Fernando Alonso foi assunto na coluna da semana passada. O anúncio de que vai correr as 500 Milhas de Indianápolis, no final de maio, abstendo-se do GP de Mônaco, causou reboliço na Fórmula 1. Fez jornalista em trânsito a caminho do Bahrein pular miúdo com a notícia. Pegou todo mundo de surpresa.
Surpresas bombásticas que ultimamente não tem faltado na Fórmula 1. Primeiro com a inesperada aposentadoria de Nico Rosberg, tão estranha quanto corajosa de encerrar a carreira no auge logo após alcançar o objetivo que ele traçou como meta, o de ser Campeão Mundial de Fórmula 1. Depois com a ‘desaposentadoria’ de Felipe Massa para substituir Valtteri Bottas, condição que a Williams impôs para liberar o finlandês para a Mercedes. Teve ainda o passa moleque que Ron Dennis tomou dos acionistas da McLaren, insatisfeitos com a forma de gerência do homem que fez da equipe a segunda maior vencedora da categoria, atrás apenas da Ferrari, desde quando se tornou um dos donos no início dos anos 80. E por fim a rasteira que Bernie Ecclestone levou do grupo Liberty Media, novos donos da Fórmula 1, que afastou o agora ex-mandachuva do comando da categoria que ele fez ser o que é desde que assumiu o controle 40 anos atrás.
Mas o assunto é Fernando Alonso novamente, seja pelas ironias ou frases com efeito com que vem dando seu recado de insatisfação em guiar um carro cheio de problemas, principalmente com o motor Honda que não tem potência e nem resistência. Em três corridas a McLaren já teve que trocar três unidades, duas no carro de Stoffel Vandoorne que sequer largou no Bahrein, e uma no carro de Alonso.
E num campeonato que se desenha na disputa acirrada de Vettel (Ferrari), vencedor na Austrália e no Bahrein, contra Hamilton (Mercedes), que ganhou na China, é um desperdício a Fórmula 1 não ter nessa briga de gigantes o piloto que ainda é visto como o mais completo do grid: Fernando Alonso.
Antes do GP do Bahrein o espanhol teve uma discussão acalorada com o chefe da Honda na Fórmula 1, Yasuke Hasegawa, cobrando soluções. E na corrida soltou pelo rádio a frase que sintetiza toda a sua frustração em dar o máximo de si sem ter o que fazer: “nunca tive um carro com tão pouca potência em toda minha vida”.
Alonso não é de fazer média. Na casa da Honda, em 2015, ele esbravejou no rádio: “motor de GP2, motor de GP2”(!), comparando o motor de seu carro com o da categoria de acesso, agora denominada F2. No mesmo ano, em Interlagos, tomou emprestado a cadeira de um fiscal de pista e brincou de tomar sol depois que o motor quebrou no treino de classificação. Em seguida subiu no pódio com Jenson Button para alegria dos fotógrafos e do público, insinuando uma dobradinha da McLaren. Novamente em Interlagos, ano passado, no treino de sexta-feira, após outra quebra, o espanhol brincou de cinegrafista. Ironias com pitadas de humor, mas tendo como pano de fundo o recado pela falta de competitividade da McLaren-Honda.
No Bahrein algumas questões que eu levantei na coluna da semana passada foram respondidas. Zak Brown, novo diretor-executivo da McLaren confirmou que a participação de Alonso nas 500 Milhas de Indianápolis faz parte de um plano de renovação de contrato do piloto por mais 5 anos(!). Bernie Ecclestone disse que se estive no comando da Fórmula 1 faria de tudo para Alonso correr em Mônaco. E Alonso alegou que o apoio da McLaren para correr em Indianápolis não seria possível na gestão de Ron Dennis.
Alonso paga o preço das muitas decisões erradas que tomou na carreira depois do bicampeonato de 2006. Mas por mais que seja pessoa difícil de lidar, que não tenha bom caráter como alguns dizem, ninguém pode questionar o seu profissionalismo. Só mesmo um piloto apaixonado pelo que faz seria capaz de disputar as últimas posições de uma corrida como se lutasse pela vitória, como no GP do Bahrein, ao ponto de não desistir, ainda que inconformado ao desabafar pelo rádio: “comecei a reta 300 metros a frente deles e conseguiram me passar... eu nunca tive um carro com tão pouca potência em toda minha vida”.
STOCK CAR
Depois da boa impressão deixada na rodada dupla de Goiânia, com novo formato de treinos e corridas, a Stock Car disputa a segunda etapa neste final de semana no Velopark, pista mais curta do calendário. Daniel Serra é o líder com 40 pontos, um a mais que Max Wilson. Largada às 13h, ao vivo no SporTV.