Primeiro de maio é o Dia do Trabalhador e, também, Dia da Literatura Brasileira.
Costumamos chamar a data como Dia do Trabalho, porém a data foi determinada para marcar a luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. É um dia que deve ser caracterizado por uma reflexão sobre as condições das pessoas que se empregam nas empresas, como parte da dualidade das relações capital e mão de obra. É um dia dedicado, portanto, a essas pessoas: o trabalhador.
A data foi escolhida em 1889 pela Internacional Socialista em decorrência dos acontecimentos de primeiro de maio de 1886 em Chicago. Nesta data, os trabalhadores das indústrias locais promoveram uma enorme manifestação e greve para reivindicar a redução da jornada de trabalho de quatorze para oito horas diárias e melhores condições dos locais de trabalho. A greve de Chicago foi seguida por diversos trabalhadores de outras cidades nos Estados Unidos. A manifestação continuada nos dias seguintes pelas ruas da cidade resultou em conflito com policiais, que acabou atirando contra os grevistas após terem sido atacados no confronto, levando à morte um dos agentes. Vários trabalhadores morreram e sindicalistas acabaram sendo condenados à morte ou a prisão perpétua.
A data foi oficializada pela França em 1919, seguida pela adoção por outros países, inclusive o Brasil. Os Estados Unidos não reconhecem esta data, comemora na primeira segunda-feira de setembro, para não admitir o massacre de Chicago, porém o Congresso Americano acabou determinando a fixação em oito horas a carga diária de trabalho.
O trabalho, a partir do momento em que o homem se organizou em sociedade, sempre foi visto como algo não nobre, sendo relegado para escravos ou as camadas populares. Os pensadores gregos, que arquitetaram o arcabouço civilizatório que diferencia o homem dos animais - penso, logo existo - dando-lhe a condição de senhor do mundo, em Atenas idealizaram a democracia, que seria uma sociedade governada por representação de todos. Bem, de todos os pertencentes à classe nobre, que não trabalhavam, atribuindo a produção, agrícola e artesanal, aos escravos e ao povo de classe inferior. Vale ressaltar que a mulher não tinha voz, também, destinada ao trabalho ou à administração da casa e a gerar filhos. Democracia não era para todos.
No Império Romano, a classe dominante passava longe da atividade braçal. Mesmo a administração dos seus bens era conduzida por empregados, sendo indigno aos romanos da elite o menor contato com o trabalho, executado por escravos.
Assim foi na Idade Média, o trabalho sendo considerado uma atividade secundária, executada pelo povo, escravizado ou semi-escravizado. Os protestantes, a partir de Lutero e Calvino, batalharam para dar dignidade ao trabalho e ao lucro. A burguesia de então aderiu ao novo pensamento religioso para se aproximar mais da categoria dos nobres, e se alçar a um reconhecimento de dignidade e proeminência.
Com o advento da Revolução Industrial, uma nova categoria de trabalhador apareceu: os empregados da indústria. A mesma mentalidade em vigor na produção rural foi aplicada na indústria. O trabalho no campo era para a categoria escrava ou semiescrava da sociedade. Da mesma forma eram tratados os que foram para a cidade trabalhar na recente atividade industrial, passando a ser chamados de operários.
As condições eram as piores possíveis, só paravam de trabalhar para ir dormir, como acontecia no campo, com a agravante que o ambiente nas indústrias era terrível, pelo barulho, contágio com produtos químicos, confinamento em um ambiente fechado e insalubre, fiscalizado de perto pelos capatazes ou gerentes, que exigiam desempenho além da capacidade física do trabalhador. Além do que, crianças trabalhavam da mesma forma que os adultos. O tratamento dispensado aos operários era de agressão verbal e até física. Tinha-se que trabalhar estando bem ou mal de saúde.
Esse ambiente levou a teorização de um novo tipo de organização da produção e da sociedade, idealizados por Marx e Engels. Por outro lado, a conscientização e a coragem de líderes operários, muitos pagando com as próprias vidas ações de reivindicações, levaram o capitalismo a admitir seus excessos e a reformu-lar as relações com os trabalhadores e a humanizar a atividade.
Por isso o primeiro de maio é "Dia do Trabalhador", homenageando os que lutaram para mudar a mentalidade dominante e dar dignidade ao ser humano que tem que trabalhar, e buscando uma reflexão sobre as atividades da mulher e do homem. Não é "Dia do Trabalho", pois este acontece de qualquer forma, executado por escravos ou trabalhadores remunerados.
No mesmo primeiro de maio, comemora-se a Literatura Brasileira. Infelizmente ainda somos um país que lê pouco, a maioria da população não tem o hábito saudável e agradável da leitura. O livro nos proporciona, além de momentos prazerosos, o conhecimento das experiências, das vivências, dos conhecimentos acumulados, das condições de vida, do progresso, em suma de toda a trajetória da humanidade.
É importante que o trabalhador, em seu dia, exercite a reflexão da sua importância, das condições de trabalho, dos seus direitos, não só no âmbito da empresa, como, também, fora dela, pleiteando melhor ação dos governantes no gerenciamento das obrigações do estado para com o povo. Contudo, é importante que se conscientize dos seus deveres, o que cada um pode e deve contribuir para o melhor desempenho da comunidade, das ações públicas, não só exigindo desempenho ético e eficaz dos governantes, bem como ajudando no pensar o que a sociedade deve fazer em benefício de todos. O trabalhador tem o dever de entender seus direitos no trabalho e na sociedade, de contribuir para o aprimoramento da sociedade, de escolher com lucidez e reflexão seus representantes nas diversas esferas de organização política. Para isso ele tem que aprimorar seus conhecimentos, abrir sua mente e tomar conhecimento das experiências acumuladas pelo ser humano.
O livro proporciona não só o contato com o conhecimento humano, ele nos permite desfrutar bons momentos que uma estória bem contada proporciona.
* Virgilio Pedro Rigonatti, Escritor, www.lereprazer.com.br rigonatti_pedro@terra.com.br autor do livro “MARIA CLARA a filha do coronel” que se encontra à venda nas livrarias Supertog, Estação do Livro e Livraria Beca pela Funpec Editora.