ELE POR ELE

Wallace Silva: Uma vida de relevantes serviços prestados a Paraíso

Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 01-05-2017 14:05 | 1430
O gráfico, jornalista, escritor, rotariano e bacharel em Direito, Wallace Silva
O gráfico, jornalista, escritor, rotariano e bacharel em Direito, Wallace Silva Foto: João Oliveira/Jornal do Sudoeste

O gráfico, jornalista, escritor, rotariano e bacharel em Direito, Wallace Silva, de 77 anos, teve atuação destacada na imprensa paraisense e por ter conseguido por meio do seu jornal, a “Folha Regional do Sudoeste de Minas”, realizar grandes feitos para o município, entre eles, denúncias de cunho social que resultaram em melhorias nas  condições de vida para o povo paraisense. Ele trabalhou como tipógrafo em jornais como “O Cruzeiro do Sul”, “O Liberal” e “O Paraisense”, antes de fundar seu próprio veículo de imprensa, o que, segundo ele, foi um acaso. Casado com a professora Lina Lívia Caliari, pai da economista Lívia, da jornalista Tânia e da turismóloga Cláudia,avô de sete netos, essa personalidade da comunidade paraisense nos confidência um pouco da sua vida e da sua passagem pela imprensa regional. 




Jornal do Sudoeste: Como foi juventude em Paraíso?
Wallace Silva: Minha infância foi muito tranquila. Eu fui criado pela minha avó, Gasparina Gomes. Meu pai, Benedicto Saturnino da Silva, faleceu quando eu tinha cerca de um ano e minha mãe, Maria Gomes da Silva, quando eu tinha nove. Fui muito paparicado pela minha avó (risos). Eu fiz o primário na Escola Coronel José Cândido, depois estudei na Escola Técnica de Comércio e mais tarde fiz faculdade de Direito na Unaerp, em Ribeirão Preto, mas não cheguei a advogar. Logo após isso, comecei a exercer jornalismo aqui em Paraíso, por meio da Folha Regional, mas trabalhei muitos anos antes disto como tipógrafo. 




Jornal do Sudoeste: E como “nasceu” a Folha Regional do Sudoeste de Minas?
Wallace Silva: Foi por acaso. Como eu sempre estive envolvido com o meio jornalístico e era tipógrafo, comecei a ter certa prática e gostava muito desse trabalho, então comecei a aprender e a fazer jornalismo na prática. Eu já havia trabalhado em jornais como “O Comércio do Sul”, “O Liberal” e “O Paraisense”,  e então decidi fundar meu próprio jornal, a “Folha Regional do Sudoeste de Minas”. Eu queria fazer um jornal cultural para divulgar a cultura paraisense. A primeira edição saiu em 7 de Setembro de 1989, em pleno desfile do Dia da Pátria eu distribuí o jornal gratuitamente, foi um sucesso.




Jornal do Sudoeste: E isso motivou a continuidade do jornal?
Wallace Silva: Sim. Na segunda edição saiu uma matéria sobre a reclamação da população, que não gostou da mudança do local do desfile, que era na Praça da Fonte e naquela época aconteceu na avenida Ângelo Calafiori. Eu publiquei isso e à época e o então prefeito não gostou da notícia e foi à rádio me criticar e em outros jornais dizendo que não sairia uma terceira edição do meu jornal. A partir daí passei a ser oposição e foi assim durante dois anos. Depois disso ficou tudo bem entre nós e o jornal perdurou por oito anos. Foi um período muito bom, onde através do jornal eu tive a satisfação de viajar para vários lugares em Minas e outros Estados que eu nunca pensei em conhecer como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.




Jornal do Sudoeste: Teve alguma matéria em especial que você gosta de recordar?
Wallace Silva: Das reportagens que eu fiz, eu me lembro de uma bem interessante, que foi a visita do candidato a vice-presidência da República, Aureliano Chaves, que esteve em Guaxupé e eu fui para lá cobrir essa visita. Recordo-me que o auditório estava lotado e que havia muita gente ao redor dele. Mas consegui me aproximar. Neste momento todos os repórteres de São Paulo e Belo Horizonte se reuniram próximos dele e eu também, com meu gravadorzinho; os repórteres da Folha de São Paulo e do Estado de Minas faziam as perguntas, até interessantes, e o Aureliano Chaves, que era um homem alto em relação aos repórteres, exceto eu que também era mais alto, respondia as perguntas diretamente para mim; eu ri muito desta situação. Á época foi uma reportagem muito boa.




Jornal do Sudoeste: Você também chegou a realizar muitas denúncias...
Wallace Silva: Sim. Uma dessas denúncias foi sobre poluição do Córrego Pilões que chamou a atenção da Vigilância Sanitária. Eu lembro que o proprietário de uma pocilga, responsável por essa poluição, ficou muito bravo comigo e com o fotógrafo quando fomos lá fazer as imagens; tivemos que sair às presas, mas após isto a situação ficou resolvida. Houve também denúncia contra uma empresa de ônibus que estava fazendo translado com veículos sucateados, nós fomos à rodoviária e fizemos foto. Disseram-me à época que quando saiu o jornal, mandaram uma edição para Ribeirão e que quando estava para sair o ônibus eles leram a matéria e trocaram de veículo na mesma hora. A partir daí houve uma melhora nesta linha, hoje já não sei como está. Outra matéria foi a que resultou no projeto Soma; a manchete foi “Um desafio a ser vencido”, porque aquela região onde hoje é o Tiro de Guerra, era um buracão e havia um córrego que descia um esgoto a céu aberto, nós noticiamos o fato e a partir daí o prefeito iniciou e terminou as obras naquela região em benefício da cidade.




Jornal do Sudoestes: Você chegou a ser ameaçado em algum momento?
Wallace Silva: Sim, inclusive de morte. Eu me recordo que em uma época de movimentação política na cidade recebi um telefonema de alguém dizendo que “iria me dar um tiro”. Eu respondi: “Não sei quem está falando, mas pode vir aqui que eu te recebo bem”, mas não aparece ninguém.




Jornal do Sudoeste: E o que você fez depois de encerrar o jornal?
Wallace Silva: Durante esse período que deixei o jornalismo, escrevi alguns livros; um deles reuni as histórias de 40 funcionários que passaram pela minha gráfica, onde conto as peripécias de cada um. Hoje são rapazes que são dentistas, advogados e engenheiros, são vencedores que começaram na gráfica Wallace. Ainda tenho contato com todos eles, nunca tive um problema com esses funcionários; quando o livro saiu foi uma alegria para todos, um desses rapazes, que já veio aqui em casa em outras oportunidades, chegou a me dizer que sempre se emociona quando vê esse livro.




Jornal do Sudoeste: Você também é rotariano?
Wallace Silva: Sim. Eu fui rotariano durante 21 anos e exerci todos os cargos – com exceção de tesoureiro –, inclusive fui presidente. Nesse período eu tive a felicidade de conseguir um intercâmbio entre jovens onde envie minhas três filhas e recebi três jovens de países diferentes: uma foi para a Alemanha,  outra para o Canadá e outra pra Holanda, onde elas ficaram um ano. Uma dessas intercambiárias que veio para Paraíso gostou tanto daqui que retornou outras vezes, arrumou um namorado e se casou, eu fui um dos padrinhos de casamento. Até hoje mantemos contato, ela se tornou nossa filha e sempre que vem a Paraíso, nos faz uma visita.




Jornal do Sudoeste: O que você pode dizer sobre esses 77 anos de vida?
Wallace Silva: Para mim esses 77 anos são de uma vida muito bem vivida. Meus pais faleceram muito jovens; durante uma viagem que eu estava realizando, à época que eu estudava em Ribeirão, eu sofri um acidente e fui socorrido e levado para a Santa Casa de Ribeirão. Lembro que na visita de um dos meus irmãos brinquei com ele que não havia sido daquela vez, porque na nossa família as pessoas morriam cedo, eu tinha 36 anos. Os anos foram se passando e a gente foi vencendo essas etapas, sobrevivendo. Nesses 77 anos eu posso dizer que só tive alegrias e o que eu pude fazer por Paraíso e colaborar com nossa cidade de alguma forma, eu fiz.