OPINIÃO - Mariano Bícego

A operação Lava-Jato não seria o que é hoje sem informações dos delatores.

Por: Mariano Bícego | Categoria: Cidades | 29-05-2017 14:05 | 1091
Foto: Reprodução

Elas produziram provas contundentes que levaram a prisões incontestáveis, como as de Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e José Dirceu, entre tantos outros.
O saldo é, sem dúvida, vantajoso para a sociedade.
Parte do sucesso das delações se dá em razão de uma mudança significativa na lei. Por determinação do STF, em julgamento recente feito pelo conjunto de seus ministros, réus condenados em segunda instância devem passar a cumprir pena imediatamente, salvo em situações de baixa periculosidade para a segurança de vítimas ou de investigações.
A mudança na lei reduziu a sensação de impunidade e estimulou novas colaborações. Sem ter mais a oportunidade de adiar a pena até que o crime prescrevesse, os delatores se deram conta de que ou colaboravam ou enfrentavam uma perspectiva real de ir para a cadeia. É, portanto, também, fundamental para o sucesso da Lava-Jato. Em menos de 24 horas, o ministro Gilmar Mendes, do STF, atacou tanto as delações quanto o cumprimento da pena em segunda instância - que, registre-se, ajudou a aprovar. 
Mendes quer submeter o acordo de Joesley Batista, da JBS, já homologado por Edson Fachin, ao plenário do Supremo. Se isso ocorrer, criará um ambiente de insegurança e desestímulo para futuras colaborações. Também passou a defender a revisão da regra para o cumprimento de penas, contrariando sua própria posição em duas votações anteriores, em fevereiro e outubro do ano passado. Ou seja, há apenas sete meses.
O que mudou de lá para cá?
Mais importante ainda, o que causou esta mudança?
Rixa com  a Procuradoria Geral da República e seu titular?
Vaidade pessoal?
Por menos que se espere tamanha fragilidade de um ministro do Supremo, tomara que seja.
Algo mais seria terrível de se imaginar.
Por mais que os donos da JBS tenham se beneficiado do acordo de delação, o que colocaram à mesa foi muito mais valioso do que a mais nobre picanha maturada.
Descobrir o que se conversa à boca-miúda após as 22:horas nos obscuros aposentos do Palácio do Planalto não tem preço. 
mabicego@hotmail.com