O Circuito de Xangai tem uma peculiaridade que pode responder à grande inquietação que a corrida de Melbourne, na Austrália, deixou no ar: a falta de ultrapassagens. Foram apenas 5 na prova de abertura do campeonato contra 37 no ano passado. Vale ressaltar que o Circuito de Albert Park não é uma pista permanente como o da China que possui a reta mais longa do calendário com 1.200 metros de extensão, distância que daria até para um Boeing 737 decolar.
E esse trecho de aceleração plena é ideal para medir o grau de dificuldades de ultrapassar com este novo regulamento da Fórmula 1 que aumentou a pressão aerodinâmica dos carros. Só para efeito de estatística, ano passado o GP da China registrou impressionantes 175 ultrapassagens ao longo das 56 voltas da prova, mas os pneus eram de alta degradação e os carros tinham menos pressão aerodinâmica.
Esses dois fatores, agora o inverso – mais pressão aerodinâmica e pneus bem mais resistentes –, foram os responsáveis pela pouca movimentação do GP da Austrália e acendeu o sinal de alerta que já vinha sendo falado por pilotos e engenheiros de que este ano seria muito difícil de ultrapassar com esses carros.
Se ao longo das 56 voltas do GP da China, houver poucas ultrapassagens, mesmo com o auxilio da asa traseira móvel (DRS), será hora de a Federação Internacional de Automobilismo começar a rever as regras para o ano que vem e tentar na medida do possível algum recurso de emergência para ser implantado ainda nesta temporada.
Não é demais lembrar que nunca foi fácil ultrapassar na Fórmula 1. Nem nos tempos de Senna, Prost, Piquet e Mansell, época em que muitas pessoas acreditam que era só chegar e passar. Foi naquela época que o Galvão Bueno criou o jargão que ficou bastante popular por aqui: “chegar é uma coisa, passar é outra”. Mas há um abismo entre ‘dificuldade’ e ‘falta de ultrapassagens’.
Os 5.451 metros do seletivo Circuito de Xangai, com a longa reta e 16 curvas, quatro delas de alta velocidade, servirá também de parâmetro para medir qual modelo consome menos pneus, o W08 Hybrid da Mercedes, ou o SF70H da Ferrari?
A Ferrari conseguiu conservar os pneus melhor que a Mercedes na Austrália, o que foi determinante para a vitória de Vettel. Lewis Hamilton liderava a corrida, mas teve que antecipar a parada nos boxes enquanto o alemão permaneceu na pista por mais 6 voltas, e quando fez a troca de pneus voltou na frente do piloto da Mercedes.
Se a Scuderia italiana se mostrar novamente forte como na prova de abertura do campeonato diante da Mercedes, a Fórmula 1 terá muito o que comemorar.
Este será o 14º GP da China. O primeiro foi vencido por Rubens Barrichello, com a Ferrari, em 2004. Em 2006 Michael Schumacher venceu pela última vez na Fórmula 1 também de Ferrari. Em 2013 a Mercedes conquistou sua primeira vitória desde o retorno como equipe própria. As duas equipes são as que mais venceram no Circuito de Xangai, 4 vezes cada uma.
Fica a torcida para que o mau tempo que comprometeu o trabalho das equipes nos treinos livres de ontem não persista no final de semana. Sem condições de o helicóptero médico decolar por causa do forte nevoeiro, foram apenas 21 minutos de atividades. E sem condições de vôo num caso de emergência, os carros não podem ir para a pista por questões de segurança.
UMA DÚVIDA E UMA CERTEZA
Se o regulamento da Fórmula 1 gera dúvidas se fará bem ou não a competição, na Stock Car é uma certeza: acertaram em cheio o novo formato dos treinos, das corridas em rodada dupla, e a pontuação. Foram duas corridas movimentadas do começo ao fim no domingo passado, em Goiânia, na abertura do campeonato. Daniel Serra venceu a primeira e Ricardo Zonta a segunda.
VALENTINO ROSSI
A MotoGP está na Argentina para a segunda etapa do Mundial, amanhã, com largada às 16h, ao vivo, no SporTV. A prova marca a 350ª corrida de Valentino Rossi no mundial de motociclismo.