por cem mil e no Brasil em 2016 foi de 65,5 assassinatos, o dobro da média da população em geral. Deixando os dados de lado, que provam a maior carnificina entre os pardos e negros, e em patamares diferentes em regiões e estados, com predominância da população masculina e outros, vamos nos ater ao que isto representa. Estes números, além de assustadores são também reveladores do comportamento de uma sociedade que acredito, esteja não só desinformada e insensível, mas também imbecilizada.
Este absurdo está liquidando prematuramente parte importante de uma população e torna muito difícil qualquer projeto de futuro para o pais. O que justifica isto? Quais as razões deste extermínio? Quem são os responsáveis por isto? O que vemos no Brasil até o momento é um completo alheamento quanto a este crime de lesa-humanidade. Há poucos meses das eleições, vemos gente defendendo a distribuição indiscriminada de armas, exigindo a alteração da idade de responsabilização do jovem e justificando a violência como política de estado. Até pessoas que falam em nome de Deus, aplaudem e se aproveitam do extermínio de uma vida.
Não vejo uma autocrítica nossa como sociedade, e a constatação de que também somos responsáveis. Onde andam os programas de educação inclusiva, a disseminação do esporte para todos os jovens, a inserção destas pessoas no mercado de trabalho e a busca de maior integração deste indivíduo, que mal começou a viver, na sociedade organizada do Brasil? Perdemos nossa condição de pensar e entender que isto precisa mudar? Perdemos nossa capacidade de amar e de Cristão?
A matéria do jornal destaca que conforme o documento publicado, os fatores que impulsionam a violência letal no Brasil são a profunda desigualdade econômica e social, a falta de articulação e de políticas do sistema de segurança pública, a forte presença de mercados ilícitos e facções criminosas e o grande número de armas de fogo espalhadas pelo país.
Portanto mudar isto está ao nosso alcance, vamos antes de tudo votar em pessoas que tenham a visão de que isto não pode continuar, exigir políticas públicas que anulem estas causas e nos despirmos de nossos preconceitos. Ninguém nasce bandido. Diversas variáveis contribuem para que isto ocorra. Vamos exercitar nosso lado humano e deixar para nossos filhos um país menos violento e que todos tenham as mesmas oportunidades e menos violência.
João Batista Mião
’O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.’
Chico Xavier