A Mercedes não sabe perder! Foi essa a impressão que ficou depois da infeliz conspiração que Lewis Hamilton, o diretor técnico, James Allison, e o chefe de equipe, Toto Wolff passaram depois da corrida, em Silverstone.
Os três insinuaram que a batida de Raikkonen no carro de Hamilton depois da largada foi proposital. “Uma tática interessante a deles”, disse Hamilton que fez cara de poucos amigos no pódio.
No caso de Hamilton é até aceitável que no calor da disputa, ainda de cabeça quente, tenha falado besteira – depois se retratou pelas redes sociais. Ele corria em casa, era favorito a vencer diante de centenas de torcedores que foram vê-lo em Silverstone. Mas do diretor esportivo, e endossado pelo chefe de equipe, é inaceitável. Uma acusação grave.
Tudo bem que a Ferrari não tem o passado dos mais limpos na Fórmula 1, mas é absurdo acreditar que uma equipe que disputa ponto a ponto com a Mercedes vá fazer tamanha bobagem com o campeonato aberto e longe de ser definido. Na França foi Vettel quem acertou em Bottas na primeira curva, e na Inglaterra Raikkonen atingiu o carro de Hamilton. Só o fato de não ser o mesmo piloto que acertou os da Mercedes nas duas corridas já derruba a conspiração da equipe alemã.
Ninguém joga fora uma corrida na largada senão por erro ou falha mecânica. Nos dois casos foram incidentes de corrida que em outras épocas sequer seriam investigados pelos comissários da Federação Internacional de Automobilismo. Na França, Vettel levou 5 segundos de punição e terminou a prova na frente de Bottas. Saiu barato, escrevi aqui na coluna. Já Raikkonen tomou 10 segundos de pênalti. Os comissários, sim, precisam ter critérios mais claros ao aplicar as penas já que os dois erros, por coincidência, foram parecidos e tiveram punições diferentes.
Na pista, Hamilton deu show. Escalou o 3º lugar depois de cair para a última posição no incidente da largada. Mas erro maior foi o da Mercedes que mais uma vez ignorou chamar seus pilotos para o pit stop quando o Safety Car entrou na pista por causa da batida de Marcus Ericsson.
O time alemão tem pisado na bola com seus pilotos nas estratégias de corrida. Em Silverstone a Mercedes manteve Bottas e Hamilton na pista com pneus médios, já gastos, enquanto vários pilotos, entre eles a dupla da Ferrari, colocaram os compostos macios novos.
Naquele momento, 32ª de 52 voltas, ficou evidente quem venceria a corrida.
O final do GP da Inglaterra foi eletrizante com as duas Ferrari caçando as duas Mercedes. Vettel venceu na casa de Hamilton e ampliou a liderança no Mundial de Pilotos para 8 pontos (171 a 163). E a Ferrari abriu 20 pontos de vantagem sobre a Mercedes no Mundial de Construtores (287 a 267).
A Mercedes perdeu a corrida na estratégia, e não no toque de Raikkonen em Hamilton. A conspiração do time que domina a Fórmula 1 na era hibrida, desde 2014, foi papo de mal perdedor.
MOTOGP
Dani Pedrosa vai se aposentar ao final da temporada da MotoGP. Dono de um currículo respeitável, o espanhol é um exemplo de que não precisa ser campeão para deixar saudade nas pistas.