A história do atual município de Itamogi, no Sudoeste Mineiro, remonta à segunda metade do século 19, quando iniciou a construção das primeiras casas do arraial, no contexto da expansão inicial da cafeicultura regional. A localidade ganhou o estatuto de distrito, com a denominação de Posses, pela lei estadual no 2, de 11 de setembro de 1891, então vinculado ao município de São Sebastião do Paraíso. No início do século seguinte, passou a ser vinculado ao município de Monte Santo, sendo elevado à categoria de município, com a denominação de Arari, pela lei estadual no 843, de 7 de setembro de 1923. Sua instalação ocorreu no ano seguinte, com a eleição da primeira Câmara Municipal, assumindo a presidência o coronel Lucas Caetano Vasco, conhecido fazendeiro e líder político, proprietário de usina de açúcar e fábrica de aguardente.
Desde o início da década de 1920, o coronel Lucas Caetano Vasco pertencia ao grupo de cidadãos empenhados na organização política e administrativa da localidade. Nesse sentido, conforme noticiou A Noite, do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1922, o diretório municipal do Partido Republicano Mineiro, de Monte Santo, foi reorganizado sob a liderança do político Waldomiro Magalhães, eleito deputado estadual e, depois, deputado federal. Após a composição do diretório, foram escolhidos a chapa para os vereadores, por Monte Santo, que concorreriam às próximas eleições municipais. Entre os candidatos indicados pelo diretório, estava o coronel Lucas Caetano Vasco, como representante do distrito, que no ano seguinte, conquistaria sua emancipação política.
Como líder político, o coronel Vasco tem seu nome inscrito na história, em um momento de tristeza quando se fez representar, como presidente da câmara municipal, no sepultamento do professor e major Américo Benício de Paiva, ocorrido em Monte Santo, em 1929. Nesse sentido, em 6 de fevereiro do mesmo ano, o Correio Paulistano noticiou o féretro do professor e fundador do renomado Colégio Espírito Santo, de Monte Santo, onde o major presidiu a câmara municipal por mais de um mandato. Ao funeral, compareceram diversas caravanas da região, compostas por políticos, autoridades civis e militares. Entre os cidadãos de Itamogi (Arari) estava presente também o senhor Josias Caetano Vasco, fazendeiro e empresário fabricante da famosa aguardente “Luquinha”, conhecida como a legítima “amarelinha” de Minas Gerais.
Como ficou registrado na imprensa, por ocasião da criação do município, apesar de não ter grande extensão, tinha amplas possibilidades de progresso em decorrência de suas férteis terras apropriadas à cafeicultura. A sua emancipação política teve atuação direta do coronel Lucas de Magalhães, pai do deputado Waldomiro Magalhães. Entretanto, entre os cidadãos que mais se empenharam para a criação do município, além do coronel Vasco, estavam o Dr. Dolor Brito Franco, João Nantes Junior, Antônio Grassano, Francisco Grassano, entre outros.
Nos meados da década de 1930, o coronel Vasco estava entre os cidadãos mais abastados da região, identificado como “capitalista”, termo então usado para designar cidadão com recursos suficientes para financiar empreendimentos. Sua atuação na política transcorreu-se nos anos finais da Primeira República, ou seja, até ocorrer o movimento revolucionário liderado por Getúlio Vargas, em 1930. Nesse sentido, em 11 de abril de 1935, o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro publicou documento de crédito financeiro em favor do coronel Lucas Caetano Vasco, no valor de cinco contos de reis – quantia equivalente ao valor de uma fazenda - devidos por outro fazendeiro que se encontrava em dificuldades para pagar a dívida. Afinal, as consequências da terrível crise econômica de 1929 havia chegado do florescente polo cafeeiro de Minas.
Em outubro de 1952, conforme publicado no jornal Brasil Açucareiro, órgão federal que divulgava as ações do antigo Instituto de Açúcar e Álcool, Lucas Caetano Vasco transferiu a propriedade de um engenho de rapadura e aguardente para Josias Caetano Vasco. Em atenção à legislação da época, a transferência de propriedade que atuava no setor açucareiro foi devidamente autorizada pelo mencionado órgão federal.
Finalmente, cumpre registrar que em belíssima crônica publicada no Jornal do Sudoeste, em 21 de agosto de 2016, a jornalista Conceição Borges Ferreira (Sãozinha) escreveu sobre a lenda “Andirá: O Índio de Paracatú”, de autoria do seu saudoso pai, jornalista João Borges Moura. O texto literário foi criado pelo jornalista que sempre recebia visita do empresário e fazendeiro Josias Caetano Vasco, fabricante da famosa aguardente da marca “Luquinha”, conhecida como uma das melhores cachaças do Brasil e de Minas Gerais. Entre os vários membros da grande família do renomado político da antiga Arari está o jornalista e diagramador deste periódico, Vasco Caetano Vasco, que artisticamente, se empenha para formatar os textos e compor a estética das páginas do jornal cuja trajetória de publicação já passou de três décadas.