Existe moral sem Deus?
Por: Joel Cintra Borges | Categoria: Cidades | 01-05-2017 14:05 | 1377
Fiódor Dostoiévski, no livro "Os Irmãos Karamázov", escrito em 1879 na Rússia, e que constitui uma das mais importantes obras da literatura universal, em certo trecho conclui: "Se Deus não existe, tudo é permitido". Ele não faz essa citação nessa forma literal, mas, mas, é o que se conclui de sua fala em um trecho maior e mais explicado.
Parece que o mundo ocidental atravessa uma crise de falta de espiritualidade. Liberto da Inquisição, da venda de indulgências, do temor do fogo do inferno, resolveu também abolir a Bíblia, com o Velho Testamento, que fala de Abraão, de Moisés, dos profetas; e do Novo Testamento, com os ensimentos de Jesus.
Na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte, o que predomina é o materialismo. O ateísmo, admitido por mais de 50% das pessoas, ou a religião praticada por algumas pessoas, mas, de maneira formal. Como se fosse para cumprir uma tradição.
Há uma grande crise de espiritualidade. Ter espiritualidade é acreditar que não somos apenas corpos, homens ou mulheres, com um prazo de validade de 70 a 80 anos, sujeitos a todo tipo de chuvas e tempestades! É crer que existe algo maior que transcende a matéria, uma alma, ou espírito, que continua a jornada quando o corpo que o abriga temporariamente volta ao pó de onde nasceu.
Há um grande perigo nessa crise de espiritualidade. Porque tudo é permitido. Se a mulher engravida e não deseja um filho agora, procura o médico e faz um aborto. Se a secretária é bonita e insinuante, por que não ter um caso com ela? Se a esposa, ou esposo, já não nos agrada, por que não partir para outro casamento? O roubo, o estupro, o homicídio, o suicídio, deixam de ter uma face horripilante, passando a ser percalços, detalhes em um caminho que não conduz a nada e cuja regra única é a obtenção de prazer.
Espiritualidade não se consegue apenas com a ciência, caso contrário não existiria filósofo materialista. É uma busca mais profunda, que envolve não apenas o estudo, mas, a meditação, a humildade, a observação atenta da natureza e dos fatos da vida, que não são desconexos, não são frutos do acaso. Estão ligados, porque tudo faz parte de tudo.