O músico, poeta e escritor Bruno Félix, autor do livro de poesia “O busto de Adão”, fará no próximo dia 19, quarta-feira, o lançamento de seu primeiro romance pela editora Penalux: A menina e o equilibrista: a história de um milagre. O lançamento acontece no Único Lounge Bar e depois terá lançamento feito na Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas (Flipoços), no dia 6 de maio, e também em Guaratinguetá (SP), sede da editora. Em Poços, o escritor também participará de uma oficina literária onde serão discutidos os desafios da poesia para o cenário atual.
“O lançamento na Flipoços foi um convite que recebi. No último ano eu já havia participado da Feira onde fizemos um “momento poético”, em um espaço que chama Arena Cultural e ficou esse convite para que eu retornasse. Nesse evento, vou apresentar, além do lançamento do meu livro, uma oficina literária com os editores da Penalux – o Tonho França e o Wilson Gorj -, que também são poetas; lá discutiremos a importância da poesia na literatura e das dificuldades que a poesia encontra no mercado nacional e no mercado editorial e sobre a nova relação autor e editora. O mercado editorial está em constante mudança”, conta.
O romance, conforme revela o autor, é uma história que traz uma reflexão sobre a vida e aos fatos que levam as pessoas a tomarem decisões extremas e situações que nos fazem repensar algumas atitudes. De acordo com Bruno, a produção do livro, que nasceu de um sonho que ele teve certa noite, foi um trabalho muito rápido e já estava pronto há algum tempo.
“Eu acordei com a história toda na cabeça, eu acostumo acordar muito cedo e naquele dia corri para o computador e montei todo o esqueleto do livro para não deixar a ideia se perder. Eu havia levantado mais cedo que o habitual e escrevi o primeiro capítulo. No dia seguinte, fui ler o que havia escrito e gostei da dinâmica, escrevi capítulos curtos para ter uma leitura mais leve e terminei o livro em três meses. Depois veio o processo mais lento que é a revisão e alguns retoques. Acabei trabalhando mais tempo, cerca de seis meses depois disso, que foi quando eu também escrevi a nota do autor. Depois que eu já tinha a editora, já estava tudo praticamente finalizado escrevi o último capítulo. Acabou sendo um trabalho longo, mas a parte bruta foram três meses de trabalho”, elucida.
Bruno tem se dedicado há bastante tempo à poesia e comenta sobre os desafios de ser escritor; o músico revela que, mesmo sem retorno financeiro, o que ele faz é por amor e é esse sentimento que ele alimenta que o mantém em suas produções. “Não é nada artístico falar da parte financeira, mas é um trabalho que toma tempo; claro que eu faço com amor, porque é algo que eu gosto de fazer, me move e independente se eu vou ganhar ou não alguma coisa eu vou continuar fazendo; tem que se falar a questão financeira também, porque não há apoio, não tem incentivo, principalmente no Brasil onde um ator best-seller é aquele que vende duas tiragens de mil livros cada”, avalia.
Conforme confidencia o escritor, é justamente por isso que ele gosta da poesia, porque ela não cria um sentimento de rejeição a ele. “O romance, depois de escrito e relido várias vezes eu ainda pondero se quero ou não contar essa história, já a poesia não me deixa essa dúvida. Quando se publica um poema visceral, que você escreveu o que precisava ser dito, se você relê esse poema daqui cinco anos você sabe que a sua história está ali e que precisava sair de você, não tem rejeição, pode até não ter valor literário, ser um poema ridículo para algum crítico, mas para você que fez com a intensidade necessária que precisava ser feita, da maneira que tinha que ser feita, para o autor isso tem muito valor”, ressalta.
No romance, o autor não deixou de se representar na obra. “Eu não resisti e tive que colocar uma personagem secundária que fosse poeta, um sábio que escreve Haikai, tinha que ter um pouquinho de mim ali. Mas deixando um pouco a modéstia de lado, ficou um livro muito bonito, é um livro que eu iria gostar de comprar”, comenta.
Bruno conta que nunca foi seu sonho ser escritor; ele recorda que quando era criança seu sonho era ser guitarrista, músico, tocar rock, depois Blues, que ele se dedica até hoje. “Na época da faculdade, tinha interesse por alguns poetas e escrevia algumas coisas; quando eu sentia alguma coisa eu queria registrar de alguma maneira e se não virava uma música, virava um poema e eu guardava. Em idos de 2013 e 2014 eu passei por uma situação de descoberta e de redescoberta na minha família. Foi uma noite que eu estava arrasado então eu sentei e escrevi esse poema que virou ‘O busto de Adão’ e acabou se tornando o maior poema que eu já escrevi, com quatro cantos de 20 estrofes cada”.
Conforme conta o músico, ele releu o poema várias vezes e percebeu que estava se curando de toda a situação pela qual passava. “A partir daí surgiu esse propósito de publicar; eu não podia ter passado por isso e por essa recuperação e guardar isso só para mim. Minha esposa teve um papel decisivo nisso e me incentivou a publicá-lo. Nas próprias redes sociais eu costumava publicar alguma coisa e tinha um feedback positivo. É um livro que eu não gosto, mas que eu tinha que publicar para provar algo a mim mesmo”, confidencia.
Bruno se recorda que quando fez o lançamento, fazia bastante divulgação. “Ele foi lançado aqui e em Portugal. Eu tive uma crítica por um blog de uma leitora portuguesa. Isso infla um pouco o ego da gente, mas hoje nem faço muito questão, foi um livro que eu escrevi para mim mesmo, não foi alimentando o sonho de ser escritor, foi uma terapia e a partir dela eu comecei realmente a pegar firma com a escrita da poesia. A poesia é um caminho sem volta”, ressalta.
O próximo lançamento, “A menina e o equilibrista”, ele comenta que é a oportunidade para reencontrar alguns amigos que faz tempo que não vê devido a correria do dia a dia somada a dedicação à família e à escrita. Sobre seu trabalho como poeta, é orgulhoso que Bruno, pai da pequena Joana, diz que a filha foi seu melhor trabalho. Bruno, que atualmente se dedica a alguns outros projetos, comenta que tem intenção de fazer pelo menos outros três lançamentos, além de aproveitar o projeto que ele mantém junto ao Jornal do Sudoeste: Poemas Classificados.
“A ideia dos ‘Poemas Classificados’ é justamente provocar os leitores e esse sentimento de que a poesia está ali e de que pode estar em qualquer lugar e as pessoas não estão enxergando. Esse projeto acabou ganhando outra dimensão, que foi o ‘espalhar poesia’, pessoas de diferentes regiões do Brasil imprimiu e pregou em postes pelas ruas de algumas cidades do país. Esse é um tipo de pagamento que não têm valor, mas que me enche de orgulho e eu me emociono muito em colher esse feedback”, completa o escritor.