O contador, administrador de empresas e especialista de mercado, Gilson Aloise de Souza, 44 anos, tem uma sólida carreira no ramo do agronegócio, em especial o mercado cafeeiro, tendo passado por quase todos os seus setores: da produção à comercialização do produto. Pai dos jovens Ítalo Fagundes Duarte de Sousa, de 14 anos e Igor Fagundes Duarte de Sousa, de 10 anos, é casado há mais de 16 anos com Elaine Terloni Duarte. Nascido, criado e educado em Paraíso, Gilson, filho de Jací Fagundes de Sousa e Maria Rosa de Souza, também produtores rurais, sempre esteve ligado a terra e ao mercado cafeeiro, o que culminou com a criação da sua própria empresa de intermediação e consultoria em agronegócio: a Safras e Negócios.
Jornal do Sudoeste: Sua educação foi toda em Paraíso?
Gilson Souza: Sim. Minha infância foi praticamente em São Sebastião do Paraíso. Foi aqui que concluí o ensino fundamental e médio. Em Paraíso também fiz minha graduação, na antiga Faceac, atualmente Ceduc, onde fiz o curso técnico em contabilidade e administração de empresas. Logo após essa formação realizei outras duas pós-graduações, uma voltada para finanças corporativas, duas para área de gestão de negócios e uma voltada para comércio exterior.
Jornal do Sudoeste: Como começou essa sua história com o mercado cafeeiro?
Gilson Souza: Sempre trabalhei com a área de café e meu primeiro trabalho, aos 15 anos, foi em uma cooperativa cafeeira de Paraíso, como office-boy. Depois trabalhei como auxiliar de classificação, até meus 19 anos, e já nesta idade como classificador e degustador de café. Depois fui promovido para área comercial onde trabalhei até 2002 e em 2003 recebi uma promoção para trabalhar na Coimbra, que posteriormente levou o nome de Louis Dreyfus Commodities, onde trabalhei cerca de 11 anos. Os dois primeiros anos trabalhei na matriz da América do Sul, depois fiquei cerca de um ano em Vitória (ES), depois nos mudamos para Varginha, onde trabalhei por sete anos.
Jornal do Sudoeste: Em que você atuava nesta empresa?
Gilson Souza: Sempre na área de café, inicialmente como classificador e depois como trader pleno e os últimos sete anos como gerente regional no setor de café, atuando no Brasil todo, principalmente nos estados da Bahia, Rondônia, Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Os últimos quatro anos focamos no setor de café arábica, onde estávamos alojados na regional de Varginha pela Louis Dreyfus Commodities. Em 2012, a convite de uma cooperativa de Café daqui de Paraíso, retornei, onde trabalhei até 2015, na área de gerência comercial.
Jornal do Sudoeste: Você sempre objetivou trabalhar nesta área?
Gilson Souza: Inicialmente foi uma vontade que surgiu, meus pais sempre foram produtores rurais e isso despertava em mim um pequeno interesse em trabalhar com essa área, apesar de não tão claro, mas quando eu me tornei classificador e degustado isso mudou significativamente à vontade em me dedicar ao mercado de café. Durante estes cursos que fiz, participei de várias entidades como diretor do Centro Comércio de Café de Minas Gerais, onde atuei em alguns centros de arbitragem de cafés de qualidade; também me tornei produtor de café, em 2004.
Jornal do Sudoeste: E por que café?
Gilson Souza: Café é uma commodity interessante porque não tem repetições e não segue uma regra. Cada ano acontece um fato novo e um movimento novo. Em praticamente 30 anos que trabalho com isso é raro um ano sem que haja alguma novidade. É uma commodity que traz uma liquidez muito interessante, seja caro ou barato sempre há negócio, além de ser uma bebida envolvente e individual, que tem os seus requintes. É um produto que te permite armazenar, não é perecível e é uma das cinco commodities mais financiadas no mundo. A produção não é fácil, tudo depende de dedicação e o esforço é sempre válido em café. Há um reconhecimento interessante no sentido profissional e econômico, além do leque de possibilidade na área agronômica, administrativa, área industrial e do próprio mercado, como a questão financeira que faz com que os bancos e instituições financeiras se sintam atraídas por esse produto.
Jornal do Sudoeste: É um produto que sempre gera retorno?
Gilson Souza: Sim. Para o produtor também é uma commodity interessante porque a cada ano reflete de forma diferente. Tem ano que em determinada fase tem uma remuneração maior, mas é um produto que praticamente remunera a todos, dependendo do fluxo a indústria é melhor remunerada ou dependendo do fluxo, o produtor; enfim, os dois pontos mais importantes da cafeicultura, que podem ser considerados os pilares e que sustentam essa commodity é a produção e a indústria: o produtor por estar linkado diretamente com a natureza e tem um fator de risco muito alto que é lidar com a natureza; para a indústria o grande desafio é atender ao mercado consumidor em sua máxima qualidade e urgência. O torrefador nacional ou internacional tem uma importância fundamental para o processo como um todo porque é ele quem cuida, que zela, protege e trabalha o consumidor, que é o rei nesse processo.
Jornal do Sudoeste: Como nasceu a Safras e Negócios?
Gilson Souza: Em 2016, a convite de um amigo, e não deixando de ressaltar o meu desejo e principalmente dos meus pais em adquirir um negócio próprio, surgiu a Safras e Negócios. Mesmo porque tínhamos retornado a São Sebastião do Paraíso com um conhecimento a mais. Em abril a empresa fez um ano. É um negócio que tem trazido boas oportunidades para a nossa equipe, hoje formada pela Andiara, pelo Ítalo, Lúcio, o João, Matheus e o Humberto. É uma equipe que hoje tem como principal objetivo o desafio e a cada dia vem nos trazendo novas oportunidades. Nossa intenção é permanecer na região.
Jornal do Sudoeste: Qual é o foco da Safras e Negócios?
Gilson Souza: Nossa empresa consiste na intermediação comercial e consultoria financeira e comercial, tudo isso voltado para a área de agronegócio. Também temos como área de atuação a criação de eventos voltados para este setor e também a emissão de laudos técnicos para a área de agronegócio: classificação e análise do produto como um todo para a sua aplicação, seja ele mercado interno ou externo. Temos representado empresas multinacionais de expressão a nível nacional e internacional.
Jornal do Sudoeste: É um negócio que dá medo?
Gilson Souza: Medo não é palavra, mas há o receio, riscos e preocupações. Em se tratando dos problemas que o país passou em 2015, 2016 e ainda passa, mas dado ao conhecimento técnico, network e os desafios da equipe, estamos superando esses momentos de crise. Com algumas mudanças na região sobre o perfil comercial se achou e fez necessária a criação de uma empresa voltada para a prestação desse serviço. Eu diria que é muito mais um desafio que medo, o investimento é relativamente interessante para o negócio. Eu sempre falo que o produtor sempre terá e tem razão aqui, até porque nós somos produtores e estamos muito mais próximos deles que do consumidor, não deixando de destacar os parceiros, mas é o produtor que tem essa vez, que é nosso cliente e nosso rei. Natural que como todo o começo tem seus erros e tentamos corrigir conforme o curso, para que no futuro possamos oferecer condições maiores para o produtor e para os parceiros, buscando atender a máxima, que é toda a cadeia produtiva, que é nossa busca incessante.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz da sua vida e carreira até agora?
Gilson Souza: Para quem sempre foi movido por desafios, sempre há um obstáculo e quando se percorre e chega a essa “reta final” de cada etapa, de cada desafio, sempre surgem novos obstáculos a ser superados e sempre vêm os questionamentos: Será que pode ser melhor? Será eu fui o melhor? No sentido de realização, acho que viver em meio a minha família já é um grande sonho realizado. Do trabalho, ele é consequência de tudo isso, quem planta colhe. Essa paciência, tolerância, resiliência é algo que sempre vai existir e sempre iremos trabalhar com isso. Enquanto eu estiver vivo e com saúde, o desafio será este, é isto que me dá vontade de levantar todos os dias, vontade de conquistar novas realizações sem prejudicar o próximo e fazendo o melhor possível. Todo mundo é passível de erros, só que se não formos passíveis de mudança não vamos evoluir. Eu não posso dizer que existe sucesso, isso não existe, o que existe são conquistas diárias, sem deixar de respeitar a fé, que faz com que você busque a esperança, no sentido de que o novo é bom, as mudanças são boas e que sempre há o novo. Se nós passarmos a encarar o novo de maneira diferente, os desafios e as dificuldades, com certeza o sofrimento será menor; o desafio sempre vai existir e a mudanças serão menos drásticas sabendo respeitar cada um no seu tempo certo. A adaptação é fundamental.