POLE POSITION

Aperitivos para o GP da Rússia

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 01-05-2017 15:05 | 1385
Mercedes tem 100% de  aproveitamento no GP da Rússia
Mercedes tem 100% de aproveitamento no GP da Rússia Foto: LAT Photographic

Depois de três GPs Sebastian Vettel (Ferrari) lidera o campeonato com 68 pontos de duas vitórias (Austrália e Bahrein) e um segundo lugar na China. Lewis Hamilton (Mercedes) é o vice-líder com 61 de uma vitória (China) e dois segundos lugar (Austrália e Bahrein). Atrás deles, um abismo separa seus companheiros de equipes: Valtteri Bottas (Mercedes) em 3º com 38 e Kimi Raikkonen (Ferrari) em 4º com 34. Coincidentemente dois finlandeses, ambos sob enorme pressão. Bottas por falhar na China quando rodou no asfalto úmido com o safety car na pista e por não converter a pole do Bahrein em vitória. Na corrida ainda teve que dar passagem duas vezes para Hamilton numa caçada a Vettel. E Raikkonen por sequer subir no pódio com um carro igual ao de Vettel. 
A batata começou assar nas mãos de Kimi depois que o presidente da Ferrari, o impaciente Sergio Marchionne, teceu pesadas criticas ao piloto depois da corrida de Xangai: “Ele parecia ocupado com outras coisas”, e pediu para que o diretor esportivo, Maurizio Arrivabene, sentasse para uma ‘conversinha’ com seu comandado. 
Kimi é o piloto mais velho do grid, 37 anos. Está em sua 15ª temporada na Fórmula 1. Por ironia é o último a conquistar um titulo pela Ferrari, em 2007. Mas no paddock crescem os rumores de que este pode ser o seu último ano na categoria. Os sinais de que o melhor da carreira de Raikkonen ficou no passado são cada vez mais evidentes. Com as mudanças do regulamento deste ano que tornou os carros mais rápidos em curvas e com mais pressão aerodinâmica, semelhantes aos de dez anos atrás, esperava-se mais de Raikkonen, mas está sendo difícil andar no mesmo ritmo de Vettel.
A posição de Bottas na Mercedes não é muito diferente da do compatriota, ainda que pese não ter recebido publicamente nenhum puxão de orelha de Toto Wolff e Niki Lauda. O desafio de Bottas não é pequeno. Ele carrega nos ombros o peso de substituir o campeão do ano passado, Nico Rosberg, na equipe que dominou a Fórmula 1 nos últimos três anos, e ainda tendo que tirar leite de pedra contra um dos melhores pilotos do grid, Hamilton. Tem mais: O contrato de Bottas vale apenas para esta temporada, o que coloca mais pressão neste finlandês de 27 anos que precisa justificar a aposta da Mercedes que pagou caro para tirá-lo da Williams.
O GP da Rússia, amanhã, em Sochi, quarta etapa do Mundial, será um tira-teima entre Vettel e Hamilton na disputa pelo título e uma luta pela sobrevivência entre Bottas e Raikkonen. Bastou a Ferrari se impor sobre a Mercedes para que começassem as acusações de o modelo SF70H estar fora do regulamento. Red Bull e Mercedes solicitaram ao delegado técnico da Federação Internacional de Automobilismo, Jo Bauer, uma inspeção mais rigorosa no assoalho dos carros de Vettel e Raikkonen por supostamente estar flexionando mais do que o normal em movimento, o que vai contra as regras por dar ligeira vantagem no ganho de pressão aerodinâmica e consequentemente melhor contorno de curvas e menor desgaste de pneus.
E um dos trunfos da Ferrari sobre a Mercedes até aqui é justamente o fato de o modelo SF70H preservar mais os pneus que o W08 Hybrid da Mercedes.  Seja por suposta irregularidade – até o fechamento desta coluna a FIA não havia se manifestado – ou por total eficiência do carro, a verdade é que a Ferrari tem hoje um carro muito superior ao da Red Bull que não esconde falhas no projeto do conceitu-adíssimo Adrian Newey e também defasagem no desenvolvimento do motor Renault diante das unidades de potência da Mercedes e da Ferrari, respectivamente.
O bom desta nova Fórmula 1 dos carros e pneus mais largos, motores mais potentes dentre as principais mudanças do regulamento é que ela caiu no agrado dos fãs. É o que mais ouço por ai, principalmente por haver uma disputa direta entre duas equipes. Se por um lado o aumento da pressão aerodinâmica dos carros tornou as ultrapassagens mais difíceis, por outro lado elas agora são mais honestas porque dependem mais da coragem e do talento do piloto do que apenas passar de passagem porque os pneus do carro da frente já estavam desgastados. Ultrapassar agora tem que ser na raça! 
Este será o 4º GP da Rússia. A Mercedes tem 100% de aproveitamento, fez a pole position e venceu todos. E uma curiosidade: nenhuma outra equipe liderou uma volta sequer nos 5.848 metros do Circuito de Sochi. Nas 159 voltas acumuladas, a Mercedes liderou todas sozinha. Uma invencibilidade a ser defendida da ameaça da Ferrari.  
LEMBRANÇAS
E 1º de maio vem aí. E muita gente vai lembrar o que fazia nesse dia em 1994. Muitos vão lembrar de Ayrton Senna.