HOMENAGEM

Nova espécie de fungo é nomeada em homenagem a agrônomo paraisense e professor da FCA (Unesp – Botucatu)

Falecido em 2007, o professor Dr. Nilton Luiz de Souza também foi homenageado com texto na SciELO.
Por: Redação | Categoria: Brasil | 22-07-2018 09:07 | 3068
“Filho de Francisco Teodoro de Souza e Inês Marques de Souza, Nilton nunca perdeu o jeito simples de agir e falar, nem negou a sua origem humilde, a Comunidade Rural Nossa Senhora das Mercês, em  São Sebastião do Paraíso .”
“Filho de Francisco Teodoro de Souza e Inês Marques de Souza, Nilton nunca perdeu o jeito simples de agir e falar, nem negou a sua origem humilde, a Comunidade Rural Nossa Senhora das Mercês, em São Sebastião do Paraíso .” Foto: Reprodução

Os professores Paulo Cezar Ceresini, da Faculdade de Engenharia (Feis) da Unesp, câmpus de Ilha Solteira, e Edson Luiz Furtado, da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu,  em coautoria com docentes da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufo pa), da Universidade Federal de Roraima (Ufrr), Universidade Federal  de Lavras (Ufla/MG), da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), da Embrapa-Jaguariúna-SP, da Incaper, do Espirito Santo, em trabalho de pesquisa conjunto, descreveram duas espécies novas de fungos fitopatogênicos que atingem importantes espécies tropicais cultivadas no Brasil: café, chá, pitanga, neem e  caqui.
Os isolamentos obtidos foram primeiramente agrupados como Rhizoctonia binucleada, depois de estudadas quanto à morfologia, reprodução sexual e estudos moleculares dos isolados, verificaram que se tratava de duas novas espécies de Ceratobasidium ainda não descritas na literatura mundial.
A espécie que causa doenças em chá, pitanga e neem foi nomeada pelos autores como Ceratobasidium niltonsouza-num, em homenagem ao professor Nilton Luiz de Souza, que atuou no antigo Departamento de Defesa Fitossanitária, da FCA, por mais de 30 anos como professor de Fitopato-logia Geral e Aplicada no curso de Agronomia e fez toda a sua carreira universitária.
O professor Nilton publicou mais de 70 trabalhos científicos e formou mais de 25 pesquisadores junto ao Programa de Pós-graduação em Proteção de Plantas, nas duas áreas que atuava: Doenças Pós-colheita e Fungos de Solo. É nesta segunda área que se classifica o grupo de fitopatógenos a que se refere o artigo publicado. Nesta área também foi criado pelo professor Nilton um grupo de pesquisa para estudo de Rhizoctonia, com inserção de pesquisadores do Japão, Israel e Holanda, com ganhos científicos para todos os alunos e pesquisadores da FCA.
O trabalho está publicado com o título “Two new Cerato-basidium species causing white thread blight on tropical plants in Brazil. De autoria dos pesquisadores Maruzanete P. de Melo (UFOPA) & Kedma S. Matos (UFRR) & Silvino I. Moreira (UFLA) & Fabiano F. Silva (UFLA) & Grace H. Conceição (FEIS) & Kátia L. Nechet (Embrapa-Jaguariúna) & Bernardo A. Halfeld-Vieira (Embrapa-Jaguariúna) & José E. A. Beserra Júnior (UFPI) & José A. Ventura (INCAPER) & Hélcio Costa (INCAPER)
& Edson L. Furtado (FCA/UNESP) & Eduardo Alves (UFLA) & Paulo C. Ceresini (FEIS/UNESP), publicado pela Tropical Plant Pathology, um periódico editado pela  Springer e pertencente à Sociedade Brasileira de Fitopatologia.
A outra espécie fitopatogê-nica identificada pelo grupo de pesquisa, em café e em caqui, foi denominada como Cerato-basidium chavesanum, em homenagem a Augusto Chaves Batista, outro importante fitopatologista, que criou e atuou no Instituto de Micologia, da Universidade Federal de Recife, até 30 de novembro de 1967.




SCIELO
O professor Nilton Luiz de Souza também foi homenageado com um texto publicado na  SciELO (Scientific Electronic Library Online),  banco de dados bibliográfico, biblioteca digital e modelo cooperativo de publicação digital de periódicos científicos brasileiros de acesso aberto. Confira o texto:
No dia 6 de outubro de 2007 a fitopatologia perdeu um de seus maiores expoentes: o Professor Nilton Luiz de Souza, que sempre se destacou no âmbito nacional e internacional, nas diversas áreas que se dedicou: patologias pós-colheita e fungos de solo. Participou ativamente da Sociedade Brasileira e Associação Paulista de Fitopatologia. Ao longo de sua carreira acadêmica atuou como professor de Fitopatologia Geral e Aplicada, por mais de trinta anos. Na pós-graduação, orientou mais de 28 pesquisadores, que seguiram o mestre e hoje também se destacam nas respectivas áreas de atuação, em diferentes estados brasileiros e países (Estados Unidos, Holanda e Suíça). Como resultado dessas atividades, o Professor Nilton publicou mais de 70 trabalhos científicos em periódicos especializados nacionais e internacionais e com mais de 170 trabalhos apresentados nas reuniões científicas e congressos. Professor Nilton conseguiu mostrar a todos que o conheciam que é possível ter amizade e respeito na relação orientado-orientador. Faz parte de suas máximas que “alguém pode gostar da FCA, porém, não mais que eu”. Pela forma enfática de defender os seus pontos de vista, muitas vezes foi mal entendido, porém suas posições sempre foram em prol da melhoria do ensino e da Universidade como um todo. Dentre poucos, conseguiu agregar a sabedoria e a simplicidade dos gênios. Apesar dos títulos conseguidos ao longo de sua vida profissional (mestre e doutor), com dois pós-doutorados: Japão e Holanda, os concursos de Livre-docência e Titular, feitos na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracica-ba, em ambos aprovado com louvor, nunca perdeu o jeito simples de agir e falar e negou a sua origem humilde. Nestes últimos anos se dedicou de forma exemplar como presidente da comissão editorial do periódico Summa Phytopathologica, a qual sente muito a sua falta. Dessa forma, em nome dos fitopatologistas, depositamos nestas poucas linhas as nossas saudosas lembranças do grande mestre e excelente amigo que nos deixou. Por ele rogamos sempre e que continue a brilhar em nosso meio.
– Comissão Editorial da Summa Phytopathologica e Alunos de Pós-graduação orientados pelo Prof. Nilton.