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Laura Paim: dedicação ao próximo e amor à educação

Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 29-05-2017 08:05 | 1357
Professora por mais de 40 anos, Laura Paim Dimas
Professora por mais de 40 anos, Laura Paim Dimas Foto: Reprodução

Homenageada como Mãe do Ano pela Academia Paraisense de Cultura, autora de diversos livros, professora por mais de 40 anos, Laura Paim Dimas, que foi casada com Joaquim Antônio Dimas, ex-combatente que lutou na Segunda Guerra Mundial, já falecido, é mãe de quatro filhos: Oraldo, que já faleceu, Aguinaldo, Ronaldo e Rosilda. Aos 87 anos, dos quais grande parte foi dedicada à alfabetização de crianças nas regiões rurais onde passou parte da vida, é com carinho que Laura recorda alguns momentos de sua longa trajetória pelo cenário da educação.



Jornal do Sudoeste: Onde a senhora passou a infância?
Laura Paim: Eu nasci em Alpinópolis, mas papai tinha propriedade no Santana, região rural de Jacuí. Vivi a infância toda em uma fazenda e morei lá até me casar, onde também fui professora e dava aulas para as crianças da roça. Meu pai, Francisco Coelho Paim e minha mãe, Laura Matilde de Assis, tiveram 14 filhos, eu sou a do meio. Foi uma infância bem alegre, eu e meus irmãos fazíamos muita festa, não tínhamos brigas, havia aquelas briguinhas de criança, mas era uma família muito unida. Sete deles já faleceram e eu sou a mais velha dos meus irmãos que estão vivos.



 



Jornal do Sudoeste: Como a senhora conheceu seu marido?
Laura Paim: Meu marido era de Divinópolis e tinha um tio que morava perto da fazenda do papai. Ele procurou se ajeitar em Divinópolis, não conseguiu nada e resolveu se mudar para perto do tio, e ficou conhecendo a região, onde comprou uma propriedade na região de Mato Dentro, município de Jacuí. Depois ele começou a trabalhar com venda de gado e procurava esses animais na região, foi assim que acabou conhecendo meu pai e virando um freguês. Na época eu dava aulas, não tinha tempo para amizade nenhuma, mas nos encontrávamos naqueles bailinhos que existiam nas roças antigamente e acabamos ficando amigos. Certo dia ele perguntou se podia pedir para meu pai a minha mão em casamento, então eu disse que se ele pedisse ao meu pai eu aceitaria, foi aí que o tio dele conversou com o meu pai e assim nos casamos. Era assim naquela época.



 



Jornal do Sudoeste: E depois disso?
Laura Paim: Após o casamento eu continuei dando aulas, fiz magistério e lecionei por cerca de 42 anos. Eu comecei com o quarto ano primário na roça, na região onde morava. Também fui pioneira no ensino de adultos naquela região. Os adultos da colônia, todos queriam votar, era novidade. Ajudei a eles a aprender escrever o próprio nome e também a ler, então conseguiram tirar o título de eleitor; isso foi depois de eu sair do internato aqui em Paraíso, na época da Segunda Guerra. Lembro que ficaram muito felizes; o primeiro rapaz que conseguiu tirar o título passou na minha casa, lá no Santana, para me mostrar o documento. São coisas que às vezes para a gente não tem valor, como escrever o próprio nome, mas para eles significa muito.



 



Jornal do Sudoeste: A senhora era uma professora muito rígida?
Laura Paim: Eu era uma professora muito enérgica, as pessoas tinham até medo de mim, por eu ter mais conhecimento que elas, mas eu falava o que estava errado justamente para a pessoa saber onde estava errando, porque aí se ela voltasse a errar, era porque queria.



 



Jornal do Sudoeste: Vocês viveram muito tempo naquela região?
Laura Paim: Nós mudamos muito, porque meu marido, por ser ex-combatente, as pessoas queriam saber como era a guerra, e ele não gostava de falar sobre isso. Eu conhecia a história toda porque já havia lido sobre, e evitava perguntar porque eu sabia que ele não se sentia bem falando sobre aquela época. Depois disso, eu também morei em Passos, onde recebi o título de Cidadã Passense.



 



Jornal do Sudoeste: A senhor gosta de escrever e fez muitos lançamentos...
Laura Paim: Sim. Eu ainda tenho uma porção de livros na minha memória que eu gostaria de escrever; eu gosto muito de escrever, todos esses livros que eu produzi são de minha autoria. O processo é difícil e demorado, mas eu gosto. Recordo que na época em que dava aula na roça, eu criei um jornalzinho da escola, pedia para cada aluno escrever alguma coisa e montávamos esse jornal; também fazíamos fantoches, os meninos gostavam e os pais também, eles gostavam de participar das atividades e iam a tudo o que marcávamos na escola.



 



Jornal do Sudoeste: Sobre o que se trata seu último livro?
Laura Paim: “Inspirações”, meu último livro, é de autoajuda, é sua segunda edição. A minha intenção é que ele sirva para as pessoas, às vezes até mesmo para elas subirem na vida, para ter uma vida melhor que muitas vezes é sacrificada. São pensamentos sobre religião, família, amor e outros. Inicialmente ele foi pensado para ser feito de bolso, mas fui juntando tantos pensamentos que acabou virando um livro maior.



 



Jornal do Sudoeste: Como foi ser escolhida como Mãe do Ano pela APC?
Laura Paim: A homenagem feita pela Academia Paraisense de Cultura foi uma surpresa muito grande, eu não estava esperando. Quando cheguei lá, fiquei sentada e de repente, já estavam prestando essa homenagem a mim. Fui uma satisfação muito grande.



 



Jornal do Sudoeste: Uma vida toda dedicada à educação, qual o balanço que a senhora faz dessa trajetória?
Laura Paim: Antes de me aposentar, cheguei lecionar cinco anos no Clóvis Salgado e em todos os lugares por onde passei, eu saí bem com todos e sempre fui uma pessoa preocupada com o bem do próximo e sempre fiz o que servisse para o próximo. Em casa, como filha ajudei muito o papai e a mamãe. Fui muito dedica em tudo o que fazia, nunca fiz esperando um retorno.