Piastri mostrou na Bélgica por que é o principal candidato ao título da F1
Oscar Piastri colocou Lando Norris no bolso no seco e no molhado em Spa-Francorchamps. Houve controvérsia na longa espera no domingo até que a chuva passasse para a corrida começar

O diretor de prova da F1 foi cauteloso ao esperar o melhor momento para autorizar a largada do GP da Bélgica no último domingo. Depois de longa espera de 80 minutos, os carros partiram para as 40 voltas finais da corrida. As cinco primeiras foram completadas atrás do carro de segurança por conta do volume de água na pista. A chuva que já era prevista ficou no vai e vem desde as primeiras horas do dia e pouco antes da largada encharcou o asfalto que começava a secar quando os carros estavam alinhados no grid.
Houve muita controvérsia sobre a decisão do diretor de
prova. Max Verstappen e Lewis Hamilton, que tinham seus carros configurados
para as condições de chuva, reclamaram que a espera por melhores condições
tinha sido exagerada. O holandês foi mais enfático ao dizer que a corrida
deveria ter largado no horário programado, às 15h local, “se não der pra
enxergar (por causa do spray de água), você pode levantar o pé (do acelerador)
que em algum momento você verá”. Calma. Não é por aí, e tal declaração de um
piloto do calibre de Max Verstappen me surpreende já que a questão era a segurança
de todos, e o Circuito de Spa-Francorchamps é um dos fabulosos e ao mesmo tempo
um dos mais perigosos da F1. Principalmente no primeiro setor que compreende as
rápidas curvas Eau Rouge e Raidillon,
até a freada para a Les Combes, no topo da colina. Outros como George
Russell e Pierre Gasly fizeram questão de frisar o risco de um acidente grave
que poderia trazer sérias consequências por causa da baixa visibilidade.
O problema dos carros atuais da F1 em pista molhada não é
questão de pneus. Os pneus de chuva extrema (hoje praticamente inútil porque
raramente são usados), tem ótima aderência e cumpriria seu papel não fosse o
spray de água levantado pelos carros. O verdadeiro problema está na
configuração aerodinâmica dos carros que foram projetados para jogar o ar que
passa debaixo do assoalho para cima, para reduzir o grau de dificuldade do
carro que vem atrás em ultrapassar o da frente. Porém, quando chove, as
ranhuras do assoalho, que canalizam o ar, formam uma enorme cortina de água que
torna-se praticamente impossível para quem vem atrás enxergar. Esse é o motivo
pelo qual frequentemente a F1 para e espera até que as condições melhorem para
correr na chuva usando apenas os pneus intermediários.
Dito isto, Oscar Piastri venceu o GP da Bélgica com uma bela
ultrapassagem sobre o pole position, Lando Norris, na primeira volta e não foi
mais incomodado, nem quando a pista secou e ele tinha os pneus médios, menos
duráveis que os de composto duro de Norris. Foi a 8ª vitória do australiano, a
6ª do ano, e agora ele está 16 pontos à frente do companheiro de McLaren, Lando
Norris (266 a 250). Charles Leclerc levou a Ferrari em 3º, à frente de Max
Verstappen que terminou em 4º. Lewis Hamilton foi eleito o “Piloto do Dia” ao
escalar 11 posições, de 18º para 7º, e Gabriel Bortoleto pontuou pela segunda
vez na F1 ao terminar em 9º.
No sábado, com pista seca, Verstappen venceu a corrida
Sprint à frente de Piastri e de Norris.
A F1 faz neste final de semana a última corrida antes das
férias do verão europeu, com o GP da Hungria que completa 40 edições desde que
a categoria rompeu a Cortina de Ferro e se apresentou pela primeira vez no
Leste Europeu, em 1986, e seu Grande Prêmio ganhou raízes e permanece
ininterrupto até hoje. Houve grande reforma nas instalações do Circuito de
Hungaroring com novos boxes, paddock, sala de imprensa e arquibancada
principal. Lewis Hamilton é o recordista de vitórias e poles na Hungria (8 e 9
respectivamente) e a McLaren pode ampliar seu recorde de 12 vitórias entre as
equipes neste circuito. Na Bélgica a McLaren obteve a 6ª dobradinha do ano, a
maior sequência em uma temporada desde 1988, quando Senna e Prost fizeram 10
dobradinhas.