Aposta justificada
Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 08-05-2017 14:05 | 1340
A Mercedes ficou num beco (quase) sem saída quando Nico Rosberg surpreendeu a todos com o anúncio precoce de sua aposentadoria cinco dias após vencer o Mundial do ano passado. Era começo de dezembro e todas as equipes estavam fechadas com seus pilotos para 2017. O único disponível era Pascal Wehrlein, da academia de jovens pilotos da Mercedes, mas a própria equipe entendeu que ele ainda estava ‘verde’ para assumir o assento do campeão mundial.
O menos complicado de negociar àquela altura era Valtteri Bottas. Primeiro porque sua carreira era gerenciada por Toto Wolff, chefe da Mercedes, que até pouco tempo era também acionista da Williams. O segundo passo foi convencer a Williams em liberar seu piloto. E para isso a Mercedes teve que ceder às contrapropostas da equipe inglesa.
Uma delas foi receber os motores de graça, algo que a Williams teria que pagar cerca de 18 milhões de euros este ano. E ainda teve a liberação imediata do diretor-técnico Paddy Lowe, um dos pilares do sucesso da Mercedes nos últimos anos, que já não estava muito satisfeito na equipe.
Bottas foi uma aposta de risco. Seu contrato vale apenas para este ano. O contrato da maioria dos pilotos, entre eles, Vettel, Alonso, Ricciardo termina nesta temporada e a Mercedes não quis correr o risco caso Bottas não desse certo.
Mas na Rússia o finlandês justificou o investimento. Venceu com propriedade depois de uma estupenda largada em que deixou as duas Ferrari para trás e ditou o ritmo das 52 voltas da corrida.
O GP da Rússia já é candidato a condição de mais monótono do ano, houve apenas uma ultrapassagem contada a partir da segunda volta – de Wehrlein sobre Ericsson – pela 15ª posição, na quinta volta, mas que não tira os méritos de Bottas, o 107º piloto a vencer uma corrida na Fórmula 1, principalmente depois dos treinos de sexta e sábado em que a Ferrari se colocou na condição de favorita numa pista onde a Mercedes tinha 100% de aproveitamento desde 2014 com vitórias, poles e liderança absoluta de todas as voltas.
Na Williams Bottas fez por merecer um carro melhor onde pudesse colher frutos do enorme talento que tem. Mas 2017 começou com certa desconfiança na Mercedes quando rodou no GP da China com o safety car na pista, e no Bahrein, apesar da pole position, teve um ritmo tão irregular na corrida que por duas vezes recebeu ordens para abrir passagem para Hamilton numa perseguição a Vettel. Para os mais críticos soou como um rótulo de segundo piloto na testa, algo como vimos com Barrichello e Massa em seus tempos de Ferrari.
Com o perdão do trocadilho, em Sochi, Valtteri ‘sentou a bota’, dominou Hamilton o final de semana inteiro – Lewis não se achou em momento algum no GP da Rússia – e entrou na briga com Vettel e o próprio companheiro de Mercedes pelo título. O alemão da Ferrari que mostrou o dedo do meio para Massa (retardatário) quando perseguia Bottas no final da prova, lidera o campeonato com 86 pontos e abriu 13 de vantagem para Hamilton (73) que agora tem Bottas (63) como ameaça, em 3º.
Em quatro corridas, a Fórmula 1 tem três vencedores de duas equipes e um campeonato equilibrado tanto no de pilotos como no de construtores em que a Mercedes reassumiu a liderança com 1 ponto na frente da Ferrari (136 a 135).
3.000 CORRIDAS
Depois de uma pré-temporada desastrosa, Valentino Rossi lidera o campeonato com 56 pontos, 6 a mais que Maverick Viñales. A MotoGP disputa neste domingo, na Espanha, a histórica marca de 3.000 corridas desde 1949.
EFEITO ALONSO
Foi apenas um teste. O primeiro contato de Fernando Alonso com um carro de F-Indy no oval de Indianápolis foi visualizado por 2 milhões de pessoas na transmissão ao vivo que os canais da Indy fez. 950 mil pessoas assistiram através do Facebook e 1,2 milhão pelo YouTube. Dia 28 todas as atenções estarão voltadas para o carro 29, na cor laranja, da McLaren-Honda-Andretti.