Incrível a cara de pau de nossos "líderes", que parecem viver numa realidade paralela.
No mundo em que vivem, o país vem sendo comandado sucessivamente por uma parceria público/privada com um grau de contaminação que dá a sensação de que não sobra ninguém. É incrível como as práticas se repetem e as narrativas para tentar negar os fatos também se mostram semelhantes.
Mais uma vez o cerco se fecha sobre um governo onde todo o entorno presidencial vai sendo envolvido e a figura central, o presidente, busca lavar as mãos com a alegação de que seus assessores e assistentes agiam por conta própria e à revelia do chefe. O ex-presidente Lula inaugurou o "eu não sabia" no Mensalão. Os dois maiores esquemas de corrupção do país prosperaram por seus dois governos e envolveram todo o staff do partido dele, o PT, e da equipe presidencial. Mas, o próprio vivia alheio a tudo isso.
Na sequência, veio o governo da ex-presidente Dilma. Os esquemas ganharam escala, personagens antigos continuaram dando as cartas dentro do governo e novos foram incluídos abrindo mais frentes para que o jogo da corrupção continuasse ativo. A presidente mais uma vez não sabia de nada. Era uma ilha cercada de corruptos por todos os lados. O mesmo discurso é apresentado agora a cada novo auxiliar do presidente Michel Temer que cai na rede da Lava-Jato.
Tentar criar no subconsciente a ideia de que os fins justificam os meios não funciona mais. Querer barganhar desvios com avanços é buscar uma negociação voltada para padrões que deixaram de ser tolerados. Os discursos de Lula, Dilma e Temer encontram pelo menos um ponto de convergência. Os três parecem ter sido acometidos de um mal que no meio jurídico se convencionou chamar de cegueira deliberada.
Em nome de se fazer um país melhor, tudo pode.
Um país assim nunca será melhor, a não ser na realidade em que vivem.
Viver num país onde os corruptos, até o presidente, são desmascarados não tem preço.
Todos os prêmios e benefícios aos donos da JBS são poucos, diante da purgação que provocaram.
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