No final da década de 1950, a revista Alterosa, de Belo Horizonte, alcançava grande sucesso de distribuição no Estado de Minas, focalizando aspectos gerais da sociedade, eventos esportivos, literários e culturais. Nesse periódico havia uma coluna específica para divulgar as principais notícias do rádio e de televisão, que estava iniciando naqueles anos. Em seu número 261, publicado em 1 de julho de 1957, foi noticiado que a jovem cantora Maria Odete Yanuzzi estava fazendo grande sucesso nos emocionantes programas de auditório da Rádio Difusora Paraisense, de São Sebastião de Paraíso, no Sul de Minas. Fundada em 1940, a partir da iniciativa do empresário e fazendeiro Antônio Theodoro Pimenta, sob a direção de José Soares Amaral, essa emissora, que funcionava com o prefixo ZYA-4, foi palco de formação de vários artistas, locutores e jornalistas, que se projetaram no cenário nacional.
Filha do conhecido cabelereiro, professor de música e compositor Paschoal Yanuzzi, cujo nome está na história artística e cultural da cidade, Maria Odete Yanuzzi cantava música popular brasileira com muita classe e elegância e sua voz suave estava conquistando numerosos fãs em toda a região. No mesmo quadro de divulgação do sucesso da cantora paraisense, foi também noticiado que a cantora Ângela Maria, depois de trabalhar cinco anos da Rádio Mairinque de São Paulo, estava prestes a assinar um contrato com a Rádio Tupi. Naquele momento, estava sendo inaugurada a emissora de televisão associada ao grupo de comunicação da referida rádio. A "TV Rio" estava lançando um novo programa, às segundas-feiras, com o sugestivo nome de "Noite de Gala", prometendo reunir o melhor elenco de cantores do Brasil, entre as quais a inconfundível voz de Elizete Cardoso, entre outros astros.
Foi publicado ainda que Cauby Peixoto havia retornado dos Estados Unidos, anunciando uma turnê de apresentações, de alguns meses no Brasil, mas prevendo seu breve retorno para o mesmo país, para cumprir contratos de trabalho. Havia grande expectativa para o retorno de Cauby ao programa de maior sucesso daqueles anos, apresentado pelo cantor e radialista César de Alencar. Um dos nomes mais conhecidos da antiga rádio Nacional, do Rio de Janeiro, em cujo programa foram lançadas estrelas como Emilinha Borba e Marlene.
No mesmo contexto artístico nacional, dois anos antes, em 1955, as Irmãs Galvão tinham acabado de gravar, o primeiro disco da carreira, de 78 rotações, com a música "Carinha de Anjo", o sucesso há mais de 60 anos, letra do brilhante poeta e advogado cassiense radicado em São Sebastião do Paraíso, Fábio Matias Mirhib, e música do maestro Paschoal Yanuzzi. Quando a referida dupla estava no início da longa carreira de sucesso, meados da década de 50, permaneceu alguns dias em Paraíso, cantando em comícios de uma campanha política para prefeito. Fábio Mirhib trabalhava então como gerente da Rádio Difusora Paraisense, quando escreveu a famosa letra que entraria para a história da música brasileira.