Despojar-se das coisas mundanas num intervalo consciente proporciona a oportunidade de vivenciar a caminhada e sentir-se um verdadeiro caminhante.
Entrar em retiro é cortar por um breve período os laços com o mundo; é cortar as amarras que interferem continuamente nos pensamentos, impedindo e bloqueando o humano desejo de ascender. Só mesmo cortando as ruidosas ligações com o mundo exterior se poderá sentir a riqueza que emerge do Eu profundo.
Predispor-se a um período de isolamento, saindo das cadeias do ir-e-vir diário é ir de encontro à percepção de outras realidades mais sutis e muito mais puras.
O ensinamento interno vem por caminhos que pareciam antes impossíveis e somente aquele que procura o contato real com seus interior comprova que a paz está sempre presente. E aquilo que chamamos de Deus torna-se visível em tudo: no ar, na pedra, na árvore e em nós mesmos.
Quando em retiro pode-se sentir como foi gratificante ao filho pródigo o retorno à casa do Pai e saber o quanto aquele Pai esperava por aquela volta. O Cósmico nos convida ao silêncio e pede apenas uma coisa: a entrega. Uma entrega sem ruídos, que espera como recompensa tão somente uma parcela maior de compreensão. Uma entrega verdadeira, plena, torna o buscador uma fortaleza inabalável no serviço evolutivo, mesmo depois quando regressa ao mundo tridi-mensional, agitado e complexo.
Quando pelo isolamento o buscador se dedica aos fatos internos, com sinceridade, a consciência pode banhar-se num mar de luz, cuja explicação se tornara impossível.
Mercedes Palma F.R.C.