Não é todo domingo que se tem grandes corridas. Aliás, isso é uma regra que vale para qualquer competição,
independente do automobilismo. Mas o GP do Canadá foi o terceiro seguido que deixou a desejar na Fórmula 1.
Tudo se resumiu no treino do sábado que passou uma falsa impressão de que a prova de Montreal poderia ser das melhores do ano diante do equilíbrio entre os seis primeiros do grid separados por apenas 0s352, e com os pilotos da Red Bull apostando numa estratégia diferente dos da Ferrari e da Mercedes, em largar com os pneus hipermacios, enquanto os rivais largariam com os ultramacios.
Mas a ousadia da Red Bull logo se mostrou equivocada, e as estratégias de Ferrari e Mercedes ficaram engessadas. O resumo da ópera acabou sendo apenas um pit stop pra todo mundo e nem o fato de o Circuito Gilles Villeneuve ser dos que proporciona provas movimentadas, foi capaz de mudar o atual estágio que se encontra a Fórmula 1.
Das sete corridas disputadas até agora, três foram ótimas: China, Bahrein e Azerbaijão. O resto pode jogar no lixo. Austrália, Espanha, Mônaco e Canadá foram sonolentas.
Mas ainda que pese a falta de ultrapassagens nessas corridas, o campeonato é muito bom. Só para efeitos de comparação, ano passado no mesmo GP do Canadá, Sebastian Vettel saiu líder com 141 pontos contra 129 de Lewis Hamilton. Domingo após vencer sem nenhuma dificuldade, Vettel reassumiu a liderança com 121 pontos contra 120 de Hamilton. Não poderia ser melhor a disputa entre dois tetracampões mundiais, lutando pelo penta, com apenas um ponto separando os dois e faltando ainda 14 etapas para o final da temporada.
Mas o público que acompanha a Fórmula 1 quer mais, quer corrias movimentadas, pilotos andando no limite de seus carros, ultrapassagens, e a categoria não está entregando isso para os fãs.
Desde a introdução no ano passado dos carros e pneus mais largos, já se sabia que as ultrapassagens estariam comprometidas pelo aumento da pressão aerodinâmica em cerca de 30%. O objetivo de tornar os carros 5 segundos mais rápidos em relação aos de 2016 foi atingido. A maioria dos recordes das pistas que resistiam desde 2004, época dos motores V10, estão caindo a cada corrida.
Mas a dependência aerodinâmica dos carros, mais o fato de os pilotos terem que poupar a saúde dos motores porque só têm três unidades para as 21 etapas do calendário, mais a necessidade de economizar combustível, nem os pneus mais macios que a Pirelli desenvolveu para proporcionar mais pit stops, estão servindo para tornar as corridas mais movimentadas, exceto quando acontecem intervenções do Safety Car, como nas três corridas boas que citei acima, ou chove. Chuva que, aliás, ainda não caiu em nenhum GP este ano.
No Canadá, onde o Safety Car foi acionado apenas na primeira volta devido a espremida que Lance Stroll deu em Brendon Hartley, escancarou as dificuldades de se ultrapassar na Fórmula 1, mesmo numa pista que possui uma longa reta que antecede freada forte para a chicane que dá acesso à reta dos boxes, trecho ideal para ultrapassar.
E por que não houve ultrapassagens? Porque a turbulência do carro da frente não permite a aproximação do que vem atrás. Soma-se a isso os pneus (mais macios) que estão resistindo muito mais do que devia, dá no que deu domingo, no Canadá, a exemplo de Mônaco em que Lewis Hamilton disse que se estivesse assistindo do sofá de casa, teria dormido.
24 HORAS DE LE MANS
Começou a Copa, tem bola rolando e neste final de semana tem também carros correndo nas 24 Horas de Le Mans, uma das provas mais emblemáticas, uma espécie de ‘copa do mundo do automobilismo’. 60 carros inscritos, 180 pilotos de 31 nacionalidades diferentes – 7 brasileiros – e uma das estrelas, Fernando Alonso em busca da Tríplice Coroa do Automobilismo.